Época de pipas: brincadeira ou preocupação?!
Diário da Manhã
Publicado em 28 de junho de 2017 às 00:23 | Atualizado há 8 anos
Estamos findando o mês de junho e com os ventos dando o “ar de sua graça”, muitos começam antes mesmos do início das férias, a brincadeira chamada de” soltar pipa; soltar papagaio”. Independente do nome recebido, trata-se de época bem preocupante para inúmeras pessoas, principalmente aquelas que fazem uso de motocicletas para trabalharem e dirigirem-se a diversos locais.
Pois bem, cabe aos pais em relação aos filhos menores, orientá-los acerca do perigo do uso do cerol ou da linha chilena, seja um ou outro, muitos cidadãos já vieram a óbito em decorrência da falta de respeito e bom senso que absurdamente ainda reina em vários bairros da cidade.
Alguém poderia questionar o porquê da responsabilidade dos genitores e com clareza é importante atribuir-lhes tal incumbência devido ao fato de nossa legislação compreender que menores de 18 anos são chamados de “incapazes”, significa que não cometem crimes, mas sim atos infracionais quando inseridos no Estatuto da Criança e do Adolescente (12 até 18 anos incompletos).
Infelizmente boa parte dos pais não tem essa preocupação e tem sido cada vez mais comum depararmos com crianças e até adultos soltando pipas lambrecadas de líquidos cortantes que dilaceram pescoços inocentes e destróem corações de familiares nesse mundo afora!
Não é brincadeira expor a vida de quem quer que seja a perigo, quanto mais ceifar-lhe a vida por conta da disputa de arrecadação desses brinquedos letais, também designada de “torar pipas”.
São menores correndo largados pelas ruas da cidade que não se atentam para os carros que transitam pelas ruas, são meninos que pulam muros de casas alheias para pegar pipa que foi torada, enfim, não pode haver brincadeira em algo que só tem apresentado perigo.
Não é feio ou errado soltar” raia”, mas é hediondo matar pessoas inocentes por conta do uso do cerol ou da linha chilena.É trágico ver que esses meninos que correm enlouquecidos atrás de pipas também correm risco de serem atropelados e ainda sim fazem disso uma diversão.
Atentem pois todos os genitores quando o assunto é soltar “raia”,verifiquem os horários que seus pupilos saem para o exercício dessa brincadeira,se possível acompanhe-os,expliquem,proíbam o uso de substâncias cortantes,diferencie para os mesmos que se a pipa foi ‘torada” ,compra-se ou faz-se outra depois,mas reverter uma morte por conta do cerol em pipas é impossível.Ensinem suas crianças e ou adolescentes a respeitar o direito das pessoas em transitarem com motos e bicicletas tendo segurança nesse sentido.Ensinem-os a não exarcebar no limite que existe entre eles e as demais pessoas,afinal o “direito de um termina aonde começa o do outro”,isso é fato!
Brincar significa divertir, distrair e não matar! A referida brincadeira tem cada vez feito mais vítimas e o que é perceptível é a ausência de atenção de muitos genitores frente à essa situação.Sabe-se também que há milhares de crianças que não obedecem, mas ainda sim pais, a responsabilidade é de vocês em dialogar com seus filhos, estabelecer limites.
Brincadeira ou preocupação?!Acredita-se que o referido tema cause momentos de reflexão para quem quer que seja e aguarda-se que a brincadeira seja feita com responsabilidade e assim extingua o fantasma da morte.
Lamentável ver famílias desoladas, crianças sem horário para almoçar, estudar e até tomar banho e dormir, haja vista o tempo girar em torno de soltar pipa, pegar pipa “torada”, guerrear pelo brinquedo do “outro”, ainda que para isso, muitos paguem com suas próprias vidas!
Aproveitar as férias esperadas é de suma importância, mas o mês de julho tem trazido tantas indagações e lamentações frente a problemática da pipa com cerol.Amor, atenção, diálogo e limites são palavras chaves para a valorização da vida.Sabedoria pois, é fundamental para orientar filhos no bom caminho!
(Kelly Lisita Peres, advogada,professora universitária,especialista em Direito Civil,Direito Penal e Processo Penal e Docência Universitária)