Opinião

A escola é mestra da vida

Redação DM

Publicado em 19 de março de 2016 às 01:07 | Atualizado há 9 anos

A frase titular é de Cícero, creio maior orador romano, salvou sua pátria por várias vezes, daí esta outra frase também atribuída a ele: “Moriar in pátria soepe servata”– morra eu na pátria que tantas vezes salvei – Segundo a história, ele a pronunciou, quando o então imperador romano, Marco Antonio mandou matá-lo, sob a alegação de conspiração. Este acontecimento, 43 A.C., se confunde com o inicio de nossa era, cristianismo, portanto, milenar, mais de dois milênios. Quando a escola não educa, a contento, a vida pode ensinar mais do que ler, entretanto, para vencer na vida é preciso acumular conhecimento muito mais amplo, pois, a competição por uma vida melhor, mais saudável, torna-se, a cada dia, mais acirrada, se o estudante não acumula conhecimento, mais do que isto, de qualidade, em virtude da competição, baixa produtividade no desempenho da função, não alcança o ideal acalentado, durante a vida escolar.
Em nosso caso, a maioria nem chega aos umbrais da universidade, descrente, com a qualidade do ensino, deixa de estudar no curso secundário, motivo pelo qual, nossa taxa de matrícula no ensino superior não passa de 32%, enquanto, nos países desenvolvidos atinge 76%. Segundo a crítica internacional da revista The Economist, os países, com baixo desempenho educacional no ensino universitário têm uma taxa de desenvolvimento bem mais lenta. Em nosso país, os esforços encetados no começo da abertura democrática, mais precisamente, com a nova constituição, que assegurou obrigatoriamente, maiores recursos financeiros para a educação: 18% de verba federal e 25%, de verbas estaduais e municipais, permitiram instalar escolas em todos os recantos da nação, bem como, a ampliação do quadro de professores, contudo, tamanha expansão, embora alvissareira, inovadora, se processou, apenas em quantidade, a qualidade caminha, até hoje, como tartaruga, demais, marcando passo.
Não se pode negar, a quantidade contribuiu sobejamente para reduzir, sensivelmente, o analfabetismo, espargindo luzes onde havia cegueira no saber, saber incipiente, quando era minguado o número de salas de aulas, porém, tudo ficou por aí, ou seja, contentou-se, apenas, com o aumento de escolas, por isso, a nossa educação está a carecer de um choque de qualidade. Com efeito, para se conseguir elevar a taxa de matrícula no ensino superior, a um nível salutar, superior a 50%, há que se aprimorar o processo de planejamento, controle e avaliação, do ápice da pirâmide administrativa à base, unidade escolar, o Fies tem que ser ampliado e supervisionado, a qualidade de professores, no ensino médio, terá que ser bastante melhorada, para sublimá-la, pode-se instituir o premio eficácia fundamentado na meritocracia.
Para isto, não basta levar os professores, de vez em quando, nos centros de capacitação, a frequência tem que ser ampliada, programada de forma sistemática, e, em curtos períodos, porquanto ali, além de aprimorar os conhecimentos para bom desempenho de sua missão, ele, professor poderá ser contagiado e contagiar os outros mestres, contribuindo, com ideias inovadoras, e também, recebendo contribuições, renovando saber e energia, para aprimorar o ensino didático nas salas de aulas.
Ademais, o quadro de professores é gigante, mais de seis milhões, no seio deles, há os altivos, entusiasmados, otimistas, como em tudo neste mundo, existe o lado bom e o lado ruim, lado certo e lado errado, existe de igual forma, os professores pessimistas, descrentes, a maioria, por culpa do próprio governo, sua assessoria da área educacional, a que contrata, e, quase sempre, esquece de qualificá-los, regularmente. O melhor investimento que a nação pode e deve fazer para promover elevação de renda, bem-estar da sociedade, passa, necessariamente, pela educação. Assim como o voto subserviente-leniente deve ser transformado, pela educação, em voto consciente sapiente, mudança singular de paradigma, afim de torná-lo verdadeiro instrumento de premiação dos bons governantes e, ao mesmo tempo, punição dos ruins, algo parecido deve ser feito no quadro de professores, premiando com bonificações adicionais os professores mais doutos e abnegados, capazes de contagiar, cativar alunos, no exercício do magistério, dissuadindo os descrentes, pessimistas a deixarem à profissão de mestre, prestando serviços em outras áreas do estado.
