Este conto eu tenho que te contar sem rimar com tricotar ou melhor fricotar
Diário da Manhã
Publicado em 14 de maio de 2017 às 02:12 | Atualizado há 8 anos
O conto é a narração falada ou escrita, que narra, às vezes, o engodo e o embuste. O conto tem começo, meio e fim. Narra o fato acontecido. O tricotar é fazer tricô e tem algo a ver com a novela e o novelo. A novela não tem princípio, nem fim, tem só o meio. Ela não começa nem acaba, como vemos nas novelas da TV Globo e nas outras. A novela narra o fato acontecido.
Depois, futricando o pensamento, julguei melhor substituir o verbo tricotar pelo verbo “fricotar”. Fui ao dicionário Aurélio – pai dos burros -, e li que existem o substantivo fricote e o adjetivo, também substantivo, fricoteiro. Fricote é a manha, o sextro, o dengue, o luxo, o chilique, porém, o Barcelona Futebol Clube, espanhol, criou, ontem, o verbo “fricotar” no jogo contra o Paris Saint-Germain, francês, no jogo de volta das 8ª de final conquistando a vaga nas 4ª de final da Liga dos campeões, temporada de 2016.
No primeiro jogo o time espanhol perdeu em Paris pelo placar de 4×0 e necessitava ganhar o jogo de volta com diferença de cinco gols para se classificar às 4ª de final. Eu seria mal-educado com as mulheres se mantivesse o verbo tricotar nesta novela, porque estaria ironizando as mulheres tricotas na arte do tricô, que “é executado nas mãos com duas agulhas onde se armam as malhas” com o significado de proteção em vestimentas de combate.
Contudo, o fricote do Barcelona durante o jogo terminou com o placar 2×0 para o Barcelona. O segundo gol foi gol contra do defensor francês, a anunciar o que seria durante o segundo tempo do jogo, que começou com o juiz marcando pênalti contra o time francês, no lance em que Neymar (cai mais do que corre) caiu sobre o defensor estirado na grama: 3×0. Lance seguinte, o jogador uruguaio Cavani, do P. S-Germain fez o único gol do time no lance mais bonito do jogo: 3×1. Neymar fez o 4º gol de falta inexistente com a bola passando sobre a cabeça do goleiro que a tina ao alcance das mãos.
Suárez, jogador treinado para “carimbar” os adversários dentro da área, fez o 5º gol de pênalti inexistente. No último minuto do tempo adicional de 5 minutos, o Barcelona fez o 6º gol, se classificando para as 4ª de final. A propósito dos pênaltis, é necessário comentar que o lance “bola na mão” foi abolido pela recente diretoria da FIFA, por pressão das multinacionais, patrocinadoras dos grandes times de futebol.
Hoje, só é válido o lance “mão na bola”. Esta regra faz com que os jogadores treinem “carimbar” os jogadores defensores dentro da área “cavando” o pênalti, hoje a jogada preferia do jogador Suárez como “cair” na área é a do jogador Neymar. Cavar o pênalti nos minutos finais do jogo é vitória certa para os patrocinadores do time vencedor, que deve ir a final do torneio como garantia dos investimentos. O patrocínio dentro e fora do campo envolve milhões de euros. É a pirataria dentro do futebol.
Vicente Feola, técnico da seleção brasileira, na Copa do Mundo, no Chile, no ano de 1962, viveu episódio famoso na crônica desportiva nacional e mundial, quando lecionava aos jogadores brasileiros o meio mais prático de enfrentar os russos, e, ouvindo a preleção, o jogador Garrincha, lhe pergunta: O senhor já combinou com os russos?…
Porque o que nos foi mostrado no campo de jogo entre o Barcelona e Paris Saint-Germain é a articulação perfeita entre jogadores, técnicos, auxiliares, juízes, empresários, industriais, monopólios internacionais que financiam o time Barcelona, obtém altos lucros com a manutenção do time no campeonato, fato que exclui a derrota do time antes da final multimilionária. Os aficcionados crédulos, sem malícia, ingênuos, que creem facilmente, dão entrevistas após o jogo idolatrando o Barcelona como o melhor time de futebol do mundo, e garantindo cadeira cativa remunerada, paga, para os jogos seguintes.
É inacreditável que o jogador Tostão, o melhor jogador que ví atuar em campo na minha vida octogenária, pela visão, e postura ética, movimentos simples e objetivos, hoje consagrado comentarista esportivo, escrever na sua coluna de 12 de março, 17, domingo, nada via do muito que enxergava (expressão elucidativa da escritora goiana, Rosarita Fleury), para afirmar “espetacular e inacreditável classificação” do Barcelona. Como a maior vítima da jogada “mão na bola”, que lhe reduziu a visão ocular e o afastou do futebol, Tostão deve comentar o momento regressivo do futebol mundial com o advento da nova regra que aboliu a “bola na mão”, atitude defensiva natura do ofendido pela carimbada.
Há, até agora, que eu tenha visto e ouvido, duas manifestações conta a pirataria no futebol atual: no final do jogo Atlético de Madri x Granada, dia 11-03-17, o canal Sport TV2 adverte: Patrocinadores e marcas desaparecem, torcedores desaparecem, as estrelas desaparecem e o futebol desaparece. E, aí a pirataria aparece o matando; a segunda diz que há reclamação do Tribunal Desportivo Europeu contra a futricagem futebolística atual.
(Eugênio Rios é advogado e contista)