És a mãe que sempre quis ter
Diário da Manhã
Publicado em 13 de maio de 2017 às 03:13 | Atualizado há 8 anos
É comum uma pessoa sonhar, principalmente se esta pessoa abriga n’alma ternas lembranças. Toda pessoa vive um sonho. Ontem sonhei um lindo sonho com minha mãe. Ontem, vi com os olhos da mente, um berço, e nele minha mãe a se debruçar. Um sorriso clareou o seu rosto de felicidade, e seus olhos ternos pareciam acariciar-me com suas pupilas. Uma canção lhe saia dos lábios e com palavras subidas do fundo do coração, ficou ali a embalar o filho que hoje, humildemente, a reverencia e que traz na memória e nos ouvidos, a sonoridade de suas canções, como se as pudesse ouvi-las ainda dentro do tempo e no imenso tumulto que me cerca.
Dorme meu filho sob o teu véu de matiz
Dorme em paz que a noite já vem
Tua mãe está muito feliz
de tanto AMOR que ela tem.
De repente, em outra passagem deste sonho, vi-me transformar no home que hoje sou, um homem sempre a se perguntar um porquê indefinido: É tão fácil para um filho andar lado a lado com sua mãe, porquê é difícil saber aonde encontrá-la? É tão fácil beijar-lhe o rosto , porquê é difícil chegar ao seu coração? É tão fácil apertar-lhe as mãos, porquê é tão difícil reter o seu calor? É tão fácil ouvir as suas palavras, porquê é difícil compreender o seu silêncio? É tão fácil falar de sua vida, porquê e difícil reconhecer suas virtudes?
Para levar-te, minha mãe, no dia consagrado à tua pessoa, um pouco e o mínimo do meu agradecimento, quero dizer-te neste momento: Mãe! Obrigado por encher minha vida durante tantos anos com o calor do teu amor, e as energias do teu trabalho incansável. Mãe, és vitoriosa e eterna pois enxergas o bem, e vive tua vida por caminhos que dão ao infinito. Mãe, nunca medistes sacrifícios próprios em benefício dos interesses e felicidade dos teus filhos, filhos que sentem, hoje, pela extensão dos teus sofrimentos, e pelo profundo amor que dedicastes a eles, o tamanho do teu coração. A senhora, minha mãe, tem um coração lindo, eu mesmo já sabia, mas com o passar dos anos, o tempo me veio confirmar isso. É com essa imensa alegria de poder ter-te sempre entre nós, que espero todas as noites ter a felicidade de vê-la, pelo menor, em sonho, e adormeço acalentando uma doce saudade ou uma triste desilusão. O tempo passa e a senhora em nada mudou. Continua com o mesmo interior, com a mesma alma de sempre. Mãe, és a mesma santa que, apesar de tudo, ainda nos quer muito, e mesmo cansada e vivendo sob o peso dos anos constantemente, em suas preces, se volta para nos abençoar. O mundo seria diferente se todos compreendessem a dedicação e as renúncias de uma mãe, não podendo ser compreensível que tantos filhos ainda existam que com a ingratidão, a incerteza, o desamor, e o desrespeito ao sangue de seu sangue, vão tirando a vida daquela que lhes deu as suas. Hoje, no dia dedicado à sua imagem, sinto o teu espírito confortar o meu, e nas horas de recolhimento mais profundo estarei contigo à suavidade da graça e do silêncio. É bom ter mãe, ter esperanças, sonhar…
É em sonho que vejo, com os olhos da imaginação, já agora, após muitos anos, um leito e sentada nele minha mãe com o pranto a lhe correr, e assim chorando acalenta o filho adormecido, como o fazia quando ainda era uma criança:
Dorme minha eterna criança levada
Dorme, que a vida não se detém
Tua mãe está muito cansada
De tanta DOR que ela tem.
Catorze de maio de dois mil e dezessete. Dia dedicado às mães. Um sol de ouro se levanta sobre o mundo como que para saudar as vestais da vida. Quero, mais uma vez, agradecer-te minha querida mãe pelo tanto que me destes, e sentir tua presença amiga e protetora na ternura daquele derradeiro beijo seu. Hoje, sou eu, que quero te tranqüilizar num acalento de reconhecimento e de saudade:
Esteja tranqüila Mamãe e sem cuidado
Esteja certa de que a cada anoitecer
Teu filho sonha, mesmo acordado
Com esta mãe que sempre quis ter.
(Edmilson Mello, escritor)