Opinião

Crise é a bagunça brasileira

Diário da Manhã

Publicado em 4 de julho de 2017 às 04:21 | Atualizado há 8 anos

Ba­gun­ça já não é a pa­la­vra ca­paz de de­fi­nir a si­tu­a­ção do Bra­sil.Ba­gun­ça po­de re­me­ter a uma si­tu­a­ção ju­ve­nil e a nos­sa é bem mais gra­ve. Tal­vez a pa­la­vra se­ja dra­má­ti­ca pois o que es­ta­mos vi­ven­do é mes­mo um dra­ma, que con­sis­te na fal­ta de um mí­ni­mo de pers­pec­ti­va de sa­í­da. Foi-se o tem­po em que se di­zia que o Bra­sil não cor­ria ris­cos de ca­ir no abis­mo foi é mai­or do que ele. Pois caí­mos. O pa­ís não di­mi­nu­iu. O que se ape­que­nou fo­ram su­as li­de­ran­ças que, a bem da ver­da­de, nun­ca ti­ve­mos em pro­fu­são. En­tre os mais de ses­sen­ta mil po­lí­ti­cos com man­da­to, pou­cos, qua­se ne­nhum mes­mo, me­re­ce ser cha­ma­do de lí­de­res, mes­mo que lo­ca­is. Sim­ples­men­te têm man­da­tos que exer­cem sem bri­lho, sem ex­pres­são. La­men­ta­vel­men­te es­te é ape­nas um dos nos­sos pro­ble­mas e nem é o mais im­por­tan­te. Pre­o­cu­pan­te mes­mo é ver a cri­se de nos­so Ju­di­ci­á­rio o úni­co dos Po­de­res que ain­da tem ava­li­a­ção po­si­ti­va da po­pu­la­ção mas que, jun­to com o Mi­nis­té­rio Pú­bli­co, ca­mi­nha a pas­sos lar­gos pa­ra a per­da da cre­di­bi­li­da­de. As úl­ti­mas de­ci­sões en­vol­ven­do a La­va Ja­to, num pren­de e sol­ta alu­ci­na­do, dei­xam atô­ni­ta a so­ci­e­da­de. Elas ex­põ­em mui­to mais do que uma in­ter­pre­ta­ção di­fe­ren­ci­a­da do tex­to da lei. Dei­xam evi­den­ci­a­da uma bri­ga de egos,  on­de se bus­ca a in­ter­pre­ta­ção pos­sí­vel que con­fron­te com a de ou­tro ma­gis­tra­do ou com o Mi­nis­té­rio Pú­bli­co. E co­mo a nor­ma per­mi­te in­ter­pre­ta­ções, bus­ca-se o li­mi­te pos­sí­vel pa­ra al­te­rar a de­ci­são do ou­tro, de­sa­fe­to ou não. Nos­sos tri­bu­nais são len­tos e não trans­mi­tem se­gu­ran­ça ao ci­da­dão. An­ti­ga­men­te se di­zia que da bar­ri­ga da mu­lher, do bum­bum de ne­ném e da ca­be­ça de ju­iz nun­ca se sa­be o que vem. Da bar­ri­ga da mu­lher o ul­tras­som já per­mi­te sa­ber. Do bum­bum e da ca­be­ça, não. Po­dem vir, e têm vin­do, as de­ci­sões mais es­ta­pa­fúr­di­as. Quem na vi­são de um ma­gis­tra­do ou do MP, num de­ter­mi­na­do mo­men­to, é o pi­or dos ban­di­dos po­de se trans­for­mar, em um san­to, na vi­são de ou­tro. Cla­ro que a lei pre­ci­sa ser res­pei­ta­da. O que se es­pe­ra é que não ha­ja, co­mo tem ha­vi­do, tan­tas di­ver­gên­cias em sua in­ter­pre­ta­ção.

 

(Pau­lo Cé­sar de Oli­vei­ra, jor­na­lis­ta e di­re­tor-ge­ral da re­vis­ta Vi­ver Bra­sil e jor­nal Tu­do BH)

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