Opinião

Câmara Municipal de Rio Verde, 70 anos

Redação DM

Publicado em 14 de julho de 2016 às 02:27 | Atualizado há 9 anos

Aposentei-me, no Fisco estadual, no ano 2000. Fi-lo com dupla emoção:  despedida e perspectiva.  Amo o Fisco de Goiás, mas chegara o tempo de me recolher ao lar que a virtude da minha esposa em santuário transformou. Descortinava-se, para mim, a oportunidade pela qual muito aguardava: dedicar-me, mais intensamente, aos livros e à memória regional, sobretudo a rio-verdense. Perspectivas de crescer intelectualmente, viajar, criar o Instituto Histórico e Geográfico de Rio Verde, ajudar nossa Academia de Letras, firmar-me como cronista e memorialista , oxalá colaborar com um jornal de Goiânia e ser escritor.

Nesses 16 anos, mais alegria colhi do que tristeza, viajei pouco, mas o fiz, inclusive se concretizou vontade visitar outro país, e com Buenos Aires me deleitei, mas prefiro  Rio de Janeiro. A família, bendita família, em graça e em número cresceu; chorei morte pessoas muito caras ao meu coração e  garras do Parkinson se lançaram sobre mim. Liderei criação do Instituto Histórico e Geográfico  de Rio Verde, inerte por falta da sede que lhe fora prometida; elegeram-me, mesmo  em vida, patrono da Academia  Rio-Verdense de Letras, Artes e Ofícios. Também esse sodalício está ferido porque o desalojaram e hoje se reúne  na residência da acadêmica Maria Luiza. Envaidece-me compor grande equipe de colaboradores do Diário da Manhã, jornal que vem do inesquecível “Cinco de Março” do atrevido e romântico Batista Custódio. Escrevi e publiquei mais livros, contudo continuo aprendiz de escritor.

Cumprindo minha sina de memorialista, lembrei-me de que muitas Câmaras de vereadores, pelo País afora, dentre elas a de Rio Verde, completarão 70 anos em 1917. Então  me enderecei ao senhor presidente da Casa, vereador Iran Cabral, para lhe expor desejo de buscar, nas atas, desde a primeira, subsídios para produzir um livro  que vai da eleição e instalação  da Casa,  em 1947, sob a égide da Constituição de 1946, até a posse da primeira Mesa da 18ª legislatura que sairá das urnas de outubro deste. É uma tarefa difícil, porém dignificante. O presidente se prontificou a me dar o  necessário endosso para que esse elevado propósito se cumpra. Tenho carro, mas não dirijo; moro longe do Palácio Iturival Nascimento(sede da Câmara) e pedi que me levassem e trouxessem. Solicitei assessoramento e sala. Não fui à Presidência para vender minha mão de obra, mas me oferecer para incensar a memória de Rio Verde. Avisaram-me que estão providenciando a sala. Tomara  que não se esqueçam do que está, verbalmente, acordado.

Por ocasião do 60º aniversário da Casa, escrevi, um pouco atabalhoadamente, por convite do então presidente, vereador Dione Vieira Guimarães, opúsculo sobre todos os que a presidiram, e por esse trabalho fui remunerado e homenageado, ficando a Câmara com os exemplares. A remuneração pelo serviço cobre direitos autorais? Pergunto porque, há mais ou menos um ano, a Mesa o reeditou com acréscimo das sínteses dos presidentes que vieram depois dos 60 anos,  sem meu conhecimento, mas me apontando como  autor( da segunda parte, e não o fui). Por quê?

Confesso que, no primeiro, por lamentável descuido, não fiz contar o presidente Dione, que me emprestara apoio e efetuara o pagamento. A reedição o evidenciou. A ele, à memória rio-verdense, ao Palácio Iturival Nascimento e ao povo em  geral, constrangido e revoltado contra mim mesmo, peço, de coração, desculpas.

 

(Filadelfo Borges de Lima reside em Rio Verde, natural de Jataí, auditor fiscal aposentado, autor de vários livros, maçom grau 33, sócio-fundador da “Academia Rio-Verdense de Letras, Artes e Ofícios” e do “Instituto Histórrico e Geográfico de Rio Verde”, curso superior incompleto – Letras)

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