Envelhecimento – Parte II
Redação DM
Publicado em 10 de abril de 2017 às 22:22 | Atualizado há 8 anos
Bem-aventurados aqueles que compreendem os meus passos vacilantes e as minhas mãos trêmulas.
Bem-aventurados os que sorriem e conversam comigo.
Bem-aventurados os que me fazem sentir que sou amado e não estou abandonado ,tratando-me com respeito.
Bem-aventurados os que me amenizam meus últimos anos sobre a terra. Autor Desconhecido
Não basta apenas observarmos o que acontece ao nosso redor, conosco e com os outros a medida que a população envelhece. É preciso que saibamos que políticas públicas voltadas a garantia da qualidade de vida das pessoas idosas deve mesmo estar na pauta todos os dias.
A pessoa idosa na cultura ocidental, sofre diariamente com o preconceito e, desse preconceito e falta de informações, vemos gerar um número alarmante de vários tipos de violência cometidos contra a pessoa idosa.
No Brasil as agressões contra a pessoa idosa, apresentam um número alto, como mostrado pelos dados do Ministério da Justiça e Cidadania. Sobre a violação de direitos desta parcela da população: 77% das denúncias são por negligência; 51% por violência psicológica; 38% por abuso financeiro, econômico ou violência patrimonial e 26% por violência física e maus tratos.
Esses dados são do Disque 100, que é um canal de denúncia da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Esse canal de denúncias de violações de direitos, registrou 12.454 denúncias de violência contra a pessoa idosa nos últimos quatro meses. A cada 10 minutos, um idoso é agredido no Brasil. Em 70% desses casos, o(a) agressor(a) é um membro da mesma família. O que muitos desconhecem é que já existe, além do Disque 100, a Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (Deai) em Goiânia que dá amparo legal às vítimas com idade superior aos 60 anos.
A violência contra a pessoa idosa apresenta uma série de facetas, nem sempre observadas pela sociedade, como o abandono a que são submetidas, mesmo dentro da própria casa, situações que envolvem roubo, espancamento, humilhação, cárcere privado, violência física e psicológica. Esses são alguns exemplos destas múltiplas facetas que cercam a vida do idoso ou idosa em nosso país. Entretanto, o que mais nos entristece é saber que grande parte dos idosos vivem presos ao sentimento de medo, pavor mesmo, frente às agressões à que são submetidos.
Se o quadro é este, vem a pergunta: por que os idosos não denunciam seus agressores? As causas mais prováveis são o medo, constrangimento e claro, as ameaças. O medo de “ruim aqui, pior fora” ronda a mente dos idosos agredidos dentro de casa e, o constrangimento de tornar público que um membro familiar o(a) agride impede que os idosos comentem as agressões sofridas.
“Como denunciar aquele a quem mais dedicamos cuidado durante uma vida? Quebrar o laço familiar é um desafio para as vítimas, que se calam diante de um muro intransponível. O idoso não consegue anular a relação parental com o agressor da família. Romper esse silêncio muitas vezes gera dor. Esse conflito interno explica porque 90% das denúncias de maus tratos são anônimas” afirma matéria publicada no site Congresso em foco.
A expectativa de vida do brasileiro cresceu nos últimos tempos e estima-se que até 2050 a população de idosos ultrapassará a de crianças. Frente a esta realidade a Secretaria de Assistência Social de Goiânia, onde atualmente atuo como gestora, tem intensificado o atendimento à pessoa idosa, buscando sua integração social e a valorização da vida com qualidade.
Em apenas três meses a Secretaria Municipal de Assistência Social – Semas, realizou em torno de 300 visitas à idosos em situação de vulnerabilidade social, seja por denúncias ou acompanhando aos idosos já cadastrados no sistema das várias unidades que compõem a Semas.
Aos idosos da nossa querida capital, a Semas oferece ainda de forma regular palestras sobre saúde, aula de violão, de dança de salão, aulas de teclado, Coral, acordeom, teatro e, ainda possui um belíssimo grupo de dançares portugueses. Todas estas atividades visam a integração social do idoso, uma melhor qualidade de vida.
A Semas desenvolve ainda vários Projetos Sociais para este público específico. Existe o Projeto “Arte Mãe” que visa promover a inserção da senhoras idosas na sociedade através de materiais produzidos por elas(bordados, pinturas, costura entre outros). Esse projeto, além do cunho social possibilita uma renda extra obtida através da produção das próprias idosas nas unidades de assistência sociais dos município de Goiânia.
Temos também o Projeto “Centro Cultural para a Pessoa Idosa” cujo objetivo é a ministração de aulas musicais e danças para a pessoa idosa.
Estas são algumas das políticas públicas voltadas à pessoa idosa em nossa cidade. Sabemos que temos um longo caminho a percorrer, entretanto, os passos estão sendo dados neste sentido.
Cuide do(a) idoso(a) com o mesmo desvelo com que ele(a) cuidou de você durante toda a vida. Retribua cuidados com carinho, dedicação com amor e teremos certeza que o mundo também valorizará aquele ou aquela que sempre contribuiu com a formação e manutenção da sociedade, sempre em busca de um mundo melhor com justiça social.
Termino com as palavras sábias do Presidente do Conselho Nacional de Direitos do Idoso (CNDI), Luiz Legñani: “Nossa nação vai envelhecer e precisaremos redobrar os (ainda poucos) cuidados com quem passou grande parte da vida prestando serviços e produzindo amor”.