Eleições na OAB Goiás e montagens das chapas
Redação
Publicado em 6 de agosto de 2015 às 22:25 | Atualizado há 10 anosPelo que se sabe já estão definidos 3 candidatos a Presidente da OAB Goiás, para as eleições de novembro/2015, significando que 3 chapas estão sendo montadas. Não é fácil montar uma chapa, porquanto são mais de 90 candidatos que a compõem, concorrendo a diversos cargos eletivos da Seccional. Pelo fato do advogado votar em uma chapa completa, as dificuldades aumentam, vez que entre mais de 90 nomes existem aqueles que agradam e os que desagradam o eleitor. Mas não há como escolher nomes, pois o voto é em chapa batida. Em razão disso, a preocupação de escolher bons nomes para integrar a chapa.
A preocupação maior é com o cabeça de chapa, aquele que disputa a Presidência, pois é sabido que a OAB é uma entidade por demais presidencialista. Consta que os candidatos a presidente são Lúcio Flávio, Flávio Boanaduce e Enil Henrique, este o presidente atual e candidato à reeleição. Lúcio Flávio é considerado um excelente professor universitário e advogado competente. Flávio Boanaduce, palestrante eficiente, pertence a uma família de renomados juristas: filho de Marcos Afonso Borges e neto de João Afonso Borges. Enil Henrique, atual presidente, assumiu a OAB Goiás eleito por conselheiros dissidentes da OAB Forte, em razão da renúncia do ex-presidente Henrique Tibúrcio. Este o quadro atual, no início de agosto, sabendo-se que as eleições serão realizadas em novembro do ano em curso.
Lúcio Flávio concorre pelo grupo que pode ser denominado oposição tradicional, que sempre foi contra a continuidade do grupo OAB Forte, administrador da Seccional por mais de 20 anos e que pretende voltar ao poder. Flávio Buonaduce é candidato do grupo OAB Forte, que teria disputado a preferência interna do grupo com Pedro Paulo Medeiros, este um verdadeiro gentleman, educado e de grande cultura, sendo atualmente conselheiro federal. A preferência por Buanaduce, tudo indica, foi pelo fato de ser ele fiel escudeiro do grupo OAB Forte, inclusive com papel de destaque na não apuração de autoria da falsificação de Processo Ético na OAB Goiás. Enil Henrique tem experiência na OAB, porquanto já exerceu diversos cargos. Tem a seu favor a “máquina” da entidade. Segundo advogados, está fazendo uma boa administração, sobressaindo a transparência implementada na Seccional, o que não acontecia com o grupo OAB Forte. Mas Enil é candidato da situação ou da oposição?
O afunilamento eleitoral não termina aqui. É no mês de setembro, de ano eleitoral, que ocorre a verdadeira definição dos que serão candidatos. Pelo andar da carruagem vai surgir uma 4ª Chapa. A gestação está, ainda, em andamento. Os estrategistas da OAB Forte percebem que a situação está nebulosa. Se Enil Henrique for considerado de oposição, 2 chapas concorrerão contra a OAB Forte. Assim, a estratégia é montar uma 4a. Chapa, ligada à OAB Forte, mas concorrendo contra, para dividir os votos da oposição. Isto ocorrendo, aumentam as chances da OAB Forte retomar a OAB Goiás.
Antes da OAB forte as eleições da OAB em Goiás podiam ser consideradas românticas e inocentes. Concorriam advogados que destinavam um pouco de seu tempo para dedicar à OAB, trabalhando de graça em benefício da entidade e da sociedade em geral. Com a OAB Forte mudou radicalmente. A disputa eleitoral passou e ser diferente, copiando tudo de ruim que existe na política partidária. Foram contratados marqueteiros, a propaganda eleitoral foi profissionalizada e prevaleceu o entendimento maquiavélico de que não importa os meios sim o fim. O fim buscado sempre foi ganhar as eleições, não importando os meios para atingir a vitória. Os gastos na campanha passaram a ser astronômicos, inviabilizando a participação de muitos advogados sem melhores condições financeiras.
Os donos da OAB forte entendem que a numerosa classe de advogados goianos pode ser dividida em jovens e os não tão jovens. Para os mais jovens o discurso da OAB Forte é criar ferramentas para favorecer o exercício da profissão, cobrando anuidades menores e incentivando o sucesso profissional. O aumento do patrimônio físico da Secional é o foco principal.
Regra geral, raciocinam, os jovens advogados acompanham a OAB Forte, pois são fáceis de serem seduzidos por promessas. Para os mais experientes profissionalmente o discurso não funciona pois, normalmente, votam na oposição. Daí, a pretensão de uma 4a. Chapa, para conquistar os votos dos advogados considerados mais antigos, dividindo os votos da oposição, aumentando as chances da OAB Forte. De forma pragmática e um tanto empírica, a OAB Forte relaciona como jovens advogados, sem considerar a idade, os que concluíram o curso de Direito a partir do ano 2.000 e que tem inscrição superior a 20.000. O quantitativo é considerável, influenciando, e muito, no resultado eleitoral.
Um detalhe favorece a OAB Forte: os gastos com a campanha. Apesar da crise econômica atual, para os proprietários da OAB Forte não existem dificuldades financeiras. Dinheiro não vai faltar. O mesmo não se pode dizer dos outros concorrentes. Apesar disso, não será fácil para a OAB Forte formar duas chapas, como já fez em eleições anteriores.
O advogado que não acompanha o desenrolar da política classista fica perplexo com a situação. Sua tendência, sem maiores indagações, pode ser abstenção, votar em branco ou o voto nulo. Em assim procedendo estará favorecendo a OAB Forte, contribuindo para o retorno do grupo ao poder.
De minha parte, como ex-Presidente da OAB Goiás, já estou definido: apoio todas as chapas da oposição e votarei em uma delas, ao mesmo tempo que me posiciono contra a chapa do grupo OAB Forte e qualquer outra ligada ao grupo.
(Ismar Estulano Garcia, advogado, ex-presidente da OAB-GO, professor universitário, escritor)