Alerta ao suicídio
Diário da Manhã
Publicado em 3 de setembro de 2018 às 22:42 | Atualizado há 7 anos
O suicídio continua sendo um assunto sobre o qual se fala pouco, o número de pessoas que tiram a própria vida avança silenciosamente. No Brasil, o índice perde apenas para homicídios e acidentes de trânsito entre as mortes por fatores externos (o que exclui doenças). A mortalidade em termos globais por suicídio aumentou em 60% nos últimos 45 anos, especialmente entre adultos jovens
O assunto é sério e merece muita reflexão. Não há, obviamente, uma única razão que explique a angústia e o sofrimento intenso de quem decidiu por fim à vida. Se o ato do suicídio parece violento para quem está observando de fora, imaginem a intensidade do desespero interno de quem optou por essa atitude.
Depressão é uma doença que pode matar. Parece mais fácil e aceitável compreender que um jovem venha a falecer vítima de uma doença como o câncer, por exemplo. No entanto, compreender que um jovem, também vítima de uma doença como a depressão, tire a própria vida, num ato de extremo desespero é muito mais difícil, mesmo nos modernos dias de hoje. Ninguém “julga” ou considera “fraco” o jovem que morre vítima de câncer. Mas ainda há os que julgam e consideram um ato de fraqueza os que morrem vítimas de depressão. Sob o aspecto humano, temos ainda muito que evoluir.
Por isso, há que se ficar atento aos sinais de depressão entre os nossos jovens. Cada um demonstra de um jeito. Tendência à solidão, um comportamento constantemente mais introspectivo, falta de motivação, agressividade descontrolada, insônia ou, ao contrário, sonolência excessiva, são alguns de tantos sinais.
Conversar abertamente, sem nenhum tipo de preconceito, saber escutar e procurar entender o que se passa na cabeça de um jovem pode ser uma boa opção para começar. E hoje em dia há muitas possibilidades de tratamento que podem ajudar muito.
O mundo está, de fato, mais difícil para os jovens. Não obstante toda a “revolução” tecnológica, toda a modernidade e instantaneidade da comunicação, o mundo está mais complicado para eles.
Veja mitos comuns sobre o suicídio
- ‘Quem fala, não faz’ – Não é verdade. Muitas vezes, a pessoa que diz que vai se matar não quer “chamar a atenção”, mas apenas dar um último sinal para pedir ajuda. Por isso, os especialistas pedem que um aviso de suicídio seja levado a sério.
- ‘Não se deve perguntar se a pessoa vai se matar’ – É importante, caso a pessoa esteja com sintomas da depressão, ter uma conversa para entender o que se passa e ajudar. Não tocar no assunto só piora a situação.
- ‘Só os depressivos clássicos se matam’ – Não. Existe o depressivo mais conhecido, aquele que fica deitado na cama e não consegue levantar. Mas outras reações podem ser previsões de um comportamento suicida, como alta agressividade e nível extremo de impulsividade. Os médicos, inclusive, pedem para a família ficar atenta ao momento em que um depressivo sem tratamento diz estar bem: muitas vezes ele pode já ter decidido se matar e tem o assunto como resolvido.
- ‘Quando a pessoa tenta uma vez, tenta sempre’ – A maior parte dos pacientes que levam a sério o tratamento com medicamentos e terapia não chegam a tentar se matar uma segunda vez. O importante é buscar a ajuda.
E correto falar sobre comportamento suicida, pois isso engloba uma situação de pessoas que ameaçam tirar sua vida, mas não logram efetivação. Por outro lado, ha pessoas que conseguem levar o suicídio as ultimas consequências. Então, podemos dizer que o comportamento suicida e uma tragédia pessoal e familiar e, assim, torna-se um problema de saúde publica. E bastante difícil compreender por que um determinado individuo decide cometer suicídio, ao passo que outras pessoas em situação similar não o fazem. O que se pode afirmar, considerando a experiência clinica e a experiência de pesquisa, e que ha grande complexidade para compreender o comportamento suicida. Sabemos que ha fatores emocionais, psiquiátricos, religiosos e socioculturais. São um conjunto de fatores que ajudam a compreender a situação de vida, o sofrimento que essa pessoa carrega e, por isso, a busca da morte. Ate podemos dizer que, por vezes, a pessoa não quer se matar. Quer, antes, eliminar a dor, diminuir o sofrimento e, por isso, busca, de repente, um método que o leva a morte.
(Nayara Moura, psicóloga comportamental CRP- GO 9405. CRP – DF20991)