Brasília “Venturis ventis”
Redação DM
Publicado em 19 de abril de 2016 às 03:30 | Atualizado há 9 anosTodas as cidades existentes no mundo, independentemente da cultura de cada povo criam vínculos inseparáveis, com cada uma dessas sociedades. Seja no folclore, nos ritos ou como se dispõem os traços urbanístico-arquitetônicos de cada uma delas, ou seja, tudo é indissociável!
Em 1883, o padre italiano Joao Melchior Bosco (1815-1888), conhecido como Dom Bosco teve uma profecia que surgiria entre os paralelos 15 e 20, do Hemisfério Sul, a Terra da Promissão de riqueza inconcebível. Exatamente nessa área é onde foi construída Brasília, no interior de Goiás, com a participação maciça do povo brasileiro os quais passaram para a história como Candangos – foram protagonistas de um projeto ousado de rara beleza, Brasília: um marco da engenharia moderna do século XX!
Em 21 de abril de 1960, é inaugurada Brasília, um dia histórico para o Brasil no Centro-Oeste do planalto brasileiro de Goiás. A capital brasileira, à época da construção de Brasília era no Rio de Janeiro, desde 1763, mas já era idealizada para o centro do país, desde 1716, pelo Marquês de Pombal (1699-1782), então primeiro-ministro de Portugal, o Brasil sob a luz do domínio português. Como também fazia parte das Constituições de 1891, 1934 e 1946, a sua edificação dentro da mesma localização. Escreveu em seus artigos, em 1813, o jornalista Hipólito José da Costa (1774-1823), do Correio Braziliense, editado em Londres em defesa da interiorização da capital do País, para uma área “próxima às vertentes dos caudalosos rios que se dirigem para norte, sul e nordeste”.
A construção da nova capital só foi possível graças à determinação do presidente brasileiro Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), o qual planejou e construiu em seu governo (1956-1961), Brasília: Capital da República Federativa do Brasil. “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.” Presidente Juscelino Kubistchek, em 02/10/1956, no inicio das obras de Brasília.
Importantes colaboradores do presidente Juscelino foram decisivos para a construção de Brasília, entre eles: o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) “O escultor de espaços”; o paisagista Burle Max (1909-1994) “O poeta dos jardins”; o urbanista Lúcio Costa (1902-1998) “O homem que inventou Brasília”; o administrador Israel Pinheiro (1896-1973) “O homem que dirigiu a construção de Brasília”; o engenheiro Bernardo Sayão (1901-1959) “O desbravador” e o engenheiro civil Joaquim Cardozo (1897-1978) “O homem que calculava”. E entre outros personagens que fazem parte da história de Brasília podemos destacar: o escultor e desenhista Athos Bulcão (1918-2008) “O artista de Brasília”; a artista plástica Marianne Peretti “A Dama dos Vitrais” e Dona Sarah Kubitschek (1909-1996) “A eterna primeira-dama do Brasil”.
Brasília é única, como dois corpos que não ocupam o mesmo espaço no mesmo tempo. Linda, emblemática e acolhedora. A cidade que impressiona pela arquitetura dos vãos livres e das curvas espetaculares; como a Praça dos Três Poderes composta pelo Palácio do Planalto (Executivo), Supremo Tribunal Federal (Judiciário) e o Congresso Nacional (Legislativo).
Monumental, sem deixar de ser terna. Serena e de intensa luminosidade proporcionada pela generosidade de muito sol, inclusive no período da estiagem quando florescem os ipês que culminam em paisagens deslumbrantes dando vida à cidade – onde habitam brasileiros de todas as 27 unidades da nossa Federação.
Brasília, equilibrada no eixo central do planalto brasileiro de Goiás, como uma mãe de avental à espera do filho que estar por vir. A capital de todos os credos, da multiplicidade racial e do verde abundante é também território internacional com mais de cem embaixadas aqui estabelecidas de países de todos os continentes.
Assim é Brasília que encanta com sua leveza e projeto arquitetônico que arrebata todos os povos. O arquiteto Niemeyer sintetizou em uma célebre frase o que representa para o Brasil e o mundo o conjunto arquitetural da Capital Federal, por ele mesmo desenhado. Disse: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo – o universo curvo de Einstein.”
Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade declarado pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, em 1987. A “Cidade-Parque”, como é também conhecida a capital brasileira é bem situada geográfica, estratégica e politicamente. O Brasil no centro do mundo!
(Brasilmar Nascimento Araújo, articulista e poeta – [email protected])