Evolução feminina: mulher competente tem de ser feia?
Redação DM
Publicado em 5 de maio de 2015 às 02:13 | Atualizado há 10 anos
Nos bares, escolas, comércios, indústrias, universidades e em reuniões, a mulher era vista como símbolo da beleza e objeto das mais inesperadas e tocantes cantadas masculinas. Por meio de piadinhas, disfarces, jogadas ensaiadas pelo sistema, a mulher era vista e revista como mero objeto de cama, mesa e banho no tabuleiro da sociedade imediatista. Em tese, era uma cabeça vazia entro de um corpo siliconado, bombado, pois mulher nasceu para ser mero personagem da decoração. Depois da Revolução Industrial e sexual, a mulher mostrou que, além de um corpo bonito, pode ser valorizada pela sua inteligência, competência e ponto de vista superior.
Em suas faces de Eva e Dilma, Maria e Benedita, ela conquista seu espaço, como se o homem tivesse de bater continência para ela. Um novo ser habita o planeta e a mulher deseja ser mais que cantada, idolatrada e sonhada. Dizem que o grande sonho de toda mulher é ser mãe, mas ela deseja muito mais da vida. Sabe perdoar, amar, negociar, ser agente de transformação e aposta que pode ser linda, cheirosa e competente ao mesmo tempo. Mulher de todos os quadrantes e condições sociais. Mulher competente e linda, cantada por sua postura, cultura, candura, diploma universitário e projeto de vida. Mulher industrial, social, passional e ao mesmo tempo jogadora de futebol, sedutora, professora. Bela, a Natureza a fez com perfeição; inteligente e competente, ela escolheu por seu esforço e competência.
A nova deusa digital não deseja roubar o lugar do homem e sim andar ao lado dele, com amor, boa vontade, discrição, amizade, respeito. Mulher que leciona, dirige carros, conserta móveis, eletrodomésticos, sistemas, residências. Mulher de todos os signos e destinos, mostrando talento em tudo que faz. Não se faz mais anedotas ancestrais quando ela era criada para sobreviver como prostituta, vendendo o seu belo corpo para os homens sedentos de carinhos e emoções. Mulher vereadora, deputada, governadora, presidente e até policial, sem esquecer o batom ou o brinco da moda. Uma deusa alada, juntando beleza e talento na mesma pessoa digna, gerada por Deus na cosmogonia da evolução. Pode tanto ser centroavante do time de várzea ou gerente do banco privado, misturando os genes da espécie libertadora. Ela não é um homem, que se modernizou, e nem um homossexual, que vingou nas relações humanas. Ela é sensível na medida certa, mas se preciso pode ate dar um tapa no seu agressor. Quem assistiu ao filme Assédio Sexual, com Demi Moore sabe da mensagem que estou passando. Mulher, gostosa sim, mas com talento, envolvimento e determinação. Um novo animal na selva de pedra, uma dama que se faz de vitoriosa, seja a professora Geracy Sotero, em Trindade, ou Raquel Santos, operária na Paraíba. Antes só havia lugar, para ela, na página central da revista masculina; hoje, ela mesma ajuda a editar a revista, como designer, repórter, fotógrafa ou produtora.
A sua pele é tão valiosa como seu cérebro, e seu nome é citado nos exemplos de Marta Suplicy, Elizabeth Caldeira, Lúcia Vânia, Regina Duarte, Maureni Siqueira, Sueli Pereira, Rita Camata, Ivete Sangalo, Fernanda Montenegro, Dilma Rousseff, Ana Cláudia Carvalho, Gina Barros, Oníria Guimarães, Sônia Braga, Marina Silva. A mulher acordou para sua realidade e conquistou o seu espaço como no futsal ou futebol, com Letícia Lima, Dyenne, Andreia Bastos, Karolina Batista, Marta e um time inteiro de deusas produtivas e talentosas. Bonita e competente, sim senhor. Mulher cheia de curvas e grandes ideias, não sendo agora vista apenas como mercadoria de secos e molhados no comércio da esquina. Sem preconceito, pode-se dizer que os homens de hoje serão as mulheres de amanhã. Quem disse que beleza não pode ser sinônimo de grandeza, transparência, competência e rara decência? Mulher bela e vencedora, não só para pilotar um fogão, mas para dirigir o mundo em que vivemos. Antes, ela só aparecia no comercial de cerveja, agora ela toma cerveja com seu próprio dinheiro e com quem quiser. E os homens ficam tontos com essa nova mulher. Gostosa sim, mas muito talentosa. Marcella Carrijo pega um microfone e mostra que além de curvas nobres tem uns neurônios valiosos e selecionados. Quem disse que só mulher feia pode ser competente errou feio.
(José Carlos Vieira, escritor, jornalista do Jornal Folha da Cidade, Rio Verde)