Opinião

A vaia que tanto incomodou os gringos

Diário da Manhã

Publicado em 26 de agosto de 2016 às 02:08 | Atualizado há 9 anos

A vaia que os gringos escutaram durante toda Olimpíada do Rio, faz parte da nossa cultura? Ou é um momento de pressão que o torcedor faz contra “adversários” durante um jogo de futebol nos estádios Brasil afora?  A resposta é um sonoro “sim” os torcedores importaram essa artimanha que fazem nos estádios de futebol, em todas modalidades de esportes durante os jogos do Rio. Mas quando o esporte não era coletivo e sim individual, isso pegou mal.

A imprensa estrangeira estranhou os fatos, as vaias perturbaram não só os atletas mas também a imprensa do primeiro mundo. Mas isso foi no início dos jogos, logo se acostumaram, e notaram que, ao final de cada jogo, os aplausos calorosos chegavam ao atleta que antes foi vaiado, até emocionando alguns deles.

Mas no Maracanã a torcida não só vaiou como “mandou” o árbitro da partida para aquele lugar, que não dá pra escrever aqui, é profundamente constrangedor os que as mais de 80 mil pessoas gritaram por lá! Isso foi terrível, ainda bem que a imprensa da parte de cima do Globo terrestre, não entendeu nada! Vergonhoso o que aconteceu, a falta de educação com o mandatário da partida de futebol. Mas vamos falar da vaia, essa dá para entender!

A vaia ou apupo é um ato público para demonstrar desaprovação ou defeito por alguém ou alguma coisa, geralmente um artista, em geral com a interjeição “buu!” pronunciada de maneira prolongada, ou fazendo outros ruídos como vozes de animais. Em casos de extremo defeito, a vaia pode ser acompanhada de objetos arremessados no palco, como ovos e tomates.

É provável que as vaias tenham surgido na Grécia Antiga, em que as execuções eram recepcionadas com aplausos ou com vaias, dependendo do gosto do espectador. Atualmente o ato de vaiar é considerado grosseiro e vexatório na maior parte das culturas, embora haja alguns defensores que afirmam que o ato de aplaudir e vaiar pode servir para melhorar a qualidade da interpretação.

Dificilmente alguém vaia sozinho. É mais comum que vaias partam de uma multidão ou, pelo menos, de um grupo consistente. É mostra de desagrado coletivo, bem mais temível que o aborrecimento de um indivíduo só. O antigo palco vem sendo substituído por “arenas” e por telões. Sinal dos tempos.

Embora não se note à primeira vista, vaia é palavra de origem onomatopaica, daquelas que tentam imitar o som original. Aliás, várias outras línguas se valem de onomatopeia para dar nome à vaia.

Os ingleses dizem to boo e os franceses huer. Os espanhois preferiram abuchar, derivado do grito com que chamavam falcões amestrados.

Os italianos não seguiram a norma. Preferem dizer fischiare, assobiar. Os alemães vão pelo mesmo caminho quando dizem auspfeifen, assobiar.

Mas a raiz de nossa vaia não está plantada em terras brasileiras nem tampouco lusas. Vem de mais longe.

O italiano moderno guarda o termo baia (báia), derivado do verbo baiare, já obsoleto. Usa-se sobretudo na expressão “dare la baia” a alguém, com o sentido de zombar dessa pessoa.

O francês costumava usava o termo baie com o sentido de engodo, enganação. A palavra caiu em desuso há mais de 100 anos.

A hipótese mais provável da origem de nossa vaia é uma onomatopeia, uma imitação do uivo dos cães. É parente do italiano abbaiare e do francês aboyer, ambos significando ladrar.

Políticos não temem a lei, mas abominam a vaia. Vamos em frente, brava gente: povo que vaia unido chega lá!

“Não há aplausos que durem para sempre e nem vaias que sejam eternas.”

Augusto Cury

 

(André Junior, membro UBE – União Brasileira de Escritores – Goiás – [email protected])

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