Como nasce uma cidade (Homenagem a Goiânia)
Diário da Manhã
Publicado em 9 de outubro de 2018 às 23:43 | Atualizado há 7 anos
Como nasce uma cidade, nós nos perguntamos,
Quando andamos pelas ruas tumultuadas do tempo de hoje.
E percebemos que uma cidade não nasce apenas do tijolo e da areia,
Em que misturam sonhos, pensamentos e ambições.
Cidades nascem, também, pela sintonia dos corações…
Uma cidade nasce no anseio de sua gente operosa
Numerosa, batalhadora, com seus sonhos pequeninos.
Nasce nos toques dos sinos das catedrais
E no barulho de pássaros em todos os quintais.
Uma cidade nasce com seus amores desbotados
Resguardados nos bancos das praças silenciosas
Mudas testemunhas de juras eternas e esquecidas
Que marcaram para sempre tantas vidas…
Assim nasce uma cidade,
Uma cidade atemporal
Que nem idade mais tem
Em tudo de estranho que, hoje, ela contém.
Assim nasceu Goiânia no Cerrado
Capital brotinho de tantos sonhos.
Ruas abertas na amplidão das campinas
E nas solidões dos ermos, aos pios das jaós.
Passeavam inhambus e seriemas nas ruas
E gente que deambulava sem pressa pela poeira
Conversava e relembrava a dificuldade
De ser gente pioneira de uma nova cidade.
Era assim Goiânia ainda sem nome, na fria manhã de junho,
Em que duas irmãs mocinhas, vencendo o frio das campinas,
Eternizaram o nascimento da Avenida Tocantins
Abrindo-se após a derrubada do Cerrado, além de todos os confins…
E elas, as mocinhas, mudamente me dizem, em doces ternuras,
Que é assim que nasce uma cidade
Feita de sonhos, tijolos, areia, andaimes e juras, em todas as lonjuras,
Marcada, agora, pela indelével e imorredoura, saudade!
(Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado, Graduado em Letras e Linguística pela UFG. Especialista em Literatura pela UFG. Mestre em Literatura pela UFG. Mestre em Geografia pela UFG. Doutor em Geografia pela UFG. Pós-doutorando em Geografia pela USP. Professor. Poeta. bentofleury@hotmail.com)