A virada do ano – Réveillon
Redação DM
Publicado em 2 de janeiro de 2016 às 22:10 | Atualizado há 9 anosCarros alucinados buzinando pelas ruas, e rojões explodindo no céu, comemoram a virada do ano. Nos bares e nas casas, copos de cervejas são virados também para dentro da boca, num desenfreado entusiasmo desprovido de reflexão.
Bela farra que serve apenas para intoxicar os fígados, estourar os cartões de crédito e estressar a cachorrada toda que, com o estouro das bombas, correm, apavorados, para debaixo dos móveis para se proteger.
A reunião em família, no final do ano, para uma confraternização, comemorando-se de uma maneira contida e moderada, é valido, mas festanças com excessos e extravagâncias, como se algo muito extraordinário estivesse acontecendo ou por acontecer, não faz o menor sentido.
O dia 1º de janeiro será igual ao dia 31 de dezembro.
2016 será a continuidade de 2015, assim como uma semana é a continuidade da outra.
A passagem de ano é apenas a mudança de um número de uma numeração usada para classificar os movimentos cíclicos da Terra em relação ao Sol.
Para a vida social, para a vida particular de cada um, para todo tipo de vida existente e para tudo que acontece no Planeta, a passagem de um ano para outro é apenas e tão somente uma continuidade.
Em nosso âmbito, entrando na política, o Paulo Garcia, o Marconi, o Cunha e a Dilma, da última semana de 2015, serão os mesmos na 1ª semana de 2016. Deputados e Senadores também não mudarão suas cabeças em tão curto espaço de tempo.
As notícias do Brasil e do Mundo, nos jornais, nos dias finais de dezembro, continuarão, em sua essência, as mesmas nos dias iniciais de janeiro.
Uma coisa mudou de 31 de dezembro para 1º de janeiro de 2016: o salário mínimo. Teve um aumento de R$ 92,00. Só que no final do ano de 2015, o assalariado já estava com R$ 90,00 a menos em sua carteira, em relação ao final do ano de 2014, devido à corrosão de seu salário, pela inflação. Ou seja, o trabalhador (ou aposentado) que ganha salário mínimo – 48 milhões de brasileiros – teve um aumento real de R$ 2,00 apenas. A saber, é a continuidade também da pobreza e do minguado poder aquisitivo do povo.
Gostaria de achar sentido e graça nessa euforia toda de final de ano, mas não acho. Já achei quando era jovem. Aliás, não se vê um senhor de cabelos brancos dançando na chuva, chutando latinhas e pulando de alegria, pela passagem de um ano para o outro. Por que será? É porque esse entusiasmo todo é coisa de jovem. Eles têm a sensação ilusória de que tudo recomeça a partir de 1º de janeiro, e o mais idoso sabe que tudo continua a mesma coisa, pelo menos em curto prazo.
Desculpem-me quanto ao cenário um tanto quanto negro do meu discurso, talvez esteja precisando espocar uns fogos de artifício dentro da minha alma para dar a ela mais claridade e colorido. Porém tenho necessidade de ser verdadeiro, de falar por mim e de falar por outros que pensam da mesma forma, mas se detêm em falar isso publicamente.
Mas mudando o rumo da prosa, e falando agora de maneira mais positiva, nós não podemos (e nem devemos) esperar dos outros as mudanças, mas podemos mudar a nós mesmos. Nós devemos e podemos aproveitar esse clima psicológico favorável e convidativo de virada de ano, para fazer planos e planejamentos para nós mesmos e mudar a nossa vida!
Falemos para nós mesmos, por exemplo, na área da saúde: “a partir de 1º de janeiro vou praticar exercícios físicos diários, e ter somente alimentação saudável”. Ou, na área profissional/financeira: “a partir de 1º de janeiro vou estudar para entrar em tal faculdade, ou para passar em tal concurso público”. Ou ainda: “vou abrir uma microempresa e ter o meu próprio negócio”, e por aí vai…
Então, nesse ano de 2016, que está nascendo, não esperemos mudanças promovidas pelos outros. Quebremos nós mesmos a continuidade das mesmas coisas nas nossas vidas, tendo boas e produtivas ideias seguidas de imediata ação.
Um abraço e um feliz 2016!
(José Maria Moreno, odontólogo aposentado – E-mail: [email protected])