Opinião

Brigando por causa dum pedaço de bife?

Redação DM

Publicado em 8 de dezembro de 2015 às 22:18 | Atualizado há 10 anos

Já repeti, inúmeras vezes, que o propósito do autor foi e sempre será não omitir absolutamente nada do misericordioso leitor, aliás, de ninguém e, a proposital falta de modéstia neste artigo, onde volto a falar de mim como se eu fosse “algo” ou “alguma coisa” decorre, acho, da minha reação diante de algumas pessoas, duas inclusive do “seio familiar” que, acho também, motivadas pelo rancor, ódio, inveja, desconfiança, ou alguma coisa que fiz e não me recordo, sei lá – acho, mesmo, que é falta do que fazer porque arrumar um tempinho para escrever essas “mal traçadas linhas” está ficando cada vez mais difícil porque tenho que dançar miudinho para atender uma princesa de sete anos, diuturnamente, quer dizer, dia e noite, correndo feito doido, rezando, implorando para sobrar um tempinho para eu falar “oi” para os amigos do Face, um bilharzinho, nem sonhar! – então, os “taizinhos”, com tempo de sobra, alguns até aposentados, cuja grande, aliás, imensa maioria, nunca leu mais que meia dúzia de livros na vida – promovem um zum-zum-zum acusando-me de aproveitar-me do espaço para desabafar problemas particulares, domésticos, ou seja: “Lavando roupa suja fora de casa”, como diziam antigamente, quando não existiam lavanderias, então, como a melhor defesa é o ataque, resolvi atacar sem prestar atenção no que restará de mim, preocupado mais com a intensidade dos meus golpes e a quantidade de estragos que promoverei do que, propriamente, com o a minha imagem ou pessoa ou coisas do gênero e fico do tipo “não estou nem aí” – e, por falar em guerra, defesa e ataque, parece que estou mesmo sozinho nesse deserto à gritar que o “cavalo”, no jogo de xadrez, não é a única peça que pula pois o “rei” também pula por sobre as “torres” no “roque maior” ou no “roque menor” e, portanto, os manuais de xadrez deveriam ser revisados – voltando, segundo eles, os “taizinhos”, eu estaria ficando “pinel de vez” porque também mencionei, em alguns artigos, que não é preciso pensar muito, nem gastar muitos neurônios para deduzir quem foi, é e sempre será, enquanto o Brasil existir, o maior dos poetas, o mais cantado, o mais notável, que é o colendo Antônio Gonçalves Dias porque no Hino Nacional, Osório Duque Estrada transcreveu dele, do poema “Canção do Exílio” – considerada a “maior de todas as poesias escritas por um poeta brasileiro” – o seguinte “trecho”: “Nossos bosques têm mais vida” / “Nossa vida” em teu seio “mais amores”, que dizer, como mencionei no artigo “O Brasil em 2515”, nos momentos mais alegres e tristes da nação brasileira, nossos tatatatataranetos estarão cantando Antônio Gonçalves Dias. O misericordioso leitor acredita que este fato é desconhecido até por professores de literatura e história? Reparem que “em teu seio” não tem aspas, portanto, Duque Estrada tinha, como propósito real, incontestável, propagar o seu poeta predileto “quebrando as aspas”, para enfatizar, mas, segundo os “taizinhos” eu estaria, e incessantemente, “puxando sardinha para o meu prato” porque o meu “sobrenome” é Gonçalves Dias, ora, ora, ora, ora eu não tenho culpa nem no cartório aonde fui registrado, na Santa Cecília em São Paulo, Capital, nem em nenhum outro cartório do universo por ter no nome Gonçalves Dias e, muito menos, por ter-me tornado aquilo que me tornei, mas, desde criança, que fique bem registrado, o meu sonho sempre foi ser jornalista, então, sendo eu fruto do meio em que vivo, produto das influências amores e desamores que recebi ou não, dos familiares, amigos e inimigos peço, não, não, não, não, peço não, imploro, rogo encarecidamente: não confundam a minha obra – e conforme sempre brinco posso, tranquilamente, chamar meus artigos, crônicas e poesias de “obras”, porquanto, até a merda que defecamos na água, todos os “dias” e noites, é alcunhada de “obra” – então, por favor, não confundam a obra com o autor.

