Em quem votar nas próximas eleições?
Diário da Manhã
Publicado em 22 de novembro de 2017 às 01:32 | Atualizado há 7 anos
É de se reconhecer que muitos brasileiros estão preocupados apenas com a sobrevivência. Não se sabendo precisamente qual é o percentual restante, estimando-se que deve ser a maioria, a preocupação é com o futuro do Brasil e em quem votar nas próximas eleições, pois têm conhecimento que somente poderão haver mudanças nos destinos do País se forem afastados, pelo voto, os maus políticos.
Os acontecimentos levados a público de forma continuada, por todos meios de comunicação, indicam que se não mudar os representantes do povo não haverá mudanças nos destinos da nação. Se o afastamento, em 2018, dos que se comportam mal não acontecer pelo voto, tudo indica que o Brasil permanecerá o mesmo por longos anos. A mudança deverá ser radical para que produza efeitos positivos.
Para Presidente da República é impossível escolher em quem votar. São os partidos políticos, por intermédio de seus “conchavos”, “negociações” e outros procedimentos não recomendáveis, que colocam à disposição do eleitor os poucos candidatos que são vendidos com falsa propaganda de perfeitos.
Se nenhum dos nomes agradar o eleitor, tudo indicando que isto irá acontecer, a tendência será votar em “branco”, “anular o voto” ou simplesmente não comparecer para cumprir o dever cívico. Esse procedimento não é recomendável, pois significa fugir do direito constitucional de escolher o dirigente máximo do Brasil. Se não pode votar no melhor, vote no menos pior.
Em relação a senadores acontece mais ou menos a mesma coisa, apesar de aumentar o número de opções. Quanto a deputados, aí sim o leque de opções é bem maior, embora não agrade a forma de escolha dos candidatos. Com certeza é importante bem votar nos representantes do Poder Legislativo, onde se concentra o maior número de corruptos e despreparados para exercer os cargos.
Mas como saber em quem votar para votar bem? Não é fácil. Em primeiro lugar vem a politização, que importa saber tudo o que está acontecendo e irá acontecer, dependendo da postura dos políticos. E para que o cidadão seja politizado é necessário acompanhar notícias televisivas, de jornais e revistas, e principalmente como votam nos assuntos polêmicos de interesse social, tirando suas conclusões, pois é sabido que a maioria dos parlamentares vota levando em conta interesses pessoais.
Muitas pessoas simplesmente têm pavor de notícias envolvendo políticos. Realmente são desagradáveis e repetitivas. Mas é de se considerar que tudo que está sendo noticiado sempre aconteceu, só que não era levado a público. Agora que o grande público toma conhecimento, realmente causa repulsa.
O que não se deve esquecer é que os parlamentares corruptos estão no exercício dos cargos para os quais foram eleitos. Pelo sistema eleitoral brasileiro, se não comportaram bem, devem ser retirados, o que acontecerá simplesmente não votando neles, já que não podem ser afastados pela Justiça em razão da morosidade do Judiciário e da ultrapassada legislação.
Mesmo assim continua a dúvida para saber em quem votar. Certamente não é recomendável seguir a pregação de alguns que dizem não vou votar em ninguém, pois nenhum político merece o voto. Também não é certo votar em branco ou anular voto, pois qualquer desses procedimentos significa fugir do problema. Existem várias orientações para votar bem.
Entendo como radicalismo a recomendação de não votar em quem tenha mais de 50 anos ou não votar em quem já exerceu algum cargo político. Existem políticos bem intencionados, embora poucos. De forma que, para votar em que tem mais de 50 anos e/ou já exerceu cargos políticos, é preciso que o eleitor tenha consciência para exercer seu direito/dever de votar.
Assim não estará votando aleatoriamente. Da mesma forma, não será uma boa orientação excluir quem teve seu nome divulgado como estando envolvido em determinada falcatrua. A pessoa pode até merecer o voto, mas isto depende do eleitor ser politizado para bem conhecer os fatos e versões.
Do jeito que as coisas estão, se o eleitor reconhecer intimamente que não está devidamente informado para votar, algumas recomendações são úteis, a título de orientação, a saber: a) não deixe para decidir em quem votar na cabine de votação; b) não vote simplesmente porque determinado candidato, ou cabo eleitoral dele, lhe pediu o voto; c) escolha com antecipação em quem votar, evitando ser influenciado por amigos; d) não deixe se influenciar por falsas promessas de candidatos; e) cartazes, “santinhos”, bandeirolas, discursos, banners, faixas e outro tipos de publicidade devem ser ignorados, devendo somente merecer sua atenção para solidificar a escolha já feita intimamente, se for o caso; f) não vote por amizade; g) não vote pagando favor ou recebendo alguma forma de recompensa; h) se já tiver convicção em quem votar, não precisa acompanhar os “blá, blá, blá” de rádio e televisão; h) afunilando a escolha, se continuar a indecisão não vote em ninguém com mais de sessenta anos e nem vote reelegendo alguém, porquanto nesse caso não pode haver dúvidas, e sim certeza em votar reelegendo quem já exerce o cargo e pretende continuar, ou em pessoa já idosa que mereça o voto. Em síntese, para votar reelegendo ou idoso é necessário ser politizado.
Será uma excelente postura fazer chegar ao candidato escolhido a comunicação que irá voltar nele, mas “estará de olho” em sua conduta como parlamentar. Sobre o fato de “vender o voto”, nem merece maiores comentários, pois quem se vende vale menos do que o valor recebido, ou a receber, e com certeza o político que comprou o voto não vai ser um parlamentar que irá trabalhar para o bem da sociedade. Os cidadãos que já são politizados têm, ainda, um dever a mais, o que não significa pedir voto: esclarecer bem os eleitores indecisos, para que eles tenham consciência cívica de saber em quem votar nas próximas eleições.
(Ismar Estulano Garcia, advogado, ex-presidente da OAB-GO, professor universitário, escritor)