Home / Opinião

OPINIÃO

Casa das Relíquias – parte 7

Notem os prováveis leitores que nem a pandemia letal com aproximados 600 mil mortos, sem o respeito do chefe da nação; nem sua ‘corrupção’ pública e notória, levando-o ao isolamento como a mais severa pena da
Moral; nem o sofrimento irreversível da querida Chica, em cama de hospital, querendo-me abraçar, sem a mínima condição, revelando o mais triste e comovente dos amores, o enigmático “amor calado”; me impedem continuar aqui no meu refúgio espiritual, gestando e parindo a sétima
parte de minha estimada Casa das Relíquias, provável opúsculo ou folheto, a contar um pouco das minhas ousadas produções no mundo das letras, sonhando ser escritor; mais um tanto no sagrado ofício pretendendo
conciliar arte-ciência, segundo a musa Clio, querendo ser historiador; enfim, mais algumas conquistas alcançadas pelo trabalho árduo, enobrecendo minha dignidade, por certo sem as manhas da bajulação mesquinha, podendo, portanto, se inserir no privilegiado sodalício da Casa das Relíquias.

Entre as relíquias, reafirmo a Biblioteca nomeando meus pais sertanejos, de quem venho pela dignidade e sabedoria matuta. Ela e eles são a maior
lembrança da Casa das Relíquias, me dando chance de ver ou classificar os livros por assunto. Os sobre negros, aproximados quatrocentos, nos estudos sobretudo de combate ao racismo. Os de História, inúmeros, de diferentes formas de experiências e saberes, enaltecendo a musa da ciência Clio. Os de autores goianos, de nascimento ou opção, mais de mil e quinhentos,
dignificando a arte literária e científica do Estado. Os não sei quantos, também imprescindíveis: de Arte, Teatro, Poesia, Biografia, Ecologia, Folclore, Português, Turismo, Jornalismo, Economia, Química, Física, Política, Antropologia, Moral e Cívica, Sociologia, Psicologia, Filosofia, Geografia, Enciclopédia, Literatura, Mato Grosso, Bahia, Infantil, Direito, Religião, Medicina, Saúde, Escritor, Ética, Moral, Coleção, Mineirense, dentre outros, os do escriba, somando aproximados sete mil volumes, lidos
sistematicamente pequena porcentagem.

O papel ou função inapagável exercido pelos livros, não importa se de primeira ou segunda classe (que os há, sem conta, sem omitir os “só da hora” e ‘parentela’), já foi amplamente reconhecido pelas mais ilustres
personalidades da Ciência e da Literatura mundo afora. Penso que os da Biblioteca que lembra meus pais, razão básica da ‘Casa das Relíquias’, tem e exibem ditos papeis, bem como tudo o que sonho e proponho deixar para a
posteridade; notando-se que não é somente filhos, netos, bisnetos, trinetos etc., cá do ´mais íntimo dos amores. Shakespeare que o confirme, na conhecida frase colhida em Hamlet, já transcrita numa dessas “escrituras” de Casa das Relíquias, onde a mais misteriosa e empática delas (vigoroso anjo da guarda da Casa), é a mística porçãozinha de Terra d’acolá onde Jesus Cristo teria nascido, decerto em Belém, ora na Palestina após diligentes “deambulações” por diversas diásporas, segundo dizem
polêmicas interpretações, até de Escrituras Sagradas, doação inesquecível de Dom Eric James Deitchman, padre de minha estima, saudosa memória.

Para encerrar, sempre admitindo que tudo está começando, inclusive a deliberação de ser testemunho do meu tempo, peço aos exigentes leitores que vejam como a mais verdadeira função dos livros o texto escrito pelo
pensador inglês Carlyle (1795-1882), em “Os Herois e o Culto dos Herois”:

“Tudo o que a humanidade tem sido, feito, pensado ou lucrado encontra-se como que magicamente preservado nas páginas dos livros.”

Leia também:

edição
do dia

Capa do dia

últimas
notícias

+ notícias