Anápolis agora constrói ela mesma
Diário da Manhã
Publicado em 28 de maio de 2016 às 02:32 | Atualizado há 9 anos
Absolutamente correta a definição da participação efetiva de Anápolis na construção da nova Capital do Estado e da nova Capital da República e da sua incontestável transformação urbana nos últimos anos. A cidade que ajudou a implantar Goiânia e Brasília agora constrói ela mesma. Em recente solenidade no mini-auditório da prefeitura, o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Francisco Rosa, fez um paralelo entre a Anápolis de ontem e de hoje.
Não poderia ser mais verdadeiro o resgate do secretário, que chegou em Anápolis na época das carroças e charretes, no centro da cidade, e da baixada “sapo”, exatamente onde a prefeitura executa as obras do maior e mais moderno elevado do Centro-Oeste, com mais de 200 metros de extensão. Entre os dois viadutos em construção na Avenida Brasil descortina-se a parte mais moderna da cidade, onde se vê o Terminal Rodoviário, o Ginásio Internacional, o Centro Administrativo e o Fórum, além do Brasil Park Shopping e de marcas famosas.
No Bairro Jundiaí vê-se o Parque Ipiranga, em uma Anápolis verticalizada, bem mais bonita que aquela de 50 anos atrás. Não obstante o traçado de ruas estreitas do quadrilátero central, herança do crescimento desordenado da era das carroças e das charretes, assim como a falta de vias expressas no sentido leste-oeste, outra recorrência urbana que desafia o tempo, Anápolis é uma cidade em reconstrução, a caminho do futuro preconizado pelo Plano Diretor em gestação e pelo Plano de Mobilidade Urbana, deflagrado com a implantação de obras expressivas voltadas para acessibilidade. Ao se destacar a importância dos equipamentos urbanos da geração Antônio Gomide e João Gomes tribute-se reconhecimento aos visionários Jamel Cecílio e Wolney Martins, gestores públicos que priorizaram a acessibilidade antes do seu próprio tempo.
Quem contornava a cidade pelas rodovias e passava pelo viaduto Airton Senna – único há 30 anos – não observava mais que meia dúzia de prédios. Hoje, Anápolis tem 12 viadutos e trincheiras – incluindo os dois em construção – e dezenas de edifícios modernos que se espalham pelos bairros. A Avenida Brasil, espinha dorsal da cidade, obra de vários administradores, ganha moderno corredor do transporte coletivo – trevo a trevo, até o Daia. Anápolis investe na construção dela mesma, depois de se doar durante décadas, não só para a consolidação de Goiânia e Brasília, mas também da Belém-Brasília e da Base Aérea.
Quando Pedro Ludovico idealizou Goiânia, Anápolis foi convocada para participar diretamente da grande empreitada de construção da nova Capital do Estado, com o fornecimento de matéria prima e serviços. Para montar a logística da consolidação de Brasília, o presidente Juscelino Kubitschek determinou e coordenou, pessoalmente, a abertura e o asfaltamento de uma estrada no meio do nada, até Anápolis, que também foi base de apoio à implantação da Colônia Agrícola do Vale do São Patrício e da Rodovia Brasília-Belém, marco da integração nacional, em cujas margens surgiram dezenas de cidades que se abasteciam na “Capital Econômica do Estado de Goiás”. Antes do advento da industrialização, o município já havia direcionado suas energias à implantação da Base Aérea dos Supersônicos, enquanto as duas capitais vizinhas cresciam vertiginosamente e sugavam a sua economia.
Sob o estigma da estagnação, Anápolis empenhou-se em crescer economicamente. Em atrair indústrias primordialmente. Ao tomar o rumo certo na encruzilhada da história afugentou o fantasma de cidade dormitório à beira da estrada, onde construiu o paradigma do parque industrial e do pólo farmacêutico para se tornar protagonista do segundo maior corredor de investimentos do Brasil.
Sem perder o foco de sua vocação econômica, Anápolis constrói a qualidade de vida. Uma cidade rica e boa para se investir, também precisa ser bonita e boa para se viver.
(Manoel Vanderic, jornalista)