A belle époque
Redação DM
Publicado em 3 de agosto de 2021 às 12:31 | Atualizado há 4 anos
No período compreendido entre 1870 e 1914, a França tornou-se o centro da cultura mundial. Acontecimentos como os desenvolvimentos técnico-científicos, aliados às descobertas da medicina higienista do cientista Louis Pasteur e os avanços do setor industrial, sinalizaram que os ares da modernidade chegavam à terra do grande escritor Vitor Hugo. A modernidade, alicerçada na racionalidade, possibilitou a produção, em larga escala, dos bens de consumo.
Em um ambiente como esse, repleto de entusiasmo e euforia na crença de que o futuro será sempre melhor do que o passado, encontrava-se a bela capital Paris. “Paris é uma Festa”, como bem relata o livro sobre a efervescência cultural da cidade luz daqueles tempos. A autoria é do grande escritor norte-americano, laureado como Prêmio Nobel de Literatura, que viveu na cidade luz daqueles tempos: Ernest Hemingway.
A Paris festiva atraiu inúmeros intelectuais para nela viver, que juntos desfrutaram da cultura do entretenimento expressa nos cabarés, nas músicas do cancã ou de artes mais nobres como o cinema, o teatro ou a produção de algo muito valioso que se tornou um legado desse período, conhecido mundo afora como o da “Belle Époque”: a literatura.
A Belle Époque liquidou de vez com a elite retrógrada dos grandes proprietários de terras e imóveis para criar uma elite moderna composta de tecnocratas e das classes urbanas.
Quem viveu naquela Paris de 1870 a 1914 pôde desfrutar de inúmeros eventos impregnados da nova ideologia modernizante, como foi a exposição universal realizada em 1900, esta repleta de amostras tecnológicas e culturais.
A dimensão cultural da Belle Époque se expressou a partir dos inúmeros artistas e escritores oriundos de todas da parte do mundo que, juntos, formaram uma tribo pensante na cidade onde nasceu Voltaire e em diferentes partes do planeta.
Pertenciam a essa tribo o escritor norte-americano Scotch Fitzgerald (autor de “O Grande Gatsby”), o já citado Ernest Hemingway (autor de “Por quem os Sinos Dobram?”) e o irlandês Oscar Wilde (autor de “O Retrato de Dorian Gray”).
No campo científico, vale destacar como representantes da Belle Époque o brasileiro Albert Santos Dumont; e o genial físico Albert Einstein.
Na pintura, o movimento da Belle Époque tem como representantes os pintores do quilate do norueguês Edward Mancha (autor de “o Grito”), o francês Henri Touluose-Lautrec (autor de “Moulin-Rouge”) e o surrealista catalão Salvador Dalí (autor da pintura “O Grande Masturbador”).
Quem se interessar em conhecer o glamour da Belle Époque vai aqui uma dica: procure assistir ao filme “Meia-Noite em Paris”, do talentoso cineasta Woody Allen. Nele o jornalista Gil Pender conhece um grupo de grandes nomes da literatura que o leva a uma viagem ao passado, precisamente, aos tempos da Belle Époque. Inserido naquele ambiente repleto de gente talentosa por todos os lados, Gil se entendia com o mundo burocrático que o mantinha preso a um ambiente desprovido de algo fundamental que todo ser humano almeja: a capacidade de sonhar. Na Belle Époque, o céu era o limite para toda aquela gente talentosa que fazia do exercício da imaginação um instrumento criador das artes e das ciências.
Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas e mestre em Ciências pela Unicamp