Dualidade das opiniões em crise
Diário da Manhã
Publicado em 30 de novembro de 2017 às 00:34 | Atualizado há 7 anos
O ano já está sufocado nos seus últimos ares, mas ainda há um pequeno fôlego para respirar uma pequena reflexão. Apesar de pequena, acredito que é importante. Esse ano foi marcante a dualidade das opiniões.
Parece que estivemos num tabuleiro, numa guerra onde se andava num estreito muro até o obstáculo de uma pergunta, uma opinião. Não havia outra saída a não ser ir pela direita ou esquerda, o sim ou o não. Ou você é contra ou a favor.
Como se não coubesse opiniões reflexivas, debates com interseção de diálogos, nem mesmo espaço para mudar de pensamento. Ou você é coxinha ou mortadela, ala da direita ou esquerda política, petista ou não petista, republicano ou democrata, comunista ou capitalista, contra ou a favor do aborto, religioso ou ateu etc.
Nas redes sociais, as pessoas se engalfinharam em ofensas pessoais, desfizeram amizades, utilizaram de bloqueios, reivindicando seus narizes altos como se fossem os únicos donos das verdades. Isentos de envolvimentos, intolerantes ao extremo, subalternos das comunidades, revolucionários das próprias opiniões.
Afinal, o que se faz especial da multiplicidade humana é justamente a peculiaridade de cada ser. Dificilmente se encontra outro alguém exatamente igual a você, com todos os seus defeitos e virtudes, manias e rotinas…
Quem tem a mínima noção de respeito pelas outras pessoas, com certeza deve ter percebido os excessos das afrontas, os achincalhes desnecessários, os gritos insanos dos desvios mentais de cada ser humano acusando, julgando e condenando seus semelhantes de espécie. O pior disso tudo foram as inúmeras mortes, guerras, violências, causadas pela intolerância.
Ninguém de nós está num patamar superior para fazer apontamentos alheios. Mas é desumano demais: agredir, matar, xingar por uma simples questão de discordância. Esse ano, fizeram tudo isso, de pequenas a grandes proporções.
Às vezes sinto aquela chamada vergonha alheia. E, mesmo assim, fico pensando se não estou julgando indevidamente os supostos infratores das guerras de opiniões. Talvez, o fato de não entrar em guerra desses pensamentos conflitantes, fosse uma ausência de enfrentamento. Mas, não, não…
A paz deveria ser almejada e buscada em qualquer oportunidade. Então, que esses votos natalinos e de início do ano, possam se transformar numa realidade mais amena e harmoniosa de convivência.
Que o ano novo chegue mais brando e que haja oportunidade de você se reconciliar com alguém de opinião contrária. Pela liberdade e amizade da múltipla convivência. Será que é muito pedir isso? Até a próxima página!
(Leonardo Teixeira, [email protected])