Opinião

Centenário de nascimento de Ulysses Guimarães

Diário da Manhã

Publicado em 27 de novembro de 2016 às 01:02 | Atualizado há 8 anos

Os principais acontecimentos da história política da jovem democracia brasileira têm um personagem em comum: Ulysses Guimarães. O doutor Ulysses – o Senhor Diretas, o Senhor Constituinte, o político que lutou na linha de frente pela redemocratização do país em 21 anos de regime militar – completaria 100 anos de idade dia 6 de outubro último.

Infelizmente, também em outubro, em 1992, mais precisamente no dia 12, Ulysses deixa órfã uma legião de correligionários. O legado político, no entanto, é imortal. Mesmo 24 anos depois de sua trágica despedida, suas sábias e elaboradas ideias continuam sendo citadas em todos os discursos, e suas decisões e posicionamentos continuam inspirando e motivando lutas de novos e antigos “emedebistas”. Ulysses é, sem dúvida, a maior liderança do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB.

Comunicador nato, sabia, como poucos, reconhecer a importância de lidar bem com a imprensa.

Deputado federal por 11 mandatos seguidos, o principal momento de sua trajetória foi, mais uma vez, no mês outubro, no dia 5. Em 1988, depois de muitos anos de luta para devolver o país à democracia, Ulysses entregava ao povo o documento que estabeleceu o Estado Democrático de Direito no Brasil. Naquele dia, na cadeira de presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses ergueu o nova Constituição Federal e proclamou: “Declaro promulgada. O documento da liberdade, da dignidade, da democracia, da Justiça social do Brasil. Que Deus nos ajude para que isso se cumpra”.

A atual Constituição Federal brasileira foi por ele batizada de Constituição Cidadã para destacar o que foi inserido na Carta Magana: a garantia ampla de direitos fundamentais – sociais e de trabalho.

Ulysses nasceu em Rio Claro, interior de São Paulo. Casou-se com Ida de Almeida Guimarães, a dona Mora, então viúva, já com dois filhos – Tito e Celina. Formou-se na Faculdade de Direito da USP. Foi vice-presidente da UNE, União Nacional de Estudantes, professor e advogado.

Começou a vida política em 1947, quando se elegeu deputado estadual pelo PSD, Partido Social Democrático.

Além de deputado federal entre 1951 e 1992, Ulysses Guimarães foi ministro da Indústria e Comércio no gabinete Tancredo Neves durante a curta experiência parlamentarista brasileira, de 1961 a 1962.

Apoiou o movimento que depôs o presidente João Goulart, em 1964, mas logo passou a realizar oposição ao militarismo.

Com a instauração do bipartidarismo, em 1965, filiou-se ao MDB, Movimento Democrático Brasileiro, embrião do atual PMDB. Durante a ditadura, foi anticandidato à Presidência da República, em 1974, como forma de repúdio ao regime militar.

Como presidente do partido, Ulysses participou de todas as campanhas pelo retorno do país à democracia, como a luta pela anistia ampla, geral e irrestrita e a campanha das Diretas Já, em 1984, que lhe valeu o apelido de ‘Senhor Diretas’.

Ulysses foi presidente do Partido do “emedebê” por vinte anos. Participou ativamente de todas as campanhas do partido e foi candidato à Presidência da República em 1989, quando conheceu sua única derrota eleitoral.

Nasceu paulista, viveu intensa carreira política na capital federal e faleceu em Angra dos Reis (RJ), em razão da queda de helicóptero.

Sua trajetória foi mais longe: marcou a vida de todos os brasileiros. É um cidadão de todo o Brasil, um capítulo extenso e importante da história política brasileira.

 

Nailton de Oliveira, advogado, ex-prefeito por três mandatos de Bom Jardim de Goiás, ex-presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM) e ex-presidente do Diretório do PMDB de Goiás

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