A educação e o deficiente auditivo: um despertar pela aprendizagem
Diário da Manhã
Publicado em 27 de março de 2018 às 23:30 | Atualizado há 7 anos
A importância de mais investimentos na área educacional para crianças e jovens com necessidades especiais – sobretudo os estudantes surdos – tem recebido o clamor daquelas pessoas que lutam, de forma incansável, por melhorias na qualidade do ensino público brasileiro.
Como é de notório conhecimento, faltam melhorias na área educacional para que esses alunos, ávidos por conhecimentos, possam buscar mais espaço, superar obstáculos e agregar valores para que, futuramente, venham a ter êxito profissional. Esses estudantes têm potencial de sobra e precisam conquistar mais espaço em um mundo cada vez mais competitivo.
Além de escolas voltadas para esse público e, por extensão, com melhor amparo didático – com professores especializados –, é preciso também implantar mecanismos suficientes para capacitar e preparar esses estudantes. No Brasil, ao contrário de outros países, a realidade está aquém do esperado.
Outro fator negativo é bullying. Essa nefasta ação de atos de violência física e psicológica, além de causar dor e angústia nos estudantes com necessidades especiais, trazem à tona a desmotivação e, por extensão, o abandono escolar. Muitos alunos deixam de frequentar a escola por conta da discriminação, apesar do trabalho incansável de professores e diretores de escola para motivá-los a continuar os estudos.
Bullying, como se sabe, é uma agressão que precisa ser combatida com mais veemência, não só dentro do âmbito escolar, mas também dentro de casa (sim, irmãos, primos e sobrinhos costumam praticar esse tipo de violência) e no próprio meio social. “É uma das formas de violência que mais cresce no mundo”, afirma Cléo Fante, educadora e autora do livro Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz(224 págs., Ed. Verus, tel. (19) 4009-6868 ).
A especialista, na obra citada alhures, destaca que o bullying pode ocorrer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, vizinhança e locais de trabalho. Com quem tem necessidades especiais, isso é mais visível e tem sido combatido pelos trabalhadores educacionais, mas o problema persiste e cresce a cada dia.
Por lei, o aluno surdo, ao matricular-se numa escola, precisa estar acompanhado por intérprete na sala de aula. Esse profissional terá a missão de fazer a tradução simultânea da aula. Contudo, apesar da imposição legal, nem todas as escolas possuem professores especialistas em Língua Brasileira de Sinais (Libras). O Brasil ainda capenga quanto a investimento nesta área.
O aluno surdo, até pouco tempo, precisava fazer um esforço muito grande para se interagir com os colegas de escola. Hoje, apesar da falta de políticas mais diretas no Brasil por parte dos governantes, tem conquistado apoio de professores e de colegas de escola – aqueles que têm consciência de que a educação é o caminho preponderante para o sucesso na vida.
A especialidade em Libras tem ganhado adeptos, sobretudo dos professores. A luta pela inclusão da linguagem de sinais no currículo já desperta o interesse da sociedade. Agora, apesar desse dessa abertura social, ainda é preciso fazer muito para que o Brasil seja um país que respeita as pessoas deficientes, sobretudo os estudantes.
A tecnologia tem contribuído para ajudar a aliviar algumas dificuldades das pessoas surdas. Normalmente, o deficiente auditivo, apesar de seu esforço próprio, se sente sozinho. Os programas comunitários de inserção são bons incentivos para que elas possam se interagir. E essa interação, principalmente familiar, social e na escola, é eficaz para o desenvolvimento do surdo.
É preciso, além das questões citadas alhures, despertar a consciência na sociedade de que um estudante com necessidades especiais carece, sim, de educação de boa qualidade. Não podemos, jamais, virar as costas para essa questão. Afinal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem mais de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva.
Desse total, cerca de total 2,7 milhões são surdas – as outros apresentam grande dificuldade para ouvir. Nota-se, pelos números, que o Brasil possui um grande número de pessoas que carece de atenção especial. Daí a importância do estudo das Libras visando buscar melhorias para inserção dessas pessoas no cotidiano e no avanço social. O futuro, com certeza, vai agradecer.
(Keily Rubiene, professora e intérprete de Libras)