A Campanha da Fraternidade
Redação DM
Publicado em 28 de fevereiro de 2016 às 23:58 | Atualizado há 9 anos
Ao longo de vários anos acompanho a Campanha da Fraternidade, que sempre se destaca com o objetivo de mobilizar a sociedade em prol de ações positivas que contribuam com a justiça social, redução das desigualdades, melhoria da qualidade de vida da população e desenvolvimento do Brasil.
Esse ano me chamou muito atenção a abordagem e preocupação com o tema “Casa comum, nossa responsabilidade”, em que será destacado o saneamento básico como uma necessidade para a sociedade, com ênfase em um direito humano vital e fundamental, que requer união e esforços entre sociedade civil e poder público.
Fico mais feliz ainda pela formatação ecumênica em busca de um bem comum, envolvendo organizações e pessoas de várias religiões, independente da fé que professam, pois é um tema que é do interesse de todos.
O abastecimento de água potável, o esgoto sanitário, a limpeza urbana, o manejo de resíduos sólidos, o controle de meios transmissores de doenças e a drenagem de águas pluviais são medidas necessárias para que todas as pessoas possam ter saúde, dignidade e qualidade de vida.
Ações como estas contribuem com a saúde da população, redução no número de mortes e internações.
Diante do grande surto de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti e do caos na saúde pública brasileira, o tema é oportuno para a nossa reflexão, reivindicação e mudança de hábitos.
Investimento em saneamento básico deve ser encarado como uma prioridade.
Somos a sétima economia mundial, mas ainda nos deparamos com mais de 100 milhões de pessoas que ainda não possuem coleta de esgotos. O Brasil está entre os 20 países do mundo nos quais as pessoas têm menos acesso aos banheiros e apenas 39% dos esgotos são tratados.
Apesar de sermos um país rico hidricamente, sustentamos um alto índice de desperdício de água potável, chegando a 37%.
Como almejar desenvolvimento dessa forma? Que futuro queremos para a nossa cidade, país e planeta? Que ambiente deixaremos de herança para as próximas gerações?
Ainda são grandes os desafios para o planejamento e regulação dos serviços de saneamento.
Muitos municípios ainda não se adequaram às necessidades de planejamento e implementação de ações para melhoria dos serviços de saneamento.
Apenas 31% têm o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que estabelece diretrizes para que o país alcance a universalização dos serviços no setor, segundo a Lei n° 11.445, determinada em 2007.
Esse processo exige regulação, fiscalização, recursos, parceria com o setor empresarial, competência e vontade política.
Todos nós devemos ter responsabilidade e dever de cuidar desse bem precioso, que é a água. Precisamos disseminar essa educação e cultura de economizarmos e a utilizarmos de forma racional.
O tema da Campanha vem chamar atenção para que atuemos de forma comum, com aglutinação de esforços e ações da gestão pública no sentido de investir em infraestrutura, implantar o Plano Municipal de Saneamento Básico, o manejo de resíduos sólidos, garantir a limpeza do espaço público e fazer a coleta seletiva do lixo.
À sociedade cabe a tarefa de não jogar lixo nas ruas, denunciar e zelar pelos espaços coletivos.
Precisamos nos unir nesse propósito, reivindicarmos por qualidade na prestação dos serviços e contribuirmos com a limpeza, não poluindo o meio ambiente.
Essa deve ser a nossa missão e compromisso, que constam no hino deste ano: “Governo e povo trabalhando unidos na construção de uma nova sociedade”.
O mundo se tornará melhor por meio da consciência do coletivismo, com senso de justiça e compromisso de se desenvolver ações em benefício do bem comum, em detrimento dos interesses individuais.
(Paulo Afonso Ferreira.é vice presidente da CNI; presidente do Conselho de Assuntos Legislativos e diretor geral do Instituto Euvaldo Lodi (IEL))