Opinião

A fórmula da paz

Redação DM

Publicado em 15 de outubro de 2015 às 23:09 | Atualizado há 10 anos

A formação de uma nação pacífica passa pela disseminação de valores humanos intrínsecos.

Se queres colher a curto prazo, plante cereais, se queres colher a longo prazo plante árvores frutíferas, mas se queres colher para sempre, treine e eduque o ser humano.

A sociedade humana atual está totalmente estruturada num padrão tido como inquestionável, que é a dúvida. Tudo nas relações humanas é alicerçado no poder destrutivo da dúvida.

O normal é duvidar e desconfiar de tudo e de todos. A dúvida corrói, destrói e demole qualquer declaração ou afirmação. Portanto, quando duas pessoas entram em combinação ambos ficam duvidando da palavra alheia e desconfiando mutuamente um do outro, porque lhes foi dito desde criança que não devem confiar em ninguém. Dessa forma o homem que tem palavra e cumpre seus juramentos é visto como um ser estranho num ambiente cheio de pessoas que desconfiam.

John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.

Ele estruturou uma nova filosofia para dar consistência à cultura da dúvida.

Locke rejeitava a doutrina das ideias inatas e afirmava que todas as nossas ideias tinham origem no que era percebido pelos sentidos. A filosofia da mente de Locke é frequentemente citada como a origem das concepções modernas de identidade e do “Eu”. O conceito de identidade pessoal, seus conceitos e questionamentos figuraram com destaque na obra de filósofos posteriores, como David Hume, Jean-Jacques Rousseau e Kant. Locke foi o primeiro a definir o “si mesmo” através de uma continuidade de consciência. Ele postulou que a mente era uma lousa em branco. Em oposição ao Cartesianismo, ele sustentou que nascemos sem ideias inatas, e que o conhecimento é determinado apenas pela experiência derivada da percepção sensorial.

Locke escreveu o Ensaio Acerca do Entendimento Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza do conhecimento. Suas ideias ajudaram a derrubar o absolutismo na Inglaterra. Locke dizia que todos os homens, ao nascer, tinham direitos naturais – direito à vida, à liberdade e à propriedade. Para garantir esses direitos naturais, os homens haviam criado governos. Se esses governos, contudo, não respeitassem a vida, a liberdade e a propriedade, o povo tinha o direito de se revoltar contra eles. As pessoas podiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a aceitar suas decisões.

Basicamente ele fundamentou e justificou a cultura da desconfiança e da dúvida socialmente.

Essa cultura da dúvida existe por força de pessoas egoístas e oportunistas que querem tirar vantagem, colher o que não plantaram, tomar à força ou por astúcia o que não produziram e viver uma vida que não podem sustentar.

A solução é bem mais simples do que parece: basta os ministérios da educação de todos os países do mundo implementarem algumas novas disciplinas na grade curricular para ensinar as crianças o que realmente importa para uma vida satisfatória quando forem adultos e eliminar algumas matérias que não são absolutamente necessárias para a vida diária no futuro.

Resumindo a carga de conteúdo programático de matérias como matemática, química, física e artes já sobra espaço para a introdução de algumas matérias realmente práticas para formar uma nação cheia de cidadãos honestos no futuro.

Uma das matérias mais importantes a ser introduzidas é: “ciências emocionais”, para ensinar as crianças a pensar em termos psicológicos e emocionais sobre si mesmas em relação ao seu lugar na sociedade, com dinâmicas de grupo, peças teatrais, muita teoria, meditação e avaliações de autodomínio diante das mais variadas situações de pressão emocional e social, mostrando às crianças que não é saudável ser egoísta, nem para a própria criança em si e nem para as outras crianças ao seu redor, pois se essa criança prejudicar alguém esse alguém vai exigir justiça e tanto a sociedade passa a ser prejudicada quanto a própria criança astuta que quis tirar vantagem mediante seu egoísmo também sofrerá prejuízo, por conta de sofrer uma punição pelo oportunismo que praticou.

Ensinando as crianças a eliminarem o egoísmo na disciplina “ciências emocionais’ já é possível criar uma sociedade mais justa no futuro, com índices de criminalidade quase zero, com menos investimento em segurança pública e até mesmo com menos investimentos na área da saúde, porque uma sociedade repleta de pessoas boas terá menos stress, menos tensão emocional, menos AVC, menos ataques cardíacos, menos úlceras e gastrites e a redução de problemas de saúde dos mais diversos oriundos de desequilíbrios emocionais exacerbados não resolvidos nos adultos.

A disciplina “ciências emocionais” também poderia ser trabalhada nas crianças no sentido de implantar o altruísmo nos inocentes para que aprendam a ajudar e compartilhar o que têm com os outros que têm menos, porque assim a sociedade da próxima geração, 20 ou 30 anos depois, estará preparada para se ajudar mutuamente, causando uma circulação financeira naturalmente mais pujante, pois, numa nação onde todos têm dinheiro a circulação de mercadorias aumenta, a produção industrial aumenta, o comércio e a prestação de serviços se profissionaliza e cria robustez, privilegiando o comércio local, comprando na padaria da esquina, levando seus veículos na borracharia do bairro, comendo no restaurante da comunidade e, enfim, consumindo sempre que possível a produção local, evitando comprar das multinacionais, na medida do possível.

Uma sociedade com níveis financeiros e um preparo emocional bem trabalhado terá menos problemas sociais.

Outra matéria que deve ser implementada na grade curricular dos ministérios da educação de todos os países para preparar as crianças para uma vida satisfatória quando adultos, com qualidade de vida e felicidade coletiva é a matéria “ciências financeiras”. Sem pregar ideologias econômicas diversas, como o capitalismo, o neoliberalismo, o comunismo e outras, as crianças precisam aprender o que é uma Bolsa de Valores, como funcionam os bancos centrais, o que é taxa de juros, índices econômicos, equipe econômica governamental, ministro da economia e as leis da oferta e da procura para o estabelecimento de preços com dinâmicas de grupo, ensinamento de legislação trabalhista, fiscal, contabilidade e o estabelecimento de empresas, fazendo um intercâmbio de multidisciplinaridades em diálogo com a matemática e outras áreas de conhecimento que incidam na economia mundial. Crianças ensinadas dessa forma se tornarão empreendedores no futuro e a normalização e harmonização de uma sociedade preparada confirmará a eficácia prática da implantação da disciplina “ciências sociais”.

E o principal: todos os países do mundo deveriam copiar o exemplo da nação de Israel, em cuja constituição nacional que vigorou entre eles durante 1.600 anos tinha uma lei que obrigava todos os cidadãos residentes em seu território a amar o próximo, sendo puníveis proporcionalmente os crimes onde o transgressor não tivesse demonstrado amor ao próximo.

Em Levítico 19:18 está a cláusula dessa lei, onde diz: “Não deves tomar vingança nem ter ressentimento contra os filhos do teu povo; e tens de amar o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou Jeová.”

Com essas simples mudanças se forma o alicerce de uma sociedade justa e pacífica em questão de apenas 20 ou 30 anos.

 

(André Luís Neto da Silva Menezes, pseudônimo: Tiranossaurus Rex – publicitário, inventor, filósofo, músico, integrante da Royal Society Group, membro da Confederação Brasileira de Letras e Artes e vice-presidente da Associação Canedense de Imprensa – advertisingpropaganda@gmail.com)

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