Opinião

Carta à sociedade

Redação DM

Publicado em 14 de maio de 2017 às 02:18 | Atualizado há 8 anos

O Artista como um Demiurgo, tem que ter a liberdade, a isenção estética e o domínio relativo ao seu trabalho; digo “relativo”, porque no exercício da criação, na solidão do estúdio ou na elaboração de uma obra de arte em qualquer latitude humana tem algo que escapa ao seu controle: A intuição. Essa, em uma misteriosa dialética com o racional do criador se torna linguagem universal. Ele (o artista) e o primeiro espectador de sua criação, capaz de imprimir ao longo de sua carreira um inconfundível vocabulário de composição, cores e conceitos que pode ser compreendido desde o espectador mais simples ao mais sofisticado.

O Estado de Goiás, ainda com pouco mais de meio século de história da Arte Moderna e Contemporânea já apresenta uma plêiade de grandes nomes artísticos como o Carlos Dacruz, um dos artistas mais técnicos, de um desenho refinado, ajustado com uma sobriedade de cor, único no amalgama da arte Brasileira.

Dacruz, um raro componente da cena artística no Centro-Oeste do Planalto Central Brasileiro, com várias exposições no Brasil e no exterior está contrariado com a restauração de um de seus painéis urbano, um dos raros trabalhos remanescentes do projeto GALERIA ABERTA, que se constitui este, um dos principais movimentos de arte urbana sedimentado com distinção na história da arte Goiana e Brasileira dos anos 80.

A AGAV ((Associação Goiana de Artes Visuais) no âmbito de suas atribuições em defesa do artista e seu legado Cultural lamenta o lastimável restauro da obra de Carlos Dacruz, essa mesma obra em face de um Edifício na Rua Goiás, no Centro da Capital Goiana. Uma obra seminal que integra o acervo público doada a população goiana, no projeto de cultura do município denominado de GALERIA ABERTA, foi desfigurada de seu projeto original em detrimento de uma restauração, a meu ver, desastrosa e amadora.

O trabalho perdeu sua harmonia de cores e formas originais; em meu entender, não se tratou de RESTAURO, a obra foi repintada, destituindo parcialmente a estética do esmerado Carlos Dacruz.

Eu acompanhei o trabalho desse singular artista desde a gênese do referido mural na década de 80, e afirmo que a restauração não faz justiça ao grande profissional que o criou.

 

Nonatto Coelho, presidente da AGAV (Associação Goiana de Artes Visuais)


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