FALÁCIA IMAGÉTICA
Redação DM
Publicado em 17 de outubro de 2015 às 22:55 | Atualizado há 6 mesesNanda Stefani é Artista plástica e Arte educadora. Graduada em Desenho Industrial, é licenciada em Educação artística. Cursou “Iniciação à literatura poética” no Museu Lasar Segall. Foi jornalista fotográfica no Estadão, atuou com Hélio Campos Mello e com Márcio Scavone. Freqüentou o atelier de Mário Gruber, pintor renomado. Foi assistente de Paulo Calazans e aluna do Mestre Lóris Foggiatto (pintor impressionista que estudou com Aurélia Cavalcanti, Durval Pereira e Colette Pujol). Freqüentou a APBA, participando dos estudos de observação, retrato e nu artístico. Ao longo de seu desenvolvimento passou a pintar desenhos próprios, criações que há muito vinham amadurecendo.
Sua pintura tende ao cubismo, surrealismo, fauvismo (movimento artístico onde é explorada ao máximo a expressividade das cores nas representações pictóricas). Fez três exposições na Itália sobre mitologia grega, participando da elaboração do projeto, dos textos, da execução e da recepção.
Desenvolveu trabalho sobre folclore brasileiro “Miscelânea brasileira”, expôs nos espaços culturais do banco Santander e da Câmara Municipal do Guarujá. Um de seus quadros (“Miscelânea bradileira”) foi capa de livro sobre literatura brasileira de William Cereja em 2013. Realizou Workshop lúdico de desenho “Compondo e decompondo” no Sesc pinheiros e Workshop lúdico Cubista na ArteAcademia. Lecionou Artes em algumas escolas estaduais.
Poemas e telas da artista plástica e poetisa Maria Fernanda Duarte e Silva – Nanda Stefani. (Santos – SP), residente em Guarujá – SP.
RENASCIMENTO DE VÊNUS
E o vento me soprou
Assim, desci a serra.
Colina abaixo.
A floresta densa cobriu,
com seu manto verde acobreado,
minha nudez pálida.
Regurgitei minhas formas acetinadas,
traçadas em linhas curvas, a minha indecência.
Entre os rubros cálices dos antúrios,
confortei meu gesto indigesto.
E do meu ventre , a semente do meu aborto,
cuspido do pistilo, serpenteou.
E pediu , com seu amarelo impiedoso, o meu avesso.
E eu, complacente , na placenta do meu orgulho
gerei- me filha da volúpia.
Com a cor do decoro, nos azuis turquesas,
nasci meio bicho, meio moça.
PEQUENAS
A rede é grande
e sou pequena,
caberiam muitas pequenas na minha rede,
dai a rede seria uma grande rede de pequenas.
Pequenas que crescem aos olhos de um astuto predador.
Um emaranhado de figuras sedutoras,
palavras naufragadas em recifes de corais coloridos,
presas em redes submersas,
pequenas presas em grandes redes,
de um ardiloso pescador.
MENINONÇA
Menina moça,
onça louca, selva e solta,
salta mansa, no remanso,
em organza.
Vestida toda, ruiva e rouca,
na pele de ametista, odor de almíscar,
tola e marota, suave revolta,
Meninonça,
sonsa, quase e solta,
quase moça.
A GUEISHA
Escrever nas linhas do horizonte,
Onde cegos tocam com as veias.
E as teias do infinito traçam destinos,
Num universo mudo e mutável,
Onde os pálidos tingem barreiras,
Com pincéis de pelo de camelo,
E o som é uma constante…
No mar que alimenta os surdos.
EROS E PSIQUE
E o imagético surge, do concreto ao abstrato,
Basta pintar com pincéis velhos e pouco pão,
Um sonho…, um olhar perdido,
E as tintas, como bolhinhas de sabão.
Um sorriso na face oculta, surge da luz da lua.
Mas o sonho é um parquinho de diversões,
Com carrosséis coloridos e cavalinhos de algodão,
Como figurinhas que surgem nas nuvens fofas.
E, com seus dedos finos e longos,
Tocando um som suave de doce melancolia,
Meticuloso em tirar sutil melodia
Da beleza clara e fugaz da sombra.
DAVID
Meus olhos já não atingem mais,
a pureza que já tanto faz.
Meu semblante jaz vazio,
em uma taça cristalina,
por onde atravessam
os raios rúbios, sem mais.
A página Oficina Poética, criada e organizada pela escritora, acadêmica Elizabeth Abreu Caldeira Brito, é publicada aos domingos no Diário da Manhã. Esta é a 190ª edição (desde 8/1/2012). [email protected]