Educação política obrigatória nas escolas
Diário da Manhã
Publicado em 30 de junho de 2017 às 23:45 | Atualizado há 8 anosCreio que, o sistema democrático constitui a melhor forma de governo que o mundo conhece, atualmente. A começar por essa regalia, privilégio impar que permite a contratação e dispensa dos governantes, de forma pacífica, ordeira por meio do voto secreto, soberano, universal, continuar por esta outra, na qual, o voto consciente sapiente premia os bons e pune, ao mesmo tempo, os maus, ruins, gestores perdulários. Entretanto, para que funcione a contento, portanto, bem preencha os anseios da comunidade, exige, clama, pela participação de todos, principalmente, a sociedade votante, na vida política do município, estado e país.
Todavia, ninguém nasce sabendo, para aprender há, neste país, escola pública obrigatória para todos. Dessa forma, seja ela pública ou particular, a educação política tem que ser ensinada, de forma obrigatória, nas salas de aulas: teoria e prática. Além do mais, ela, a educação política, deve receber o mesmo tratamento das matérias mais importantes, como português, matemática, biologia etc., pois, guarda relação íntima, direta, com o bem-estar desejado por todos que procuram, com vontade, galgar os píncaros do saber, formar-se, numa universidade ou mesmo, curso técnico especializado. De sorte que, sublimando, será ela, educação política, que irá lhe possibilitar degustar, de forma salutar, quem sabe, excelência, como era, na Cidade Estado de Atenas a profissão, carreira que abraçou. Enfim, alcançar vida admirável, bem-sucedida, coroada pela prosperidade.
Igualmente, se o propósito é conseguir vida melhor, como chegar a ela? Por certo, cuidando bem de seus pertences, mesmo que poucos, para que aumentem, mas, não basta cuidar apenas deles, tem, ao mesmo tempo, que ficar de olho (controle) nos bens do todo, orçamento público arrecadado, a duras penas, dos contribuintes, pela máquina do estado. O deste ano deve ultrapassar 3,7 trilhões de reais, assim mesmo, as despesas, consoante o que foi noticiado, serão maiores, do que a receita, portanto, haverá déficit orçamentário, exigindo ajuste fiscal. Tudo isto, por falta de vigilância de quem paga a conta astronômica.
Política, no seu lado verdadeiro, positivo, bom, correto, tem como objetivo promover a felicidade (eudaimonia no grego e happiness em inglês) do povo, ou seja, o progresso associado ao bem-estar da sociedade. Neste sentido, ela constitui a ferramenta, instrumento, dispositivo que faz a democracia funcionar, repetindo, funcionar bem! Contudo, toda coisa neste mundo tem o lado bom, e, lado ruim. Como a sociedade eleitora, por falta de instrução política, não controla, fica de olho nos gestores públicos, chamados políticos – embora, segundo um dos maiores sábios, da antiguidade, chamado Aristóteles, o homo sapiens é um animal político. Assim, dizia ele, o homem era, e é, no agora, um animal que gosta de viver bem na Polis (cidade estado Grega), ora a Polis foi construída para dar fama universal ao cidadão daquele tempo, perdido no ermo sem termo, mundo indômito.
De fato, como se pode constatar pela história, história inventada por Heródoto, a Polis assegurou este status quo, bem-estar, a ele, cidadão. Então, o homem é, por natureza político, e, não apenas, o que ocupa cargo eletivo. O lado negativo, ruim, velhaco, acabou tomando conta do poder, o poder pelo poder, no lugar do poder para servir a sociedade. De sorte que, em vez de promover, como instrumento, o bem-estar, passou a fazer seu oposto, o mal-estar. Esta corrente da velhacaria, mal-estar, de passar a rasteira no povo, colocar fel falando que é mel, por meio da demagogia, demagogia que levou Aristóteles a preferir, naquele tempo, a monarquia, aristocracia à democracia, discurso tão adocicado que o eleitor analfabeto em política, do voto subserviente leniente, compadrio, ainda exclama, encantado, como canto de sereia, que mel delicioso!
