A vida se tornou banal nas mãos que impõem forças!
Redação DM
Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 01:25 | Atualizado há 7 anosAo aproximar o mês de março, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher me reporto com muita tristeza, às atrocidades cometidas contra as mulheres. A barbárie imperando muito perto de nós!
A vida se tornou banal pelas mãos que impõem forças, com o peso que estrangula, sufoca e mata; pelas mãos que empunha armas para descarregar o rancor até silenciar a voz que nem tinha forças para pedir socorro. Este cenário ficou estampado nos jornais, nos meios de comunicação, nas redes sociais, noticiando os homicídios por pouco tempo. Assim o que é absurdo, logo sai da mídia e tudo volta ao normal para recomeçar em outro destino. Mas as marcas da dor acompanharão as famílias das vítimas para sempre. “Namorado diz que matou mulher asfixiada em Goiânia, após briga por ciúmes de vídeo em celular”. Seria mesmo o motivo? Ou será que o estigma da violência contra a mulher apoderou-se do agressor, só por que se trata de uma mulher? Giselle Evangelista tinha 38 anos e foi encontrada no apartamento do comerciante, na Vila Alpes. Ele, o agressor, afirmou que recebeu um vídeo pornográfico em um grupo de mensagens no celular, o que teria incomodado a servidora pública Giselle Evangelista e motivado as discórdias. O homem foi autuado por feminicídio. A pena, de acordo com o Código Penal, varia entre 12 e 30 anos de prisão. “Tudo gerava briga, ciúmes. Eu não perdi a cabeça naquele dia, já tinha perdido há muito tempo”, declarou o agressor, durante entrevista à imprensa na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios. “Ela era a mulher que eu amava, a quem eu me dedicava. Eu trocaria de lugar com ela se eu pudesse”. Quantos matam porque amam demais? Será amor? Ou afirmação de forças e poder? Eis a questão.
“Homem mata irmã em briga por controle remoto de televisão, em Goiânia” – O Popular. Mais uma vez a mulher é vítima da força física, do poder da voz soberana machista, para dizer que não se mede forças com Homem. Não posso deixar de manifestar o meu repúdio, no momento em que estou à frente de um projeto de combate à violência doméstica e familiar contra a Mulher. A Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres tem acompanhado e acolhido os mais diversos casos de violência. Muitas mulheres já se livraram da morte, recuperam-se de traumas juntamente com seus filhos e retomam a vida com força e coragem. No entanto, casos que nos surpreendem como estes são silenciados sem tempo para o socorro. A crueldade não cede espaço ao grito de dor. São várias as formas de se pedir ajuda. Um simples telefonema pode salvar vidas de mulheres na vulnerabilidade. Ainda há muito a se fazer neste sentido de conscientizar as mulheres para os disque denúncias. Precisamos compartilhar forças no sentido de informar, orientar e buscar formas de exterminar todos os modelos de violência contra a Mulher. Tendo em vista que existem violências que não são noticiadas nem denunciadas, mas que têm o poder de destruição da mulher e das famílias. São as violências psicológicas, moral, sexual e patrimonial.
Os fatos de violência se renovam, por isso, nossas ações estão por todos os cantos da cidade, com a participação dos órgãos e instituições que compartilham do mesmo desejo de um futuro sem violências. São formas de divulgação pelos vários meios de comunicação: Impressos sobre a Lei Maria da Penha; Palestras com profissionais dedicados às questões de violência; movimentos nas instituições de ensino e em locais de aglomerados de pessoas; encontros, como nos mutirões e programações específicas. Todas as ações cumprindo o nosso projeto de Secretaria Itinerante.
É nesta ideia que a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres está promovendo um grande evento dedicado às mulheres, por ocasião do “Dia Internacional da Mulher”. Será uma concentração, em cujo espaço as mulheres serão acolhidas num clima de festa, mas com vários serviços que as oportunizarão as informações de combate a violência. Todos os nossos projetos são realizados com o objetivo de trabalhar para a eliminação da violência e do feminicídio. Assim, haveremos de acabar com as estatísticas de cidade violenta, com o empenho de todos nós, com muita fé e esperança em Deus.
(Célia Valadão. Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Cantora e Bacharel em Direito)