A importância de saber ouvir
Diário da Manhã
Publicado em 11 de julho de 2017 às 00:40 | Atualizado há 8 anos
Nesta semana, 14 de julho, comemora-se o Dia da Liberdade de Pensamento. Importante, sem dúvida; mas tão importante quanto a manifestação do pensamento é o saber ouvir. Afinal, quem fala ou escreve o faz para quem ouve ou lê.
Praticamente todo o mundo se preocupa em saber falar, em falar bem. Existem cursos os mais diversos sobre a expressão oral, pois o interesse é muito grande. E ninguém discute que é de fato muito importante o saber falar.
Entretanto, muito pouca gente percebe que é também importantíssimo saber ouvir. Trata-se de uma aptidão que, se for bem cultivada, traz muitas vantagens para quem a possui. Em primeiro lugar, saber ouvir é um traço de simpatia pessoal. É uma mostra de carinho e consideração. Quem não gosta de conversar com alguém que ouve com atenção, paciência e respeito o que temos a dizer?
Saber ouvir é muito mais do que ficar de boca fechada e olhando para quem fala. Nossa atenção pode estar completamente ausente, e é comum que as pessoas percebam isso. Não estamos dando a mínima importância ao que nos é dito.
Outras vezes, a atenção está presente pelas metades. Ouvimos com pressa, ansiosos para que a pessoa nos dê logo uma chance de dizer isto ou aquilo… Neste último caso, é comum chegarmos a interromper a outra pessoa, tão aflitos ficamos por falar.
Uma situação mais sutil ocorre quando ouvimos sem fazer nenhum esforço para compreender o que nos é dito. Ouvimos com um pensamento de rigidez, não querendo examinar as razões do outro. Nossa mente não está livre para observar, raciocinar, entender e julgar com amplidão o que ouvimos. Ainda não aprendemos a importância de nos esforçarmos por compreender os demais, examinando sem reação e sem preconceito as suas razões.
Os tempos atuais são de muita pressa. O mundo dispara atrás dos computadores, que multiplicam suas velocidades em tempo cada vez mais curto. Com isso, está cada vez mais difícil ajustar a mente ao ritmo das pessoas, ao ritmo de sua respiração e de sua fala; ao ritmo de seu coração…
Pais e professores existem que, premidos pelo relógio, sabem mais coisas sobre países distantes, apresentadas na tevê e na internet, do que sobre o que ocorre na vida de seus filhos e alunos… Não estão sabendo ouvir. Estão com pressa. Estão indiferentes a essa humanidade tão próxima e tão querida que de mil modos reclama a caridade de sua atenção, de seu interesse, de seu afeto.
(Dalmy Gama, escritor, professor, cultor de Logosofia)