Desvio de função
Redação DM
Publicado em 28 de dezembro de 2017 às 23:27 | Atualizado há 8 anosÉ comum ouvir gestores públicos reclamarem da falta de servidores nos órgãos que dirigem. Reclamações que são pertinentes, tudo por conta do excessivo número de servidores em desvio de função, a disposição de órgãos completamente diferentes daqueles para os quais foram concursados. Têm servidor público que antes de fazer o concurso já sabia onde seria lotado, em desvio de função. É uma prática nociva à administração pública, fomentada e executada quase sempre por interferência de políticos. Essa é uma realidade nos três níveis do serviço público: municipal, estadual e federal. Isso só acontece com tanta frequência, porque vivemos no país movido ao jeitinho e subordinado aos interesses menores da sociedade. Muitos órgãos e corporações, civis e militares, lamentavelmente, se prestam à essa prática que tanto prejudica os órgãos que cedem os servidores. Alguém poderia até perguntar, por que os gestores liberam os servidores? A resposta é simples, os servidores públicos são colocados a disposição, em desvio de função, por vários motivos, citaremos os mais comuns: interesse político, oferta de gratificações, trabalho menos cansativo e desculpa de mão de obra qualificada.
Existem setores da administração pública que parte dos seus servidores trabalham em áreas diferentes da sua, em desvio de função, prejudicando sobre maneira o desempenho daquele órgão. O que nos chama atenção em tudo isso é que os órgãos de fiscalização, se quer tomam conhecimento do problema. O pior é que entra governo, sai governo e nenhum deles é capaz de corrigir essa distorção administrativa, mesmo sabendo das consequências às administrações públicas. Quando faltam servidores, recorre-se aos concursos públicos para o preenchimento dos quadros de servidores, conforme as necessidades e com as qualificações necessárias. Esse é o processo legal para a contratação de servidores públicos. Contudo, no país do jeitinho e do faz de conta, nada disso é considerado quando o interesse político está em jogo. É um desserviço que os mal políticos prestam à comunidade. Os governantes falam que a administração pública é pesada, burocrática e ineficiente. No entanto, nada fazem para mudar essa realidade, pelo contrário, atrapalham muito.
A esperança é a última que deve morrer na consciência e na aspiração do ser humano. Portanto, não podemos perdê-la, temos que acreditar que essa realidade pode demorar mais vai mudar. Com certeza, ainda veremos uma administração pública enxuta, competente, desburocratizada e livre da ingerência indevida de quem quer que seja. O Brasil está mudando, as pessoas estão mudando, e tudo ao seu tempo será colocado nos seus devidos lugares. Não será muito fácil, o povo está mal acostumado, os exemplos daqueles que nos representa e dirige, no conjunto da obra, não são bons e nem instrutivos. Todavia, temos que nos apegar aos exemplos positivos, fazermos uma depuração em nossas condutas e ajudarmos na construção de uma nova sociedade, onde a verdade, a justiça, a solidariedade e a ética, sejam a argamassa que sustentará essa nova sociedade. Não estamos falando apenas de sonhos, estamos falando de algo que deve ser feito, com urgência, para salvar a nossa pátria e fomentar o nosso orgulho de ser brasileiros.Diga não ao desvio de função.
(Gercy Joaquim Camêlo, coronel da Reserva Remunerada da Polícia Militar de Goiás)