Opinião

Assim como o sândalo

Redação DM

Publicado em 26 de abril de 2016 às 01:46 | Atualizado há 9 anos

“Sede, todos vós, como o sândalo, que perfuma o machado que o corta.”

Esta é a lição da brandura que a consciência nos vem visitar, exortando-nos ao perdão das ofensas e ao esquecimento dos males que se cometem contra nós.

O sândalo é a árvore que simboliza a virtude da mansidão e da humildade. Sempre que o machado o fere, sabe exemplificar a lição que o Cristo nos ensinou: paga o mal com o bem, perfumando o verdugo com a essência do perdão.

Sejamos, pois, tal como essa árvore que o Senhor nos ofertou como exemplo de mansuetude e doçura, aprendendo a inundar nossa alma com o mesmo dom de bondade que o sândalo retém como sublime mensagem a cada um de nós.

E quando então principiarmos a fazer o bem para os que nos fazem o mal; quando, vítima de um golpe na face, oferecermos, humildes, o outro lado do rosto; quando, objetos da injúria, da calúnia e do opróbrio, revidarmos os perseguidores com o perfume do perdão e da prece; e sempre que fizermos todo o bem possível a quem nos fizer todo o mal sem conta – então, começaremos a sentir, no foro da nossa alma, o divino alívio de quem, trazendo nas costas um fardo de chumbo, se vê livre do pesado jugo.

Quando estivermos, tal como foi dito, perfumando, com a prece e com o perdão, a alma dos que nos ferem, estaremos imitando a árvore da bondade que o Pai nos doou como lição de brandura, e adquirindo, para os nossos espíritos rebeldes, as qualidades divinas de quem caminha para o Alto, de maneira mais acertada, em conquista da Ventura Maior.

Estaremos marchando para a glória da própria alma – “perdoando antes de sermos perdoados, compreendendo antes de sermos compreendidos, e amando antes de sermos amados”.

Quando assim estivermos agindo, não haverá tempestades que nos abalarão o equilíbrio, e nem espadas bastante fortes que nos abrirão chagas no peito.

Quando assim – tal como o sândalo –—, estivermos convivendo com todos qual a calúnia capaz de nos ferir, e qual o verdugo que nos fará sofrer, se já substituímos os preconceitos humanos pelos preceitos dos céus?

Qual o machado, aplicado contra nós com toda a violência, nos arrojará ao chão, se o perfume do perdão e da prece que o doamos representa principalmente, para nós, progresso e firmeza inabaláveis, uma vez que não há, e nunca haverá força maior que a do Amor?

Aprendei, portanto, com o sândalo, a revidar todo mal com o Bem. Assim, estareis com o Cristo e Deus estará convosco – “e quando Deus está conosco, quem poderá estar contra nós”?

 

(Iron Junqueira, escritor)

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias