Como as mudanças psicológicas “explicam” a explosão da bandidagem no Brasil
Redação DM
Publicado em 29 de janeiro de 2017 às 00:41 | Atualizado há 8 anos
O “opressor mundo patriarcal” tinha mesmo de ser desafiado. Regras secularmente impostas pela força dos homens não podem deter a evolução da mulher. Nenhuma evolução pode ser detida por regra nenhuma. Temos de ter liberdade total, inclusive para errar. Num primeiro momento dessa “revolução feminina”, quando as mulheres saíam para trabalhar mas o mundo ainda tinha “moral”, isso gerou “filhos fracos” ( isto é, sentindo muita falta da mãe ) mas disciplinados, ou seja, “carentes de mães”, mas comportados. Alguns destes “homens fracos e carentes de mulher” explicam grande parte dos feminicídios atuais : tais “homens dependentes” não aceitam a “rejeição da mulher”, “querem a mulher ( inconscientemente, a mãe ) só para eles”.
Mas este “enfraquecimento dos homens” foi até bom, os homens passaram a valorizar mais as mulheres, dar-lhes atenção, amor, “cobri-las de presentes”, etc.
Com o aprofundamento da força da mulher e do “derretimento do homem”, a “moral masculina” foi ficando ainda mais em baixa. O mundo passou a ser uma enorme navalha castradora : tudo que denota a menor força máscula tem de ser eliminado. Aí, este tipo de criação, gerou um novo tipo de homem : não mais o “homem fraco”, mas o “homem psicopata”, um homem, ao mesmo tempo sem lei, “reizinho do pedaço”, pois um homem narcizado por uma mãe que deixa fazer tudo que ele quer. O índice de divórcios que já beira um em cada dois casamentos, mostra que aumentou muito a intolerância da mulher às “truculências” do homem. O problema é que, na mente do homem, o que pode ser julgado como “truculência” está muito próximo de uma coisa mais sadia : o desejo de cuidar. Até para um homem bem-intencionado é muito difícil dosar onde termina um “desejo de proteger” e começa uma “truculência asfixiante”. A hiper-força feminina tendeu , por um erro de calibragem, a anular o “desejo de proteger e de cuidar” junto com a anulação da truculência.
Sem a necessária castração protagonizada pelo elemento paternal , esta “segunda geração masculina pós-feminista” tornou-se uma “mente animal-psicopática”, isto é, uma mente voltada apenas para o prazer ( inclusive o de brigar e de matar ) e para a auto-satisfação narcísica. Mesmo a primeira geração masculina pós-feminista, a “geração fraca”, tem colocado sérios desafios à mente da mulher : muitas mulheres reclamam de seus maridos/companheiros muito “frouxos”, “acomodados”, dependentes delas ( “eu sou como uma mãe para ele” ), muito “fracos, apaixonadinhos/grudentos , baba-ovos, nenenzinhos”… Tais homens sem força, e sem poderem ter força, permitem que , em muitos casos, a eterna insatisfação e inquietação feminina atinja um grau tão alto que nem elas mesmas se agüentam. Como eu disse acima, qualquer pessoa, seja homem e mulher, sem castração, entrega-se a si própria e aí tende a destruir-se.
(Marcelo Caixeta, médico, é coordenador de um serviço hospitalar de psicologia médica ( [email protected] ). Escreve para o Diário da Manhã)