Deus e o Universo*
Redação DM
Publicado em 26 de abril de 2017 às 22:15 | Atualizado há 8 anos
Veremos neste Título que, por necessidade de uma formação espiritual mais abrangente, os filósofos e cientistas são inseguros quanto à existência de uma inteligência diretora do Cosmos.
Nas últimas décadas, porém, uma plêiade de notáveis homens de ciência vem reformulando essa maneira de ver o Universo e a mais que provável existência de seu criador.
Essa iniciativa parte principalmente dos físicos modernos, da Física Quântica, que, incursionando pelas religiões-filosóficas orientais, vêm de reformular seus conceitos.
Jenny Teichman e Katherine C. Evans, no livro “FILOSOFIA – um Guia para Iniciantes” (Madras Editora Ltda. – São Paulo/SP – 2009 – cap. 2, p. 32/33), assim escrevem sobre o assunto:
“Esse é provavelmente o mais eficaz dos argumentos filosóficos a favor da existência de um deus. Resumidamente, ele afirma que o Universo e tudo o que existe nele é maravilhosamente organizado, como se fosse o trabalho de um criador soberbo. Tudo que nós vemos parece demonstrar isso, do movimento dos planetas até a construção extraordinária do cérebro. Nada é por acaso, tudo parece seguir um plano ou um projeto.
Esse Universo não poderia ter passado a existir por acaso e sem deliberação. Em alguns aspectos, nosso mundo é como um artefato maravilhoso. William Paley (1743 – 1805) comparou-o a um relógio. Se encontrássemos um relógio em um descampado, nunca suportaríamos que sua existência e sua estrutura fossem resultado do acaso, mesmo que nunca tivéssemos um relógio antes. Ao contrário, inferiríamos imediatamente que ele havia sido construído deliberadamente por algum ser inteligente. Deus é assim comparado a um relojoeiro…”
2 – Sem o indispensável alcance que mais o aproximasse da visão da “…causa primária de todas as coisas” (Questão nº 1, de “O Livro dos Espíritos”) , David Hume (1711 – 1776), filósofo, economista, sociólogo e historiador escocês, salvo melhor juízo, parece confundir o Criador do Universo, comparando-O ao ser humano, antropomorficamente, de acordo com a informação do autor, quando relata:
“…David Hume é o principal crítico do argumento do desígnio.
Ele observa que, mesmo se pudéssemos provar que o Universo tem um criador inteligente, isso não demonstraria que o criador é uma pessoa, nem que ele é sábio ou bom. Ele não diria qual das religiões rivais é a verdadeira.
Ele também diz que o Universo não é exatamente como um artefato humano, a despeito das alegações de que seja. Em sua visão, ele se parece tanto com um animal enorme ou com um vegetal gigantesco quanto com um relógio. Animais e vegetais, diferentemente de relógios, não surgem por meio de um desígnio inteligente, mas pela reprodução natural.
Por fim, Hume afirma que o Universo certamente tem a aparência de algo que foi projetado. Nosso Universo é relativamente estável e as partes de um universo estável têm de ser adaptadas umas às outras. Por exemplo, os vários animais no mundo têm de ser adaptados à sobrevivência, senão não haveria animais. No entanto, isso levanta a questão: poderia haver um universo sem um criador? A isso Hume responde que a estabilidade, por definição, dura mais que a instabilidade ou o caos. Se o Universo começou como um caos não designado e atingiu a estabilidade por acidente ou por acaso, o estado da estabilidade permaneceria, ao mesmo tempo.
Isso completa nossa discussão de alguns dos principais argumentos filosóficos a favor e contra a existência de Deus.
Encerramos com uma breve referência à obra de Immanuel Kant (l724 – 1804)… ”
3 – Emmanuel Kant, por sua vez, embora engrosse a fileira dos filósofos que mais puderam desvendar, pelo menos em parte, os arcanos da Criação e, portanto, de seu Criador, deixa dúvida quanto à dedução filosófica da existência de Deus, que nos parece de meridiana clareza, conforme argumentos convincentes que comporão a 6ª Parte deste trabalho de pesquisa e análise.
Diz ele:
“…Kant argumentou que é impossível provar a existência de Deus, mas alegou também que nós precisamos acreditar em Deus. A ideia de Deus e a liberdade (livre-arbítrio), que Kant chama de Ideais da Razão, são necessariamente pressuposições na vida humana. A necessidade não é psicológica ou social, mas muito mais profunda. A vida da razão, a vida dos seres humanos como criaturas dotadas de razão, seria impossível sem essas duas ideias. Segundo Kant, nossas teorias científicas e filosóficas não fariam nenhum sentido sem a ideia de Deus, e a vida comum cooperativa da humanidade cairia no caos sem a ideia do livre-arbítrio.”
4 – Percebe-se que a argumentação acima não é cristalina, no sentido de não deixar qualquer dúvida quanto à Tese proposta, de acordo com a qual é perfeitamente possível provar-se a existência de Deus por deduções filosóficas e induções científicas.
No que toca à posição de Emmanuel Kant, constataremos, em frente, no Título 58, que Kant é incisivo quanto à realidade da existência de Deus e de sua excepcional obra.
No entanto, no cômputo, os argumentos dos autores no referido texto, oferecem-nos subsídios que, de certa forma, colaboram para a comprovação da tese proposta, quando registram, inclusive citando William Paley, filósofo e teólogo utilitarista britânico:
“Esse Universo não poderia ter passado a existir por acaso e sem deliberação. Em alguns aspectos, nosso mundo é como um artefato maravilhoso. William Paley ( 1743 – 1805) comparou-o a um relógio. Se encontrássemos um relógio em um descampado, nunca suporíamos que sua existência e sua estrutura fosse resultado do acaso, mesmo que nunca tivéssemos um relógio antes. Ao contrário, inferiríamos imediatamente que ele havia sido construído, deliberadamente, por algum ser inteligente. Deus é assim comprado a um relojoeiros.”
* – De meu livro, ainda inédito: “Deduções Filosóficas e Induções Científicas da Existência de Deus”.