A desmoralização da República precisa de combatentes fortes
Diário da Manhã
Publicado em 18 de novembro de 2017 às 00:11 | Atualizado há 7 anos
Sempre chamada a participar e opinar sobre os momentos mais importantes do País, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sempre foi um dos principais protagonistas do processo democrático brasileiro. As instituições, como um todo, estão em constante evolução, se fortalecendo diante de um crescimento da nação em toda a sua história.
Em seu escopo, a OAB tem enorme responsabilidade social ao lidar com questões pertinentes aos direitos constitucionais e humanos. Como principal ferramenta contra as lacunas do Legislativo e os entraves do Judiciário e Executivo, em prol da sociedade, a Ordem precisa garantir o exercício dessas funções, resguardando as prerrogativas da advocacia.
Nossa Carta Magna, abrangente em prol dos Direitos Humanos, garante, em tese, acesso universal a saúde, educação e bem-estar social. Por outro lado, falta estrutura adequada para oferecer o mínimo do preconizado à população, que encontra, no Judiciário, formas para obter o que lhe é devido. Nesse descompasso entre prática e teoria, os advogados têm também papel protagonista no desenvolvimento social.
Segundo pesquisa Datafolha, realizada em 2015, a OAB é considerada como confiável por 66% do público entrevistado, atrás, apenas, das Forças Armadas quanto à confiabilidade. Enquanto isso, Presidência da República e Congresso Nacional detém 3% e 15% de confiança, respectivamente, uma triste realidade quando pensamos na data simbólica deste 15 de novembro. Os dados demonstram que a comunidade em geral, não restrita aos profissionais do Direito, deposita créditos no papel institucional e independente da entidade, que precisa ser, a todo o tempo, bastante presente na atualidade.
Ao passo em que a nação vive uma crise moral e ética sem precedentes, colocando em xeque todo um legado de república respeitada, temos sentido uma ausência da Ordem em seu papel, que nunca foi de coadjuvante. Em momentos turbulentos, é lembrada por sua postura firme: na luta contra a Ditadura e pelas Diretas Já; ou mesmo por uma república atual e democrática, posicionando-se frente aos assuntos mais relevantes de um passado mais recente.
Em Goiás, não foi diferente. A Seccional goiana carrega uma história de seriedade, força e posicionamento crítico. É preciso se reerguer, dar continuidade ao legado de instituições ressoantes, fortificadas em primeiro lugar pelos interesses da sociedade e pelas lutas em prol da democracia.
A sociedade, aflita e sem esperança, necessita enxergar a luz no fim do túnel. Cabe à OAB a abertura de diálogo com os Três Poderes e estar na linha de frente na luta pela moralização pública. É preciso somar esforços na mudança da situação vigente. No passado, vozes foram silenciadas pela opressão. Hoje, não mais. A Ordem já foi protagonista, e deve continuar se posicionando ao lado dos capítulos positivos de nossa república brasileira.
(Júlio Machado, advogado)