As redes sociais e a nossa imagem “imortalidade virtual”
Diário da Manhã
Publicado em 3 de junho de 2016 às 02:49 | Atualizado há 9 anos
É incrível como certos detalhes fazem toda a diferença. O modo de uso das redes sociais fala muito quem é você. A rede social transmite nossa imagem o tempo todo e podemos dizer que é um espelho do que somos no dia a dia. Claro que a imagem será boa ou ruim de acordo com aquilo que você escreve ou compartilha para sua rede. Tenho certeza que muitas vezes, você conhecendo a pessoa ou não, já fez um raio x do perfil dela antes de adicionar, certo? E acredito que em algum momento deve ter se deparado com um perfil e dito: “Nossa, olha o que essa pessoa escreveu!” ou “como essa pessoa coloca uma foto assim”, e assim nós todos julgamos e criamos uma primeira imagem das pessoas. A velocidade que uma postagem ou foto pode correr pela internet é impressionante.
A imagem e como a pessoa se porta nas redes sociais em geral, são julgadas até mesmo em entrevistas de emprego e no decorrer dos dias em que você está atuando na empresa. Segundo a pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half, 44% das empresas brasileiras desclassificam candidatos a uma vaga de emprego devido à má utilização das redes sociais por parte de quem pretende ser selecionado. (Fonte: PEGN)
Com algumas redes sociais com foco mais profissional, como o LinkedIn, e as outras já totalmente adaptadas e integradas ao ambiente corporativo, como Facebook, Twitter e Instagram, a pergunta que se faz é: o que eu posto no meu perfil pode influenciar a minha imagem profissional? A resposta é sim! O seu comportamento online pode tanto ajudar como prejudicar você no trabalho e na carreira profissional. Somos sempre julgados pelas pessoas por aquilo que fazemos, que falamos, que somos, o que postamos e o que compartilhamos. Muitas empresas observam o perfil do candidato nas redes sociais antes de empregá-lo e também durante o período em que o mesmo está trabalhando na organização. Afinal, as redes sociais podem ser uma forte estratégia de marketing pessoal e pode falar muito sobre você! Porém, deve-se ter muito cuidado ao usá-la, para se autopromover, pois se esse for o objetivo, o ideal é que se crie um perfil exclusivo para isso e não misture o pessoal do profissional.
Além de manter uma conduta respeitosa nesse universo digital, existem dicas para preservar sua imagem e evitar o risco de se prejudicar, tanto quanto pessoa, como profissionalmente; são elas: pense antes de publicar; reclame na medida; não se expor além do necessário; evitar certas imagens; palavrões não são bem-vindos; mantenha a discrição; não falar mal de colegas, entre outros. Essas são dicas e servem, sobretudo, para alertar sobre possíveis problemas que poderá ter com pessoas que admiram e confiam, ou àquelas, conhecidas ou estranhas que venham opinar sobre sua intimidade.
No Brasil, a privacidade é um direito de todos, garantido pelo artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Sendo assim, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Nesse contexto, vale mencionar o caso ocorrido no Rio de janeiro no último dia 21, onde a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática do estado investiga um estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, estuprada por cerca de 30 homens, e a divulgação de imagens do crime em redes sociais. As imagens postadas tinham vários comentários agressivos a respeito do crime e que ainda faziam piada com a situação.
É muito importante que saibam, que o autor da divulgação indevida responderá por difamação (imputar fato ofensivo à reputação) ou injúria (ofender a dignidade ou decoro), como descrevem os artigos 139 e 140, ambos do Código Penal. E quando a vítima for criança ou adolescente, o artigo 241 do Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) define como crime grave a divulgação de fotos, gravações ou imagens de crianças ou adolescentes em situação de sexo explícito ou pornográfica.
O poder público, de modo geral, não tem condições de controlar, ou mesmo impedir que determinadas informações sejam veiculadas ou depois sejam retiradas da internet, pois a partir do momento que apenas uma pessoa recebe determinado arquivo e repassa a sua rede de contatos, não há mais como segurar a corrente de e-mails que se forma com uma rápida disseminação.
O Poder Judiciário está às voltas com inúmeras liminares determinando a retirada de determinadas publicações das redes sociais. Todavia, tais liminares são cumpridas parcialmente, pois após a primeira divulgação, como já exposto, não há como proibir o “resto do mundo” de continuar reencaminhando o arquivo indefinidamente.
É válido dizer que, não custa lembrar que a melhor forma de proteção é não fazer. Se fizer tome cuidado para que não esteja acessível a outras pessoas, mesmo que pareça estar seguro. Os danos poderão ser irreparáveis, e muitas vezes as imagens poderão continuar expostas por muitos anos ainda.
A internet é deste tempo e do tempo que virá, cada vez com mais força. Todavia, não se deve esquecer que a honra tem valor, que a vida real é mais emocionante e que só ela pode deixar marcas e histórias que são passadas de geração em geração, possibilitando o engrandecimento da humanidade. Afinal, a boa imagem é construída dia após dia!
(Cleide de Oliveira, professora do ensino básico, contadora, pós-graduanda em Gestão Pública)