Ação policial impecável em Silvânia
Diário da Manhã
Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 00:34 | Atualizado há 7 anosNa madrugada de sábado, dia 6 de janeiro, a Agência da Caixa Econômica Federal de Silvânia foi novamente explodida por uma horda de marginais, cuja ousadia, covardia e maldade, ceifaram a vida de Marcos Antônio Batista, um jovem silvaniense de 21 anos, fazendo outros de escudo humano no momento da implosão dos caixas eletrônicos.
A comoção de todos os silvanienses, em um primeiro momento, foi de revolta, pela frieza e crueldade com o jovem que ocasionalmente passava pelo local e pela fragilidade em nossa segurança, que há muito tem amedrontado e nos deixado reféns dos marginais, que estão mais bem equipados que nossas polícias.
Se houve ousadia por parte dos meliantes, não faltaram a bravura e a coragem de nossos policiais que, em tempo hábil, conseguiram chegar ao banco, iniciando intensa troca de tiros e interceptando um dos veículos, Toyota Corolla, que, durante a perseguição, ficou descontrolado e um dos ladrões morreu. Dois dos bandidos empreenderam fuga para a mata do Aprendizado Marista Padre Lancísio, após bater o veículo no trevo da cidade.
Na tarde de sábado, com denúncias de moradores e a troca de informações entre militares do COD, do Serviço de Inteligência (PM2), e do Grupo de Radiopatrulha Aérea (Graer), foram localizados mais dois suspeitos de participação no ataque, escondidos em uma casa no Setor Residencial Paraíso II, em Senador Canedo. Ao serem cercados, tentaram empreender fuga e atiram contra os policiais, que revidaram e mataram os dois assaltantes.
Na manhã de domingo, após troca de tiros com policiais na Região do Rio dos Bois, o quarto criminoso veio a óbito, após dar entrada no Hospital Nosso Senhor do Bonfim.
Após 70 horas de cerco, na ação denominada “Operação Volante Ativa”, que contou com a participação de várias unidades da Polícia Militar – Comando Operacional de Divisas (COD); Grupo de Radiopatrulha Aérea (GRAER); Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (ROTAM); Batalhão de Operações Especiais (Bope); Companhia de Policiamento Especializada (CPE – 3º. CRPM); 1º. e 2º. Batalhões da Polícia Militar Rodoviária; PM-2 e Companhia de Polícia Militar de Silvânia; e, ainda, da Polícia Civil. Ao todo, 80 homens encerraram as buscas com a captura do último assaltante na Região do Rio dos Bois.
A Operação Volante Ativa foi fruto da integração de informações da Policia Militar e Policia Civil do Estado de Goiás, demonstrando que Segurança Pública se faz com integração e profissionalismo, segundo alegou o TC Granja – PM/5.
Foram praticamente três dias de intensa busca e apreensão dos moradores de Silvânia, principalmente os da região onde estavam os dois fugitivos. Ao final, a população reconheceu com cartazes, mensagens e manifestações o ato heroico dos policiais, que honraram suas fardas e cumpriram o desiderato de defender o cidadão de bem com bravura e destemor.
Silvânia é cidade de um povo hospitaleiro, generoso, religioso, berço da educação do Estado e que ostenta orgulhosamente o topônimo de Athenas de Goiás, graças a ação de Nico Eusébio da Silva, Americano do Brasil, Henrique Silva, José Sêneca Lobo, da Congregação Salesiana, dos Maristas, da UEG e de tantos homens e mulheres, baluartes da cultura do Estado.
Há muito temos sentido uma sensação de insegurança. Os pequenos e corriqueiros furtos têm dado lugar a ações que nos causam pânico, como a que ocorreu na explosão da Caixa Econômica. É nesses momentos que podemos observar o sentimento de revolta incontido nas pessoas, que se manifestam nas mídias sociais e em sua maioria declara satisfação na morte dos delinquentes. Talvez esteja aí o porquê de tantos estarem antecipando apoio a candidatos que defendem uma linha dura e intolerável contra a marginalidade, mas que, sabemos, mais do que promessas é preciso enfrentarmos diversas etapas para a tão sonhada paz e segurança.
O sistema penitenciário brasileiro está falido e já começa a explodir. Mais do que novas unidades prisionais é preciso construir prisões locais de recuperação, através do trabalho e da oportunidade de ressocialização, e não universidades do crime.
O promotor de Silvânia, Carlos Luiz Wolff de Pina, com muita propriedade, escreveu um desabafo que coaduna com o pensamento de todos nós, o qual, faço questão de transcrever:
“Até quando?
Bosquejo essas breves notas como um desabafo de um cidadão indignado com esse cenário de barbárie e bestialidade, que diariamente aterroriza o nosso país, causando pavor, consternação e tormento à população, como se vivêssemos em situação de guerra declarada, sob o olhar pusilânime das autoridades, que pouco fazem para alterar esse panorama de desumanidade.
