Despreendimento de Temer
Redação DM
Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 23:06 | Atualizado há 7 anos
É simplista a tese dos que defendem a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Dizer que Temer não tem nada a perder com a medida, caso ela não apresente resultados, é não dar a importância à tentativa de se conter a absurda violência, especialmente da cidade do Rio e mais, não reconhecer a coragem que o presidente demonstra ao levar adiante uma providência que já deveria ter sido adotada há mais tempo. Temer surpreendeu muita gente e até agiu com algum improviso mas fez o necessário. As críticas que tem recebido dos oposicionistas beiram o ridículo. Dizer que ele deu o salto populista é tão falso quanto uma nota de três reais. O que queriam os críticos, de situação e oposição? Que Temer se omitisse, como fizeram seus antecessores, diante do massacre de cidadãos inocentes, vítimas de brigas de gang das drogas ou de assaltante enlouquecidos? Que ele nada fizesse apenas por ser este um ano eleitoral? Governar é, acima de tudo assumir ônus e correr riscos. As mudanças que propôs até aqui, e que seus opositores teimam em chamar de “propostas do Temer”, são imprescindíveis ao país e só não foram discutidas antes pela falta de uma liderança geral no país. Faltou até aqui alguém preocupado em enfrentar os reais problemas que emperram o país. Faltou estadista, embora tenha sobrados falas lideranças. Não que Temer, até aqui, tenha se mostrado um estadista. Não, mas é preciso reconhecer que tem agido com correção e coragem. Uma coragem que se sustenta no desprendimento político. Ao contrário de muitos, Temer tem mostrado que se preocupa em fazer o necessário, não no que rende votos, o que passa a impressão de que não tem um projeto de poder pessoal. Isto apequena os governantes. Querer, no entanto, eleger um sucessor, é legítimo, pois significa desejar a continuidade de um projeto de país. Se tiver mesmo este desejo, Temer está certo. O projeto que vem sustentando interessa muito ao Brasil e será muito difícil que, se não for realizado agora, encontre em pouco tempo outro presidente com a coragem de levá-lo adiante, sem medo das urnas.
(Paulo Cesar de Oliveira, jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil e jornal Tudo BH)