Opinião

Cotas: o racismo do racismo

Diário da Manhã

Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 23:56 | Atualizado há 9 anos

A idiotice de se dividir em grupos é que acaba com a graça de ser humano.

Um grupo social isolado está desenvolvendo originalmente suas próprias soluções, aprendendo com seus próprios erros, se adaptando para o convívio coletivo pacífico, criando seus próprios meios de sobrevivência, elegendo seus próprios valores, padronizando seu próprio idioma e sistema de escrita, agregando seus próprios conceitos filosóficos e selecionando seus próprios ídolos, heróis, fábulas e deuses. Tudo isso se torna o patrimônio daquele grupo social que buscará uma terminologia para se autodenominar e assim começa o patético orgulho nacional e racial.

Da mesma forma outros grupos se desenvolvem em outras partes do mundo sem saberem que existem outros grupos ao seu redor com sistemas culturais também robustamente desenvolvidos. Em determinado ponto da progressão demográfica e do desenvolvimento tecnológico esses grupos vão se descobrir, vão notar a existência de pessoas “diferentes” do outro lado das montanhas.

Infelizmente os humanos desenvolvem durante os processos que vivenciam desde a infância até a idade adulta muitos distúrbios emocionais gravíssimos, doenças emocionais, que os fazem ter uma visão distorcida do ambiente ao seu redor.

Elencando algumas das doenças emocionais que brotam nos corações da grande maioria dos humanos, podemos focar nas principais.

Egoísmo: a necessidade doentia de ver a si mesmo como sendo mais importante do que qualquer outra pessoa ao redor; a visão torpe de que essa criatura tem mais direitos do que os demais, chegando a acreditar que merece privilégios, que merece ser admirado e que tem o direito natural de ser obedecido. O egoísmo traz à tona, na verdade, o infeliz fracasso desse indivíduo de entender o conceito de igualdade e respeito que teriam feito ele desenvolver a empatia.

Dessa forma o doente egoísta se acha no direito natural de desconsiderar a vida alheia, tomar à força o que pertence aos outros e expulsar qualquer um que resida num local que ele se interesse em possuir.

Ódio: a incapacidade de ter paciência, de esperar, de aguardar. Aversão total e absoluta a tudo o que contrarie sua vontade pessoal. A inabilidade de controlar e amenizar a explosão hormonal dos seus desejos e anseios internos, tratando como “inimigo” a todos e a tudo o que esteja impedindo essa pessoa de ter o que quer imediatamente. O doente emocional com a doença do ódio explode rápido e também é um problema sério à paz entre as duas tribos que acabam de se conhecer.

Patriotismo: O patriota é um doente emocional que considera o sistema de coisas do ambiente social em que vive como superior aos demais, como o mais correto e considera que qualquer outro grupo social precisa viver o mesmo sistema patriótico que ele vive, chegando a julgar outros que desejam levar a vida de formas diferentes e, dependendo do nível de acometimento doentio de patriotismo do cidadão, chegando até ao ponto de fazer guerra e matar outros humanos para obrigar outros grupos a mudarem seus sistemas sociais para que se adaptem aos costumes que o patriota considera corretos e melhores.

Inveja: A doença emocional que faz a pessoa se inferiorizar, se sentir menor do que os outros, se sentir ofendida com a alegria e o sucesso alheios. A inveja faz o doente emocional que carrega essa doença se comportar como um rato, como um ser rastejante qualquer que faz tudo escondido para sabotar a felicidade alheia, age na surdina para destruir de alguma forma o sucesso de quem está feliz, porque, se o doente invejoso não consegue ser feliz então ele não entende e não aceita que possam existir pessoas felizes e quer que todos sejam destruídos emocionalmente como ele é.

Junta-se à isso uma gama de outras doenças emocionais num grupo social qualquer e essa aldeia, essa tribo, enfim, essa cidade-estado, essa nação, vai se desenvolver já com traços coletivos de doença emocional que passarão a ser aceitas no subconsciente coletivo, enquanto não estiverem se matando uns aos outros. Enquanto essas doenças emocionais estão mantidas em um nível tolerável, sem mortes na tribo, o grupo se mantém coeso e unido numa espécie de orgulho conjunto. Um grupinho que acha que o seu jeito de viver é o melhor.

O problema da exponenciação tecnológica e sua consequente explosão demográfica é a inevitável mistura das tribos compartilhando um mesmo ecossistema comum e sendo obrigadas a aprender a se relacionar sem habilidade nenhuma de lidar com o diferente. Dessa forma o puritano conservador é obrigado a ser atendido na repartição pública pelo roqueiro tatuado vice-e-versa. O indouto analfabeto é obrigado a se relacionar com o patrão erudito e vice-e-versa. O atleta é obrigado a conviver e tolerar a filosofia de vida dos sedentários vice-e-versa. O religioso da religião X é obrigado a respeitar o religioso da religião Y vice-e-versa. O heterossexual é obrigado a respeitar o homossexual vice-e-versa. O rico é obrigado a respeitar o pobre vice-e-versa. O branco é obrigado a aceitar o negro vice-e-versa.

