A Família

Por iniciativa especial do ex-Presidente da República, João Goulart, através de legislação datada de 1963, o dia 8 de dezembro foi considerado “Dia Nacional da Família”. Muito significativa a escolha desta data, porquanto o dia 26 deste mesmo mês é consagrado à Sagrada Família; efemérides que têm como intermediária o Natal de Cristo.

A primeira referência sobre a FAMÍLIA é feita em Gênesis, Cap. 1, Vrs. 26 a 29, quando no sexto dia da criação, o G.:. A.:. D.:. U.:. Colocou no mundo o homem e a mulher, abençoando-se e dizendo-lhes: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a”. Mais adiante, no Cap. 10, referindo-se aos descendentes dos filhos de Noé, o versículo 5 diz: “Estes repartiram entre si as ilhas das nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas FAMÍLIAS, em suas nações”. Em Êxodo, 12.21, também está escrito: “Chamou, pois, Moisés a todos os anciãos de Israel, e lhes disse – Escolhei e tomai cordeiros segundo as vossas FAMÍLIAS, e imolai à Páscoa”.

A Maçonaria tem a FAMÍLIA como um dos seus Símbolos, proclamando na Definição de Princípios, dentre os postulados: “Amar a Deus, à Pátria, à FAMÍLIA e à Humanidade”. E os ensinamentos maçônicos desde seus primeiros descortinos, preservam a supremacia da FAMÍLIA, evidenciando sua importância na manutenção da paz social. Com muita convicção os Rituais Maçônicos prescrevem como dever do Maçom: “Conservar-se sempre como cidadão digno e prestante, obediente às leis do país e amante da FAMÍLIA, em cujo seio será exemplo de honestidade e honra”. Outros documentos enfatizam o reconhecimento da Ordem para com a FAMÍLIA, notadamente nos Rituais de Reconhecimento Conjugal, Bodas e outros que a enaltecem com muito respeito e consideração.

A FAMÍLIA é a fase da sociedade, o complemento de nós próprios, a escola disseminadora e executora das virtudes, onde se cultua o mais sublime dos sentimentos: o amor conjugal. Este é que faz sólida e indestrutível a união do casal, gerando assim, uma união indissolúvel e perpetuando o sacramento instituído pelo G.:. A.:. D.:. U.:. e consolidado pela Igreja. Daí, ser muito expressiva e declaração que os noivos fazem um ao outro quando se unem: “Eu,… te recebo… como… e prometo ser-te fiel na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-te e respeitando-te todos os dias de minha vida”. É um juramento solene e consciente prestado reciprocamente, na presença de Deus e da comunidade.

No mundo globalizado em que vivemos, quando a Internet, a economia, as epidemias, o caos, os compromissos sociais e tantos outros problemas consomem violentamente nosso tempo, é preciso repensar a FAMÍLIA. As transformações que ocorrem no mundo são extremamente rápidas e estão a exigir posições inteligentes dos pais, evitando sérias consequências na educação dos filhos. Vê-se que os veículos de comunicação de massa estão ocupando o lugar do educador, notadamente a televisão, que vem incutindo na cabeça e no coração da população infanto-juvenil, influências que se chocam com os valores éticos, morais e outros vivenciados no próprio lar.

É preciso reagir contra a pressão externa do consumismo, da agressão aos direitos inalienáveis da pessoa e de tudo que compromete a qualidade de vida de todos nós. Urge fazer com que realmente a FAMÍLIA seja o santuário da vida, repelindo com veemência o egoísmo, a violência, a injustiça social, a corrupção e inúmeros males que causam resultados altamente negativos na convivência dos casais, e destes com seus filhos. O equilíbrio, o zelo, o diálogo, a espiritualidade e o amor são alguns fatores interessantes na promoção do bem-estar familiar.

A FAMÍLIA é o ponto de encontro, é referência, é solidariedade, é integração, e comunhão e verdadeira escola onde se consolidam os ensinamentos para a vida. Daí ser preciso observar algumas falhas porventura cometidas sempre pelos pais, tais como: liberdade excessiva, desencontro no que é fato e o que é vivido, falta de tempo para com a FAMÍLIA, dificuldade em estabelecer limites, falta de disponibilidade para acompanhar os filhos nas suas ações diárias, isolamento em casa e demasiado nervosismo.

Os pais precisam reconhecer que o bom exemplo é fundamental na formação dos filhos. Apesar das dificuldades, do cansaço e de outros problemas enfrentados no seio da FAMÍLIA, é preciso entender que este é, ainda, a salvação dentro do mundo de desamor, concorrência, agressividade e onde impera a superação do ter pelo ser.

É sempre oportuno refletir e vivenciarmos as belezas que existem dentro da FAMÍLIA, buscando enaltecer tudo de valioso que existe em todo seu contexto.

(Anibal Silva, jornalista, maçom, historiador, articulista, associado à Associação Goiana de Letras, Associação Cesarina de Letras e membro da editoria do Jornal da Cultura Goiana)