A farra dos auxílios
Diário da Manhã
Publicado em 5 de março de 2018 às 22:36 | Atualizado há 7 anosOs homens, e para ser politicamente correto, as mulheres, se engrandecem e fazem crescer uma nação, quando são capazes de lutar pelo respeito aos direitos individuais e coletivos dos cidadãos.Uma nação trilha o caminho da cadência quando os privilégios são defendidos com muito mais voracidade do que se defende os direitos. Esta briga dos magistrados federais e do Ministério Público Federal – este tirando a castanha com a pata do gato – pelo pagamento do auxílio-moradia, mostra o quanto andam degeneradas as nossas instituições. Lutar pelo privilégio do auxílio, que não é um direito como querem fazer crer, é demonstrar descompromisso com o país e com as instituições a que servem. É desrespeitar a missão que, pelos cargos que ocupam, devem cumprir. O auxílio é simplesmente uma forma de burlar a lei, permitindo que estes senhores e senhoras, recebam acima do teto salarial. Cada um tem o direito de ganhar o quanto imagina valer, mas que vá procurar esta remuneração na luta diária da iniciativa privada. Serviço público não é para fazer cidadãos ricos. Serviço público tem o ônus do servir, claro que com uma remuneração digna. E a dignidade da remuneração passa, necessariamente, pela sua legalidade ou, se preferirem, moralidade. Esta briga pelo irregular, que pode levar até a uma inconcebível greve de juízes, só apequena a Justiça, já tão desacreditada no país. Transformam em vilões quem tem a missão de fazer aplicar e respeitar a lei. O Brasil não precisava de mais uma crise desta magnitude. Os seus servidores mais qualificados não têm o direito de empurrar para a lama uma instituição que, pelo esforço de alguns, começava a readquirir a respeitabilidade, indispensável a quem tem o dever de promover a Justiça. Aos que insistem em destruir a Justiça brasileira, uma sugestão: querem ficar ricos, muito ricos? Ganhar o que acham que valem? Simples. Montem uma banca e vão advogar, correr os riscos dos que não se agarram às tetas do Estado. Tem muito corrupto aí, disposto a remunerar bem quem os defendam com a competência que os senhores e senhoras, claro, julgam ter.
(Paulo César de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e jornal Tudo BH)