Aí é que começa o problema da pluriracialidade dos países do continente americano, em especial os Estados Unidos e o Brasil, onde a infeliz arrogância européia foi exacerbada ao nível de causar o genocídio de mais de setenta milhões de índios nativos e escravizar os sobreviventes e não sendo isso suficiente para o nível de doença emocional coletivamente vivenciada na Europa, ainda se aproveitaram de guerras tribais africanas para negociar com os magnatas africanos o comércio de presos políticos e inimigos do sistema governamental vigente nos países africanos, comprando das mãos dos governantes africanos milhões de negros e levando-os às Américas para trabalho forçado de escravos.

Esse comportamento gerou o sentimento perfeitamente compreensível de separação entre os brancos e os negros, pois os brancos acreditavam doentiamente serem superiores aos negros e os negros sabiam que não eram inferiores aos brancos em nada, causando quase quatrocentos anos de tensões, que mesmo um século e meio depois do colapso oficial do sistema escravagista mundial ainda prevalece em forma de herança cultural passada de pais para filhos. O estereótipo padrão nos países americanos é quase homogêneo: Os brancos mais idosos ensinam seus filhos e netos a não se relacionar com negros porque eles são pobres e a chance de serem assaltados é grande. Os negros mais idosos ensinam seus filhos e netos a não se relacionar com brancos porque não são confiáveis e são muito agressivos. Dessa forma as populações dessas duas tribos continuam vivendo e perpetuando tensões de séculos atrás, sendo que o preconceito é algo que brota do ser humano contra tudo e todos que são “diferentes” daquilo que ele participa nos seus grupinhos do seu convívio social, nas tribos que frequenta e vive.

A situação horripilante que a sociedade vive por conta da tendência de estereotipificação do “diferente” criou a separação dos grupos e essa separação acentua as diferenças e minimiza as semelhanças.

Baseado nesse conceito doentio os governantes (a maioria também acometidos por doenças emocionais gravíssimas) também aderiram ao enredo social criando cotas educacionais e privilégios para determinados grupos sociais com a desculpa torpe de reparação social histórica contra grupos que sofreram prejuízo no passado.

A doença emocional social é tão gritante que se tornou institucionalizada por força de lei, com leis apenas para mulheres, leis apenas para negros, leis apenas para gays, leis apenas para evangélicos, leis apenas para grupo X, leis apenas para grupo Y e etc “ad infinitum”.

Dessa forma o câncer da separação social humana em grupos agora é oficialmente apoiado pelo governo e isso só faz a população acreditar que faz parte de grupos, de tribos e que precisa “se defender” de outros grupos, criando leis específicas para beneficiar seu próprio grupo.

O racismo, que antes era um sentimento patriótico tribal coletivo se tornou agora um movimento oficial padronizado e categorizado por cotas e definições rígidas definidas pelos próprios órgãos governamentais.

Ao invés de o governo trabalhar a união de todas as tribos, criando políticas de combate ao preconceito, o próprio governo cria agora o sentimento de separação das tribos, raças, culturas e filosofias em grupos distintos e em cada grupo surgem os ativistas que lutam contra os ativistas dos outros grupos, criando todo esse caos social vigente atualmente.

O racismo, que antes era proveniente de uma doença emocional do subconsciente coletivo de cada tribo, agora também, além disso, é uma política governamental de estado promovida oficialmente.

A doença emocional humana de se dividir em grupos e ficar tratando os outros grupos como inimigos está totalmente contra a realidade da humanidade.

Atos 17:24-28 diz: “O Deus que fez o mundo e todas as coisas nele, sendo, como Este é, Senhor do céu e da terra, não mora em templos feitos por mãos, nem é assistido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa, porque ele mesmo dá a todos vida, e fôlego, e todas as coisas. E ele fez de um só homem toda nação dos homens, para morarem sobre a superfície inteira da terra, e decretou os tempos designados e os limites fixos da morada dos homens, para buscarem a Deus, se tateassem por ele e realmente o achassem, embora, de fato, não esteja longe de cada um de nós. Pois, por meio dele temos vida, e nos movemos, e existimos, assim como disseram certos dos poetas entre vós: ‘Pois nós também somos progênie dele.’”

 

(André Luís Neto da Silva Menezes, pseudônimo: Tiranossaurus Rex – publicitário, inventor, filósofo, músico, integrante da Royal Society Group, membro da Confederação Brasileira de Letras e Artes e vice-presidente da Associação Canedense de Imprensa – [email protected])


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