O candidato elege-se a primeira vez e acha o negócio tão bom, delicioso, que, nunca mais deixa o cargo, procura, de unhas e dentes, se reeleger, vitaliciamente, contrariando o princípio, ou postulado sagrado, de alternância, troca periódica, em nosso caso, de 4 em quatro anos, marca registrada da democracia. Quanto mais se alterna, pelo voto, o gestor público, mais benefícios são carreados à sociedade, quanto menos frequente a alternância, mais privilégios, mordomias, são carreados aos ocupantes do poder (Rousseau).
A nação passa, atualmente, por três grandes crises: a econômica, conhecida como atoleiro econômico, constituída pela atual recessão, insolvência, ou seja, despesa muito maior do que a arrecadação, com PIB abaixo de zero – o mais nanico de toda a América. Geminada a ela, a crise política, cria dileta desta outra, a crise moral, falta de vergonha na cara da maioria dos ocupantes de cargos públicos eletivos. A falta de ética, consubstanciada a política, foi a causa de tudo. O rebu eclodiu, com o Mensalão, prosseguiu com a operação Lava Jato, conduzida, com maestria, pelo juiz Sérgio Moro, e, batizada de Petrolão, abarcando, neste momento, a dilapidação da Petrobras, maior estatal brasileira. Para engrossar, ainda mais, o caldo da cultura política asquerosa, entra, de súbito, o escândalo da JBS, maior conglomerado frigorífico do mundo, tamanho este, atingido com financiamento bilionário do BNDES.
Pense alto, leitor contribuinte, o dinheiro do BNDES, emana do bolso da sociedade. Ele, bem planejado, assistido, controlado e mais ainda, fundado na realidade: economicamente possível, tecnicamente viável, socialmente desejável, aplicado de forma transparente, para aumentar produção, melhorar renda de milhares de pequenos potenciais candidatos a empresários brasileiros. Nosso país é o quinto maior concentrador de renda do planeta, nesta proposição, em idéia, haveria, no lugar de concentração, distribuição de renda. Quanto será que rolou de propina, na época, no governo do senhor presidente Lula?
Passar os negócios, administração pública, a limpo é imperativo, salvo juízo mais douto, atrelado ao universal, ou seja, aquele acessível e aceitável por cada um e válido para todos, os nomes – uma vez sensibilizados pela sociedade eleitora, mediante mobilização nacional, recorrendo, como na lei da ficha limpa, ao artigo XIV, da magna carta, alínea, creio, III, medida de iniciativa popular, mobilização pacífica ordeira, para reescrever a história nacional, pois, tem moral, disposição, sabedoria, para tamanho projeto de serviço relevante à pátria – do juiz Sérgio Moro, no caso, candidato à presidência, e o do ministro Joaquim Barbosa, na vice-presidência. Para abraçar tamanha missão – mudança de paradigma – terão que ser convocados pela sociedade brasileira.
De volta a Participação: para que a república saia da república do faz de conta, apenas deles, sabichões do propinoduto, alimentador do esfaimado patrimonialismo, a sociedade, com determinação, terá que, na mesma linha de pensamento, tornar obrigatória a educação política nas salas de aulas, do bê-á-bá, ao dia de formar, de sorte que, o formando, ao receber o diploma da profissão que abraçou, receba, ao mesmo tempo, outro de cidadão cidadã preparado, e, vivamente motivado, para a participação na vida política de sua comunidade. No curto prazo, por meio de lei, como a que obriga a votar, outra que leve a sociedade adulta a participar, ativamente da vida política de sua terra.
O olho do dono é que engorda o boi, atualmente, magrelo. Assim como olha com apego seu negócio, pertence, terá que mudar de atitude, ficar de olho, também, nos negócios do estado, constituído pelos impostos, maravilhosamente, embutidos em tudo que se produz e consome; patrimônio, portanto, de todos patrícios, por isto, terão que ser gastos de forma racional, parcimoniosa, pechincha, transparência.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em Filosofia Política pela PUC-GO, produtor rural)