O bom de começar um novo parágrafo é podermos mudar de assunto, mas, como já comecei e não gosto de começar e não terminar, nem que eu tenha que demorar algumas décadas, como é o caso da “é” (que é uma empresinha que eu fundei em 1980 e tornou-se uma das melhores empresas de desinsetização do país, ou seja, eliminação de pragas sem riscos para seres humanos nem animais domésticos, atuando em cinco Estados e no Distrito Federal e, agora, devido o falecimento duma sócia, da minha querida mãe, alguns dos taizinhos mencionados, coitados, estão torcendo, fazendo de tudo ou “não fazendo nada”, o que é pior, para verem-na falida, a empresa, e eu, claro, engraxando sapatos na Praça Tamandaré ou na Praça da Sé – qual será que eu escolheria? Fui engraxate e engraxo bem, modéstia à parte… – esquecem-se que ela, a mamãe, está lá na outra dimensão torcendo por mim, como sempre esteve e, como sempre repito, para quem sabe ler um pingo não é uma letra, um pingo é apenas um sinal, por sinal, um sinal desnecessário…

Não resisto e vou mencionar, também, que quando começamos a propagar por aqui, neste matutino vanguardista, que os e-mails da presidenta Dilma Rousseff e da Petrobrás estavam sendo espionados pelo governo estadunidense, ou seja, os EUA, em 2012, muitos leitores e amigos falaram que eu queria saber mais que o Itamaraty e que eu estava “viajando na maionési”: “Os e-mails da presidente Dilma espionados? Você tá ficando lelé mesmo!” Eu não tenho culpa, também, desse pessoal não conhecer Jean Luc Ponty, Mozart e nem Parov Stelar. Eu respiro, aspiro e transpiro música desde que me conheço por gente, mesmo porque o meu pai, que sempre chamei de papai, tratou de me colocar no piano com seis anos e, com nove anos, (a mamãe teimava que eu tinha oito anos apenas, preciso verificar isto nos arquivos da Unaerp em Ribeirão Preto), apresentei o meu primeiro recital na Rádio PRA-7, transmitido para Ribeirão Preto e toda a região da “Alta Mogiana”, claro, ao vivo, a plateia da rádio superlotada e eu tocando Contos dos Bosques de Viena, Danúbio Azul de Strauss, Ave Maria de Schubert, Por Elise de Beethoven e outras e, por incrível que pareça, quase cinquenta anos depois, lembro-me das palavras do apresentador, o Porto Alegre, que se tornaria grande amigo da família, anunciando-me mais ou menos assim: “E agora, com vocês, o menino prodígio, o Beethoven de Ribeirão Preto, Henrique Gonçalves Dias”, bem, quando ouvi aquilo as minhas pernas, quer dizer, gambitos, começaram a tremer muito mais e acho que ali começou o meu “bloqueio”, o meu “trauma” com o piano e, logo depois, com onze anos, abandonei os estudos de música e fiquei, literalmente, trinta anos sem “tocar” num piano nem qualquer outro instrumento. Um dos sonhos do papai era que eu me tornasse maestro, de preferência “militar”. O papai tinha o nome do poeta e foi registrado assim mesmo: “Antonio Gonçalves Dias Filho”. Sou, na verdade, um mero espectador da minha história concretizada à revelia da minha vontade e até das minhas maiores expectativas, como “todo mundo” né? O misericordioso leitor observou que eu coloquei assento agudo na palavra Petrobrás? É, tem gente brigando por causa do “agudo” e tem gente que não se conforma, também, com a minha “mania” de chamar a dona Dilma Rousseff de “presidenta”. É igual xeróc e xeroc, clitóris e clítoris… Lembrei-me duma anedota aonde um amigo diz pro outro: “Cumpadri antigamenti nóis dava um boi pra num intra numa briga e dispois uma boiada pra num saí. Agora, lá em casa, nóis tá brigandu por causa dum pedacim de bife”. Até.

 

(Henrique Gonçalves Dias,jornalista)

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