Além das matérias regulares já consagradas no ensino primário, médio e superior, a sociedade e os pais de alunos têm que propugnar pela introdução de outras disciplinas, como educação de trânsito, muito mais do que ela, educação política, abarcando a antiga moral e civismo, atualmente, na berlinda, entrementes, educação política é bem mais abrangente, na medida em que deve preparar os estudantes para a vida política, seu papel como futuros eleitores e, como candidatos, governantes, governantes comprometidos com a ética na política, compostura, transparência na condução dos negócios públicos, o exercício da política como dever cívico, cavalgando, expulsando a atual orgia pública reinante nos poderes executivo e legislativo, solapando e esganando-a, nos estados e municípios.
O ensino deve ser ministrado por professores doutos, de envergadura, capazes de atrair a atenção do corpo discente, durante toda a aula, que deve ser constituída de teoria e prática. Os debates, normas, regras de conduta, ensaios sobre o processo eleitoral. A educação política deve começar no bê a bá do aluno, a principio elementar, graduando-se consoante o perpassar de um curso para o outro, de sorte que ao receber o diploma de curso superior na profissão que abraçou, receba, de igual forma, outro, de cidadão/cidadã preparados para a vida política do lugar onde mora, participação ativa na vida política, maior virtude pública da democracia, expectador engajado na vida política de sua comunidade: município, estado e país.
A dura realidade no interior demonstra que o aluno, parcela considerável deles, termina o oitavo ano de estudos (primário e primeiro ciclo) sem saber escrever direito, grau de leitura abaixo do sofrível. Os professores ganham mal, creio que, por isso, não têm condições de se dedicarem de corpo e alma ao magistério, não obstante, muitos, mesmo assim, dedicam. Os cursos de capacitação são poucos, e, muitas vezes, não conseguem motivá-los para o exercício da mais nobre das profissões, a arte de preparar a infância, juventude para o amanhã. O mundo vive a era da transitoriedade, onde, as coisas acontecem num piscar e fechar de olhos, tal qual, escreveu Alvim Toffler, quando se refere à cabana eletrônica, como elo nesse processo relâmpago de mudanças.
Nesta onda de inovações, progresso, o professor tem que ser espelho, exemplo inspirador para o corpo discente, enquanto a sociedade contribuinte, nela os pais, precisa fazer o papel de sentinela avançada, estar de forma permanente, vigilante, atenta ao que se passa no estabelecimento de ensino de seu bairro, comunidade, criando, ou fazendo funcionar mais intensamente, a ponte de dupla mão, escola-família família-escola, onde o aluno deve ocupar papel transcendental no seu melhor desempenho. A arte de educar constitui a mais nobre das missões, quando o professor torna a escola, realmente, mestra da vida, consoante frase milenar de Cícero, maior tribuno, orador de seu tempo. No cumprimento desta sublime missão, ele deve vedar, peremptoriamente, as salas de aulas a todos aqueles que, ao arrepio da lei, tentam doutrinar seus alunos, com ideologias, seja de extrema esquerda, seja de extrema direita, assim como, a prevalência dos meios, senso comum tem sido, ao longo da história, a causa da salvação da humanidade, os extremos têm sido a causa de sua dilaceração, senão atente professor, para o que fez Stalin, na extinta União Soviética, o que, de igual forma, fez Hitler, na Alemanha Nazista.

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)

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