Conglomerado empresarial participativo
Diário da Manhã
Publicado em 10 de janeiro de 2018 às 00:33 | Atualizado há 7 anos
O objetivo maior de um administrador voltado para as questões sociais, categoria na qual me incluo, é o desenvolvimento de estudos e pesquisas referentes à evolução socioeconômica do emprego e da renda numa determinada região ou país, bem como a integração desse aspecto no meio político-governamental vigente.
Muitas vezes, por desconhecermos os limites financeiros ou de orçamento dos gestores públicos dentro de um plano geral de governo, costumamos culpa-los pelas restrições vividas, sejam em relação à salário; emprego ou renda. Logo, é função precípua do administrador social esclarecer esses pontos propondo alternativas cabíveis a problemas detectados. É o que, ora procuro apresentar, enfocando uma delas.
No início do processo civilizatório as necessidades humanas eram, basicamente, o alimento e o abrigo. Mas, com o desenvolvimento da sociedade, apareceram outras necessidades, e, hoje, ao contrário do homem pré-civilizado, o homem moderno exige novas e diversas utilidades. E, para atender a essa realidade foram desenvolvidas novas técnicas de trabalho juntamente com uma organização mais eficiente dos fatores da produção (recursos naturais, recursos humanos e equipamentos), sendo o fator equipamentos (máquinas, ferramentas e instrumentos) formado por bens direcionados à produção de outros bens, constituindo, com o dinheiro aplicado na produção, o quê, em economia, chamamos de capital. Daí, nascem as empresas, como unidades produtoras, onde as pessoas combinam e organizam os fatores da produção para a obtenção de outros bens e serviços. Logo, não desprezando o importantíssimo fator recursos naturais, vemos que o funcionamento da máquina produtiva depende diretamente dos recursos humanos e dos equipamentos, ou seja, do capital, o qual é adquirido através do dinheiro.
Analisando o atual momento social-político-econômico por que passa o Brasil, em que pesem as necessárias reformas políticas; previdenciárias; tributárias e trabalhistas no âmbito federal, e, o equilíbrio das contas estaduais em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal por parte dos governadores, podemos facilmente constatar que as mesmas não bastam para alavancarem tanto o mercado interno com o externo. Sem o envolvimento participativo e solidário do povo de qualquer nação não há governo e nem leis que possam promover a sua evolução.
Apesar do mercado de trabalho apresentar-se cada vez mais restrito tanto à nível nacional como internacional, constata-se um certo desperdício de dinheiro por parte da classe média brasileira, e, a necessidade de capital por parte do operariado, formado por trabalhadores de baixa renda, porém com alto valor produtivo, visto possuírem conhecimento prático-operacional de máquinas e instrumentos empregados na confecção dos mais variados produtos. Portanto, por que não aliar o desejo do lucro com o de produção, repartindo, de modo justo, o resultado da produção?
As economias domésticas são as mais adequadas ao desenvolvimento de novas tecnologias e a prática de vários ofícios em muitos países. Todas promovendo a autonomia e a segurança de famílias, comunidades e bairros, aumentando a união e o equilíbrio social.
Muitas comunidades criativas existentes em todo o mundo adotaram a estratégia do “Pensar Globalmente e Atuar Localmente”, desde o modelo chinês de desenvolvimento comunitário auto suficiente até o modelo iugoslavo de auto gestão dos trabalhadores e as economias informais desenvolvidas nos Estados Unidos e em vários outros países.
A mudança para um sistema social e econômico equilibrado exigirá uma correspondente mudança de valores: da auto afirmação e da competição para a cooperação e a justiça social. Aqueles que começaram a realizar essa mudança descobriram que ela não é restritiva, mas, libertadora e enriquecedora.
Em época de inserção do Brasil no mundo, e, do mundo no Brasil, resultante da instaurada globalização, não há mais clima para “governo pai de todos”, mas, “de todos juntos pelo Brasil”.
Observando-se o comércio de produtos populares em geral nota-se uma grande variedade de itens fabricados pelas denominadas “empresas de fundo de quintal”, localizadas, preferencialmente, na periferia das grandes cidades brasileiras, as quais enfrentam consideráveis dificuldades, seja na aquisição de matéria-prima; na compra de novos equipamentos e na obtenção de crédito operacional. Se houvessem mais recursos financeiros essas mini indústrias informais passariam à micro empresas legais, gerando mais empregos e produtos expandindo o seu mercado interno com grandes possibilidades de negócios externos.
É fato público e notório que os salários de nós, brasileiros, só vão melhorar quando a economia retomar o seu processo de crescimento, o que depende da votação das reformas. Paralelamente a isso, analisando tanto o mercado de trabalho no setor público como no privado, constatamos que o mesmo vem sofrendo uma considerável retração de oferta em contraposição ao incremento da demanda seja em decorrência da contenção das despesas governamentais ou do alto custo do crédito empresarial. Por outro lado, em relação ao mercado do dinheiro ou financeiro, verificamos, de tempos em tempos, uma relação aplicação lucro muito pequena considerando-se o prazo de resgate do investido, quando não positivo, dependendo da natureza do investimento. Sendo assim: Por que não investirmos nas pequenas empresas onde o custo do investido é menor do que o benefício revertido, como comprovado pelo alto volume de vendas de produtos populares, auferindo um lucro razoável, colaborando com a geração de novos postos de trabalho, e, mesmo que modestamente, com o desenvolvimento econômico de nosso Estado, e, por extensão, do Brasil?
Como vemos, o desenvolvimento de uma nova mentalidade da classe média nacional, aplicando parte de seus recursos monetários na produção de bens e serviços em muito colaboraria para uma efetiva reformulação desse incipiente processo empresarial participativo.
Diante do exposto: Conclamo a todos os Profissionais Liberais, em especial, aos de nosso progressista Estado de Goiás, a se unirem à Classe dos Empreendedores Menos Favorecidos, mas, de Grande Potencial Produtivo, pois, só com a junção do capital com o trabalho conseguiremos dias melhores para nós e os nossos filhos, transformando-nos em verdadeiros Agentes Econômicos Regionais, colaborando, diretamente, com o Processo de Independência Financeira do Brasil. Sejamos o exemplo.
A nação somos nós, e, nós, a nação.
(Carlos Portella, professor, administrador, escritor, analista e pesquisador de Novos Métodos de Ensino Aplicados À Educação e ao Processo Comportamental Individual e Coletivo)