Opinião

Clima? Donald Trump na contramão da história

Diário da Manhã

Publicado em 10 de junho de 2017 às 02:19 | Atualizado há 8 anos

Fossem os governantes, anjos, ou mais, arcanjos, não precisariam da interação, participação, controle da sociedade e das instituições afins, para promover um governo legal, espelhado na política, como arte de construir melhor padrão de vida à sociedade. Como não são e nunca foram, mesmo nos tempos idos, esquecidos, em pó perdido, nas brumas dos tempos, o jeito vem a ser a mobilização da comunidade. Embora dotados de razão, todavia, também, de instinto, nem sempre aquela consegue cavalgar este, pois, vivem sempre impregnados de fera paixão. Prova disso, pode ser vista com o presidente, ainda recém empossado, da maior potência do mundo, segunda maior poluidora da terra, quase rivalizando com China, a maior de todas. Embora Obama, então presidente, tenha assinado o protocolo de Kioto, Japão, relativo à restauração climática, retrocede, premiando, emulando sua paixão, ao romper o acordo firmado, também pelo seu antecessor, na memorável reunião do clima, em Paris.

De forma que, para aliviar os gravames decorrente da paixão política é preciso fazer o acordo, em referencia, funcionar e funcionar bem! Para tanto, carece de participação, maior virtude pública da democracia. Uma participação ordenada, pacífica, ocupando o lugar das subversivas, sabidamente desordeiras. Um cidadão/ã, isolado não vale uma pitada de fumo, no entanto, unidos, como a célebre alavanca de Arquimedes, fundada num ponto de apoio, no caso legitimidade, determinação, sabedoria, podem reverter a posição instintiva de líderes, como Donald Trump e outros mais, que venham sabotar a “implementação” das medidas aprovadas, naquela memorável reunião do clima. Todos têm que ser conscientizados da gravidade do calor crescente afetando o clima, a cada ano, mais carregado dos infernais gases de efeito estufa (CO2), poluindo, assolando, subvertendo, de modo assustador a natureza, ameaçando a vida na terra.

Assim, patrício leitor, torna-se imperativa a participação da comunidade nacional e internacional, escrevendo agora, história homérica, para ser contada às gerações futuras, como singular feito, sublime gesto, ao realizar em cadeia, mobilização geral, no combate a degradação, emissão de gases nocivos à vida. Para tanto, fazendo corrente, formando opinião, ou seja, você motiva o vizinho, o vizinho o outro vizinho, e, assim por diante, despertando, da inação para a ação, indistintamente, todo mundo, calcado no civismo, cidadania, agindo, atuando, para vencer, o, ora, angustiado mal-estar, contudo, amanhã, inusitado bem-estar, desgarrado de ameaças. Para reverter o atual quadro negro crescente terão que levantar, com douta sabedoria, todas as fontes emissoras de gases mortíferos envenenadores, mortificadores da atmosfera,

determinando, de forma contundente, sua remoção, remoção de maneira sabia, de modo a não afetar o desenvolvimento.

Condenar somente as fontes de energia suja, como petróleo, não resolve, pode-se primeiro tentar, por meio da tecnologia, reduzir a emissão de gases nocivos a quase zero, valendo-se de política de incentivos fiscais, tanto para acabar, ou racionalizar a suja, como incentivar pesquisa de aproveitamento, em série, das energias limpas, como a solar e a eólica. Aliado ao cochilo dos gestores públicos com o meio ambiente, descuido maior aconteceu com a política destituída de ética. Com efeito, leitor, os gestores encontram-se enfermos na moralidade, portanto, malcheirosos, tal qual, chapéu queimado. De forma que, a desconfiança do povo amolece, emperra a participação, mobilização da comunidade, por isso, os mais possuídos de civismo têm que se valer dessa qualidade, fazendo corrente, formando opinião. Além do mais, é sabido que uma andorinha só não faz verão, entretanto, a carburação crescente da atmosfera não pode continuar, pois, ela trama, cada vez mais, contra a vida humana na terra.

“Alea jacta est”, a sorte está lançada. Para alcançar o que desejamos temos que afastar as barreiras, barreiras terríveis que azucrinam o ambiente, numa conjuntura marcada pela falta de vergonha na cara dos políticos. Porém, o descuido com o clima não pode esperar mais, o momento, condicionado pela reunião do clima, é agora. Seu anverso seria embora, imaginário, holocausto; contudo, bem-sucedido traz, como corolário, o clima salutar de volta, retorna-se então, o dilema da participação, mobilização altiva, pacífica de todo lugarejo, cidade, metrópole, despertando, inclusive, a ONU.

Como se sabe, o desafio é crucial, portanto, exige fôlego, audácia, para reverter a atual onda avassaladora de vendavais escabrosos: clima angustiante, temperatura dois graus acima do normal, má distribuição de chuvas. O Estado não gera tributos, de forma que, bem ou mal gerido, funciona com os tributos pagos pela sociedade, então ela, exclusivamente ela, daqui e do mundo, paga a conta de tudo, administração pública. Imagine! Paradoxal, das mordomias, mesmo em época de crises como as atuais. Por isto, aqui e no mundo não pode faltar verba para consertar o clima. No âmbito interno e mundial, essa tolerância exagerada no combate a poluição, por culpa da própria humanidade, entretanto, máxima culpa dos governantes de todo o planeta.

Com efeito, omissão, inação perdulária no cumprimento da lei, embora exaltada na oratória, como a mais sublime das artes, por Rousseau, filósofo mor do Iluminismo, movimento que precedeu o renascimento, qualificando-a, a mais sublime das invenções humanas; “Lei, ó lei, a mais sublime das invenções humanas”, quando não vigiada, controlada, pela sociedade contribuinte, é sabotada, os governantes ficam livres para praticarem toda sorte de desatinos, inclusive, por conveniência, não cumprir, atropelando essa sublime lei. Todo ser humano, por conveniência, uma

conveniência destituída de visão, mais animada pelo instinto, é levado a cuidar, somente de seus pertences, esquecendo dos bens, pertencentes a todos, constituídos pelo patrimônio público.

Por isto, o desinteresse, acaba, como se pode ver, na conjuntura nacional, como na internacional (clima na berlinda) muito mais prejudicial, tanto ao seu próprio bem-estar, de agora, como futuro. Razão pela qual, a educação política tem que ser obrigatória, como a matemática, português, nas salas de aulas, educando na teoria e prática, o aluno para a vida política, política como arte de promover seu próprio bem-estar, que carece do bem-estar da mãe natureza. O eleitor, entesourando conhecimento, pode antever a velhacaria, e, pela reflexão, passar rasteira no discurso demagogo, populista, que vive a passar fel nos seus lábios difundindo-o como delicioso mel, onde, você, enquanto despolitizado, incauto, aceita de bom grado, pois, encantado com a oração, conto de sereia, exclama inebriado, que delícia de néctar! Assim, os sábios antigos, como Aristóteles, Sócrates, Platão, preteriam a democracia, em favor da aristocracia, ou mesmo monarquia, esta, governada por um rei filósofo.

Entrementes, voltando ao assunto de combate aos efeitos nocivos contra a natureza, – ontem passou, quase imperceptível, o dia nacional do meio ambiente – faça seu exame de consciência, reflita sobre a gravidade atual de nosso clima. Saia da indiferença para a insistência, faça corrente, forme opinião, relembrando a obrigação de todos, no combate a emissão dos famigerados gases de efeito estufa, concitando, a todo o momento luta renhida contra a poluição da atmosfera, sem fronteiras.

 

(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)


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