Opinião

As mudanças ocorrem e você não vê

Diário da Manhã

Publicado em 7 de junho de 2016 às 02:49 | Atualizado há 9 anos

Se volvermos os olhos ao passado recente, poderemos perceber transformações mundiais no campo das liberdades humanas. Mas nem todos perceberam as mudanças. O Muro de Berlim, que parecia eterno, ruiu sem que fosse dado um tiro no dia 3 de outubro de 1990. Circundava toda a Berlim Ocidental (capitalista), separando-a da Alemanha Oriental (socialista), incluindo Berlim Oriental.

O muro, além de dividir Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: República Federal da Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos; e a República Democrática Alemã (RDA).

Construído na madrugada de 13 de agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes metálicas eletrificadas com alarme e 255 pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro era patrulhado por militares do regime soviético.

A União Soviética, o modelo político para contrapor-se ao capitalismo ocidental, foi por água abaixo num sopro popular e também sem nenhum tiro, em 1991.

Um cidadão anônimo chinês deu um nó na garganta dos seus governantes na Praça da Paz Celestial de Pequim, durante uma manifestação pública em 5 de junho de 1989. Os tanques postos nas ruas pelo regime foram impotentes para deter o solitário homem lutando pela liberdade.

Na queda do regime salazarista em Portugal, a manifestação popular foi vital. Na Revolução dos Cravos, as mulheres ofertaram flores aos soldados, nos idos de 1970.

Em Cuba, Yoane Sanchez dá um banho no decrépito regime dos irmãos Castro, através apenas de seu lido blog. Num gesto de boa vontade, os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Raul Castro, de Cuba, reatam relações, o que antes parecia impossível.

As mães da Praça de Mayo, em Buenos Aires, contribuíram para detonar o regime dos militares argentinos, nos idos de 1964-70.

No Brasil, as manifestações pipocaram em múltiplas cidades, reunindo milhares de pessoas, a “revolução” foi obrigada a ceder. Vieram as eleições diretas. Em igual período.

O Plano Real, editado por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, proporcionou novo alento econômico e social ao País. Antes, os brasileiros viviam uma situação desesperadora com a inflação galopante.

Lula, antes contrário ao plano que segurou a inflação, sentiu-se compelido pela pressão popular a manter o que condenava. Engoliu um plano de estabilidade que proporcionou ao governo petista inclusão social. Dilma soltou as rédeas e a inflação é a nova ameaça à corrosão da renda dos brasileiros.

A presidente assumiu e em poucos meses mandou oito ministros para o olho da rua em nome da integridade do seu governo. Muitos dos que não votaram em Dilma, passaram a apoiar a sua administração. Mas, de repente, ela interrompeu o que parecia ser um ciclo de audácia, do rígido combate aos corruptos, mesmo que fossem de seu partido.

Para faturar eleições, Dilma contribuiu com a Petrobrás e o BNDES num verdadeiro atoleiro sem fim. As pedaladas imprudentes resultaram em novos acidentes. Conclusão de toda essa sujeira: Dilma foi afastada pelo Congresso Nacional.

O governo de Michel Temer tem dado derrapadas que pegam mal. E justamente oriundas de um político experiente. O seu governo tem que de “fazer tudo” para não incorrer em situações grosseiras.

A sociedade quer Dilma e o PT bem longe do poder. Mas, para tanto, espera que Temer corresponda às expectativas de pé no freio na corrupção desenfreada, dê sinal de um novo tempo. Somente com seriedade, o governo restabelecerá a confiança dos investidores, da geração de empregos e do aumento do volume dos pagadores de tributos.

O Brasil, é bom lembrar, com o advento do Plano Real e da Lei de Responsabilidade Fiscal tornou-se gradual e rapidamente um modelo a ser seguido em termos de desenvolvimento econômico e social. Estados Unidos e Europa entraram em crise e o Brasil tornou-se a esperança dos emergentes.

A liberdade, depois da queda do regime militar, se consolidou. A imprensa pode manifestar-se livremente ao contrário do que ocorre em governos fechados, caso atual da Venezuela, Irã, Cuba, Coréia do Norte, entre outros.

A construção da ética precisa ter andamento e os governos e partidos se antenem para isso, porque as manifestações das corres verde e amarela poderão retroceder e oferecerem novas lideranças, para forjar um futuro mais justo e democraticamente mais participativo.

Quanta notícia boa na área política em tão curto espaço de tempo. O povo tem uma força. É reagir na hora precisa para andar pra frente.

 

(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em agropecuária pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)

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