Opinião

Em solidariedade e apoio ao movimento

Diário da Manhã

Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 21:59 | Atualizado há 9 anos

Pessoalmente (sobretudo como professor aposentado de Filosofia da UFG) e em nome da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, uno-me a todos os Movimentos Populares, Sindicatos, Associações dos Trabalhadores da Educação e outras Entidades da sociedade civil, para manifestar publicamente a minha irrestrita solidariedade e total apoio aos Jovens Estudantes do Movimento “Secundaristas em Luta”, na defesa da Educação Pública de qualidade para todos/as em Goiás (a exemplo do que aconteceu em São Paulo).

Das dezenove (até o dia 16) Escolas Estaduais (em Goiânia e no Estado de Goiás) ocupadas pelo Movimento “Secundaristas em Luta”, terça-feira passada (dia 15) visitei duas. Vendo com que garra os jovens estudantes secundaristas lutam, vendo com que amor prestam os mais diversos serviços na limpeza e na cozinha, vendo com que responsabilidade organizam as reuniões e vendo com que maturidade dão suas valiosas contribuições na discussão da Educação Publica, fiquei profundamente edificado. Isso é motivo de muita esperança. Parabéns, jovens estudantes secundaristas! Continuem unidos na luta! A causa de vocês é justa! Vocês já são vitoriosos! Deus está do lado de vocês!

Em primeiro lugar, reafirmo tudo o que escrevi nos artigos “Não à ‘terceirização’ e ‘militarização’ da Educação Pública” (8 de julho) e “Chega de enganação do Povo” (15 de julho). Leiam os artigos na internet.

Nestes últimos tempos o Governo de Goiás, para suavizar ou minimizar o peso da palavra “terceirização” (privatização disfarçada, mesmo que parcial), usa o eufemismo “parceria com a iniciativa privada”, que são palavras aparentemente mais agradáveis. Graças a Deus, o povo não é bobo e sabe que a realidade é a mesma!

Em segundo lugar, pessoalmente e em nome da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, repudio veementemente:

  1. A concepção de projeto político-pedagógico do Governo de Goiás, que – a meu ver – é propositalmente equivocado. Um autêntico projeto político-pedagógico – que liberta, humaniza e educa (não “adestra”) – é necessariamente um projeto unificado e coordenado por uma equipe de educadores/as (educadores/as administrativos e educadores/as docentes). Todos/as que trabalham nas Escolas Públicas devem ser educadores/as. É dever do Estado criar as condições objetivas para que possam sê-lo.

Não podemos permitir que – em nome de uma falsa eficiência administrativa – as Escolas Públicas sejam “invadidas” pela cultura do sistema capitalista neoliberal. O Papa Francisco, grande crítico desse sistema, em seu Discurso aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares, na Bolívia (em julho deste ano) diz que a cultura do sistema capitalista neoliberal se fundamenta numa “economia de exclusão e desigualdade”, numa “economia idólatra”, numa economia que “mata”, que “exclui” e que “destrói a Mãe Terra”, e nos pede para dizer “Não” a essa economia.

“Alguns de vocês – continua Francisco – disseram: esse sistema não se aguenta mais. Temos que mudá-lo, temos que voltar a colocar a dignidade humana no centro, e que, sobre esse alicerce, se construam as estruturas sociais alternativas de que precisamos.”

  1. A maneira – autoritária, ditatorial e fascista – como o Governo de Goiás pretende implantar as chamadas OSs nas Escolas Públicas. Cito um exemplo ilustrativo: os professores das Faculdades de Educação, Estadual e Federal, são contra a implantação das OSs nas Escolas Públicas, mas o parecer desses professores/as, para o Governo de Goiás, não tem nenhuma importância. O que deve prevalecer é a vontade do governador. Em Goiás, parece que a ditadura civil-militar ainda não acabou.
  2. A desvalorização dos Trabalhadores/as da Educação Estadual e do concurso público, que – como tudo indica – caso as OSs sejam implantadas nas Escolas Públicas, acabará aos poucos.

Jovens estudantes do Movimento “Secundaristas em Luta”, continuem firmes na defesa da Educação Pública de qualidade para todos/as. Contem com a nossa solidariedade e o nosso apoio.

(Espero dar continuidade ao artigo anterior na próxima semana).

 

(Fr Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção – SP), professor aposentado de Filosofia da UFG – E-mail: [email protected])


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias