De quem é a responsabilidade da gestão hídrica?
Diário da Manhã
Publicado em 3 de agosto de 2018 às 22:52 | Atualizado há 7 anos
É preciso garantir a gestão correta do uso e reuso da água para que ninguém sofra com a seca. Com o aumento do risco da escassez, é necessário que haja uma permanente atuação em gestão da água e medidas efetivas de proteção, planejamento, fiscalização, mercado e controle do recurso hídrico para assegurar o acesso sustentável à água de qualidade. Mas a condução política no que se refere ao saneamento básico e gestão dos recursos hídricos em Goiás enfrenta um quadro crítico, e falta diálogo entre as entidades do setor produtivo e o governo para melhorar o acesso à água de qualidade e o seu uso racional.
O debate envolve outras situações de difícil solução, como a falta de políticas públicas habitacionais nos centros urbanos, recuperação das nascentes afetadas por danos ambientais e preservação da natureza. Isso porque o crescimento desordenado das cidades tem impacto negativo no fornecimento de água, provocando o aumento gradual da poluição devido à falta de rede coletora de esgoto sanitário e despejo irregular de lixo doméstico. Sendo assim, a água já está sendo afetada pela habitação irregular em áreas nativas ou de proteção ambiental, extinção de animais silvestres, entre tantos outros prejuízos a natureza. E o pior, convivemos com um direito universal violado e agimos como se não fosse um problema coletivo de governança e da sociedade.
O governo precisa fazer a sua parte no sentido de aprimorar e inovar a gestão dos recursos hídricos. Goiânia, por exemplo, pode avançar muito com a implantação do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), isso porque o ato do Executivo Municipal autorizar a implantação do plano é um avanço de primeira mão, já que em outras cidades brasileiras essa discussão ainda não começou. O plano é uma conquista para os goianienses, se considerarmos a sua importância e a grande demanda por saneamento básico. Sua implantação, se ocorrer conforme planejado pela prefeitura, será um marco da política de segurança hídrica para o município.
Encontrar soluções para o problema da escassez de água é um dever do governo e da população. Mas é preciso somar esforços entre governo, produtores rurais, agropecuaristas, empresários e sociedade, para viabilizar soluções e gerir os recursos naturais, evitando crise de escassez e garantido o abastecimento de água. Recuperar as condições naturais que favorecem a produção de água deve ganhar espaço cada vez maior na gestão dos recursos hídricos e assim eliminar danos prejudiciais a natureza. Isso só pode acontecer se todos estiverem unidos numa força tarefa e traçar estratégicas para a segurança hídrica e qualidade de vida das populações, já que a água é um recurso vital de alto valor econômico e social.
(Roberto Hidasi, advogado ambiental. E-mail: robertohidasi@yahoo.com.br)