Carnaval – 2018 – Suas origens
Diário da Manhã
Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 21:16 | Atualizado há 7 anos
Tem muita gente que cai de corpo e alma no carnaval, mas se for feita uma simples pergunta sobre o que significa, muitos ignoram. E seria bom saber. Vamos lá! Carnaval é sinônimo de folia e orgias, delírio coletivo. O carnaval deve ter vindo bem antes de Cristo, comemorado com corridas de carros, cavalos, gente mascarada em cortejos, dançando, bebendo e comendo bastante carne. Posteriormente, em Roma, os carros “alegóricos” eram puxados por cavalos e bois, e tinham a forma de navios (naval), Carrus navalis, de onde, Carro naval, foneticamente aceitável. Do baixo latim carnelevamen, modificado em “carnevale”, Carne, vale! Adeus, carne! Festa onde se aproveitava para comer muita carne, porque depois, com a Quaresma, vinha a abstinência. O carnaval no Brasil chegou com o “entrudo”, trazido de Portugal nos meados do século IXX. Entrudo significa entrada, intróito, introdução. Era uma mistura de patrões e escravos, estes carregando tabuleiros com os ingredientes para os senhores fazerem as batalhas nas ruas: bilhas, latas, cântaros, potes de água, jogavam de tudo, uns nos outros; além de água, ovo cru, alvaiade, vermelhão, farinha de trigo, cartuchos de pós diversos, polvilho, feijão, arroz, areia… Posteriormente, limão de cheiro, laranjinhas de cera, perfumadas. Baciadas d´água atiradas das janelas nas pessoas que passavam distraídas. E ninguém se zangava, mas procurava desforrar, devolver, tudo na base de brincadeira. Isso tudo foi substituído por confete e serpentina, e pelo lança-perfume (primeiro em vidro, depôs em metal, marca Rhodia), que hoje está proibido devido ser tóxico. As danças eram as polcas, mazurcas, valsas, quadrilhas, maxixes. Depois passaram para as marchinhas e sambas, indo para o maracatu, o batuque, a marcha-rancho e o frevo, este em Olinda e Recife. O frevo foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Frevo vem de “frevura”, deturpação de fervura. A Bahia inovou com a dança-da-galinha, a lombada, o fricote e o axé. A primeira composição carnavalesca foi composta por Chiquinha Gonzaga, no último ano do século XVIII: “Ô abre alas, que eu quero passar…!” Neste ano começaram a sair às ruas os blocos com músicas próprias. Depois os blocos foram restritos aos salões. Posteriormente voltaram para as ruas, principalmente nos sambódromos do Rio de Janeiro e São Paulo, e nas praças de Recife e Salvador. O Zé Pereira (tocador de bumbo), que é o anúncio, a introdução do carnaval, surgiu no Brasil em 1846, com o sapateiro português, José Nogueira de Azevedo Paredes, que era tocador de bumbo (tambor grande) e de som grave (surdo), que marcava o ritmo. Paredes, de madrugada, saía anunciando o carnaval, tocando o seu bumbo nas ruas do Rio de Janeiro, como fizera em Portugal: “E viva o zé-pereira/ Que a ninguém faz mal/ Viva a bebedeira /Nos dias de carnaval”. O zé-pereira foi arregimentando foliões, criando os cordões e depois os cordões evoluíram para os blocos e ranchos. Eram grupos de foliões com fantasias iguais, cantando música própria ou as de mais aceitação, usando pandeiro, violão, caixa, saxofone, adufe, cuíca, reco-reco… Cordão, porque os foliões vinham com uma corda, indo e vindo, puxando uns aos outros, na maior algazarra. Hoje os blocos foram substituídos pelas escolas-de-samba, e as marchinhas e sambas, pelo samba-enredo, que só as escolas cantam. Confetes e serpentinas vieram da Espanha no final do século XVIII. Em 1840 houve, no Rio de Janeiro, o primeiro baile de máscaras, no Hotel Itália. O Rei Momo, na mitologia grega, é o Filho do Sono e da noite. O primeiro, em 1933, no Rio, foi o sr. Francisco Moraes Cardoso. O carnaval já teve as figuras importantes do Pierrot, do Arlequim e da Colombina. A Igreja regulamentou o carnaval para o sétimo domingo antes da Páscoa. É por isso que há carnaval, ora em fevereiro, ora em março.
Nos salões não há samba-enredo, predominam as marchinhas antigas, que dão mais animação: “Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar, dá a chupeta, dá a chupeta pro bebé não chorar…” – “Alalaô, ô ô ô, mas que calor, ô ô ô …” – “Viemos do Egito, e muitas vezes tivemos que parar… Aláh, Aláh meu bom Aláh, manda água pra Ioiô, manda água pra Iaiá, Alah, meu bom Alah…” – “Ei, você aí, me dá um dinheiro aí…” – “Nêga do cabelo duro, qual é o pente que te penteia? (Essa já não se canta mais).
Também compus uma marchinha carnavalesca gravada com Lindomar Castilho e a Jô, filha do saudoso e principal seresteiro goiano, Josaphat Nascimento:
CARNAVAL DA VIDA
Comprei uma camisa de linho
Pra sair com o meu amor,
Ela me disse, não, não, hoje eu não vou,
Me desculpe Colombina,
Não me leve a mal,
Faço dela serpentina
Pra brincar no carnaval!
E pra curtir o meu fracasso,
Com uma máscara fiel,
Eu vou sair de palhaço,
Que sempre foi o meu papel.
La-ra-la-ra-la…
Macktub!
(Bariani Ortencio. barianiorten[email protected])