A vingança da natureza
Diário da Manhã
Publicado em 22 de maio de 2016 às 01:42 | Atualizado há 9 anos
Nos dias de hoje frequentemente ouço ou leio nos noticiários falados ou escritos, após uma chuva forte, os repórteres dizem que, “O rio invadiu casas, ruas, prédios etc”; ou durante uma ressaca que o mar invadiu as calçadas.
– Penso quem estava lá antes?
– As construções ou o leito do rio?
– As calçadas ou o mar?
Na ótica da maioria dos repórteres parece que o rio ou o mar foram que invadiram. Óbvio que os rios ou qualquer curso d água ou mares estavam nos seus lugares a milhares de anos.
Nossa visão simplista colocando as situações sem uma análise mais profunda e querendo informar dando destaque as “maldades” da natureza, encobrem uma inversão de valores. Pois foram as calçadas, as ruas, as construções que invadiram, os rios, os mares, as florestas, sem o menor respeito ao meio ambiente.
Recentemente na cidade maravilhosa- leia-se Rio de Janeiro, houve o exemplo clássico com o descaso e irresponsabilidade, construiram uma estrutura para abrigar uma ciclovia onde o mar não “deveria” atingir. Pergunte-se: combinaram com Netuno? Creio que o Deus dos mares vendo aquela estrutura, de gosto duvidoso que embora prática ou mais em conta para a sua construção, além de poluição visível “estava” invadindo sua área de ação.
Resultado enfiou seu tridente, empalando a ciclovia e infelizmente ceifando duas vidas. Aqui em Goiânia vimos recentemente uma atitude moderna, responsável contemporânea de respeito à vida (holisticamente falando), foi tombado um ente vivo, um vegetal com mais de meio século de vida, que nasceu simplesmente do anseio da vida pela vida, sem escolher o lugar, sem ninguém plantar, cuidar, simplesmente nasceu.
O ente em questão é uma gameleira que hoje esta entre as pistas da Av. Goiás Norte e que recentemente a municipalidade só não a “tombou” porque ela era “tombada”, desculpe o trocadilho. Essa Gameleira está ali desde antes do rei Roberto Carlos proferir a infeliz frase que Goiânia era uma fazenda asfaltada.
Dezenas de árvores foram destruídas e outras dezenas serão arrancadas para a construção do BRT. A busca pela solução mais fácil e mais barata nos retirou o sentimento do mais ético, moral, ecológico.
Vide as Av. Anhanguera, Av. 84 entre outras – Não tem uma vegetação plantada. Os argumentos são vários mencionando sobre o progresso, que é melhor para a população e por aí vai. Essa discussão não para, e no momento vejo a negligência levando vantagem em cima do meio ambiente. Mas creio e luto para que isso possa mudar em um futuro próximo.
Em tempo o vereadpr Paulinho Graus – presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal de Goiânia, que propôs e a lei e conseguiu o tombamento da nossa senhora Gameleira. Que outras atitudes assim sejam tomadas.
A natureza não reclama, apenas se vinga!
(Irlene Dionis, articulista associada à AGI)