Não consigo mais permanecer calado. Minha consciência grita. O cidadão de bem precisa despertar para esse estado de violência banalizada e exigir dos poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário) a adoção de uma política pública séria, concreta e eficaz na área de segurança pública.
No dia 6 de janeiro de 2018, na cidade histórica de Silvânia-GO, o jovem Marcos Antônio Batista, de 21 anos, trabalhador honesto e estudante universitário, teve seus sonhos abruptamente interrompidos ao ser alvejado na cabeça por mais “uma vítima da sociedade”, que agindo em grupo aterrorizou a pacata Silvânia/GO, com o objetivo de roubar os caixas eletrônicos da agência da CEF. Família, amigos e toda uma cidade em luto.
Hoje nosso pais convive com uma elevada taxa de morte por violência, registrando aproximadamente 150 assassinatos por dia. Vidas são ceifadas e famílias são destruídas. Ficam a dor e o vazio deixados pela perda violenta de um familiar ou amigo, passando a vítima a figurar como registro ou dado estatístico, sem uma mudança desse panorama de guerra.
É sabido que a concretização dos direitos fundamentais e a valorização da educação são instrumentos imprescindíveis para aplacar esse estado de violência. Contudo, não se pode negar que o acesso à educação vem se democratizando em nosso país, ao passo que o estado de brutalidade permanece inalterado. O fomento à educação precisa ser conciliado com outras medidas.
Portanto, as leis penais lenientes e permissivas precisam ser revisitadas pelo Congresso Nacional para que o cidadão de bem tenha seus direitos efetivamente garantidos, pondo fim a impunidade.
O regime de cumprimento da pena é uma piada e um acinte ao cidadão de bem. Criminosos são colocados em liberdade em tempo insuficiente para reparar, ainda que minimamente, o mal causado à vítima.
Neste horizonte sombrio, ainda existem operadores do Direito conscientes e incomodados com estado de terror, preocupados com a segurança do cidadão de bem. Cito, como exemplo, os Promotores de Justiça Diego Pessi e Leonardo Giardi de Souza, autores da obra Bandidolatria e Democídio, a qual recomendo a leitura ao cidadão de bem, que rechaçam o garantismo caolho e bananeiro e afirmam que “transformar o aparato policial e o sistema prisional do País em espantalhos, para em seguida denunciar-lhes a ineficácia e promover sua aniquilação é uma monstruosidade digna dos piores psicopatas. É algo que vem sendo feito de maneira sistemática pelo estamento brasileiro, com um custo de 60 mil vidas por ano”.
Causa estranheza a repercussão dada pela mídia a ato de motim em unidade prisional do Estado de Goiás e a imediata atuação da presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministra Carmem Lúcia, ao determinar uma inspeção no local. Indaga-se: e o que se tem feito em relação à violência no Brasil? E as centenas de vidas dizimadas diariamente por atos de violência?
Muito ainda se discute sobre a violência nos estádios de futebol. Jogo de torcida única, cadastramento de torcedores, instalação de juizados nos estádios – são medidas pontuais adotadas para combater a selvageria. Contudo, a violência está arraigada dentro e fora dos estádios, colocando o cidadão de bem em posição de vulnerabilidade extrema. Não adianta só blindar o estádio de futebol. A sociedade inteira clama por proteção e segurança.
Chegou o momento de a sociedade brasileira marchar a Brasília, ainda que por redes sociais, para manifestar sua insatisfação e sua indignação contra esse estado de violência e de bandidolatria. Afinal, o poder emana do povo, portanto, as leis devem ser aprovadas e interpretadas de acordo com a vontade desse povo. Se continuarmos calados, estaremos sendo, no mínimo, condescendentes com essa guerra civil”.
Precisamos seguir a comoção e ação da sociedade silvaniense, cuja opinião pude acompanhar em um grupo de WhatsApp denominado: “Silvânia Agora e Para Todos”. Souberam reconhecer o grande esforço das polícias e Corpo de Bombeiros, dos profissionais da saúde e de todos os envolvidos na solução desse lamentável e triste acontecimento, através de cartazes e manifestações. Parabéns a todos! Vocês souberam com muita propriedade demonstrar quem realmente são os silvanienses.
Não é momento de culparmos governos e pessoas, posto que o oportunismo político de alguns, frente a estes acontecimentos de violência, causa-me asco. É momento de nos unirmos, cobrarmos, agirmos, fazer valer os nossos direitos e investir mais na formação do caráter de nossas crianças e adolescentes, iniciando tal formação dentro de nossas casas.
Agradeço e aplaudo com veemência a todos os policiais envolvidos nessa operação, aos valorosos profissionais da saúde de minha cidade, aos veículos de comunicação e a administração pública local. E externo meus sentimentos a família do jovem Marcos Antônio Batista, rogando a Deus que console o coração de seus familiares e amigos.
Silvanienses, eu me orgulho muito de cada um de vocês!
(Cleverlan Antônio do Vale, administrador de Empresas, gestor público, pós-graduado em Políticas Públicas e Docência Universitária, articulista do jornal Diário da Manhã. cleverlanva[email protected])