Opinião

Feira da Lua e Feira do Sol

Diário da Manhã

Publicado em 17 de maio de 2016 às 02:37 | Atualizado há 9 anos

Mui­tos anos se pas­sa­ram e as fei­ras con­ti­nuam co­mo sím­bo­lo de tra­di­ção no co­mér­cio po­pu­lar em to­do o mun­do, e em Go­i­â­nia não é di­fe­ren­te. Por aqui con­ta­mos com 160 fei­ras, en­tre li­vres, es­pe­ci­ais e Cen­tros Po­pu­la­res de Abas­te­ci­men­to e La­zer – Ce­pal. Fei­ras li­vres são as de hor­ti­frú­ti; as es­pe­ci­ais, por sua vez, são aque­las em que são co­mer­cia­li­za­das rou­pas, ar­te­sa­na­tos, aces­só­rios etc.– con­tan­do ape­nas de quar­ta a do­min­go – são mais de 20 fei­ras es­pe­ci­ais que mo­vi­men­tam os qua­tro can­tos da ci­da­de. Mui­ta gen­te con­fe­re as no­vi­da­des em rou­pas, ar­te­sa­na­to, cal­ça­dos, ele­tro­e­le­trô­ni­cos, gas­tro­no­mia po­pu­lar e to­da a va­ri­e­da­de de pro­du­tos e ser­vi­ços ofe­re­ci­dos.

As fei­ras de Go­i­â­nia são es­pa­ços pú­bli­cos ce­di­dos pe­la Pre­fei­tu­ra pa­ra ex­plo­ra­ção co­mer­cial. A mai­o­ria de­las já exis­te há mui­tos anos e foi fru­to de uma ma­ni­fes­ta­ção da so­ci­e­da­de lo­cal.

Que­ro nes­te ar­ti­go abor­dar du­as fei­ras es­pe­ci­ais que são pon­tos de re­fe­rên­cia pa­ra es­te ti­po de ati­vi­da­de eco­nô­mi­ca e tu­rís­ti­ca, que atuam em um mes­mo se­tor (o Oes­te) e em di­as pró­xi­mos (sá­ba­do e do­min­go).A pri­mei­ra é a Fei­ra da Lua. De acor­do com a pre­fei­tu­ra, es­ta é a se­gun­da mai­or mos­tra da ca­pi­tal go­i­a­na (a pri­mei­ra é a tra­di­cio­nal fei­ra Hip­pie) e con­ta com mais de no­ve­cen­tos ex­po­si­to­res. Cer­ca de 10 mil pes­so­as pas­sam pe­lo lo­cal a ca­da sá­ba­do. Os vi­si­tan­tes da fei­ra en­con­tram uma gran­de va­ri­e­da­de de pro­du­tos, de rou­pas a pro­du­tos mís­ti­cos, pas­san­do, é cla­ro, pe­las fa­mo­sas bar­ra­qui­nhas com pra­tos tí­pi­cos da cu­li­ná­ria go­i­a­na.

Ali­men­tos que, além de gos­to­sos, são sa­u­dá­veis – to­dos os pra­tos são pre­pa­ra­dos me­di­an­te con­tro­le e fis­ca­li­za­ção da vi­gi­lân­cia sa­ni­tá­ria mu­ni­ci­pal. A fei­ra foi cri­a­da em 29 de de­zem­bro de 1992, quan­do o po­der pú­bli­co ce­deu aos ape­los de ex­po­si­to­res que não con­se­gui­am va­gas na Fei­ra da Pra­ça do Sol. Cer­ca de no­ve­cen­tos e cin­quen­ta ex­po­si­to­res fa­zem des­ta mos­tra a se­gun­da mai­or da ca­pi­tal go­i­a­na. Re­a­li­za­da aos sá­ba­dos na Pra­ça Ta­man­da­ré, é di­vi­di­da ao meio pe­la Ave­ni­da As­sis Cha­te­a­u­bri­and. A ala de ves­tu­á­rio é uma das mais pro­cu­ra­das já que é no­tó­rio o ex­tre­mo bom gos­to e a qua­li­da­de das pe­ças co­mer­cia­li­za­das. As bar­ra­cas do se­tor de ali­men­tos vêm em se­gui­da, com do­ces, tor­tas, sal­ga­dos, su­cos, pra­tos tí­pi­cos da co­zi­nha go­i­a­na, que com­põ­em o car­dá­pio des­ta área. A se­to­ri­za­ção da Fei­ra ocor­re com­bi­nan­do co­res das lo­nas das bar­ra­cas com os pro­du­tos ven­di­dos. A gran­de ala dos ar­tis­tas plás­ti­cos ocu­pa uma das cal­ça­das da ave­ni­da que a se­pa­ra ao meio. Ne­la tam­bém se en­con­tra uma enor­me quan­ti­da­de de pro­du­tos mís­ti­cos.

Ou­tra im­por­tan­te fei­ra é a do Sol, lo­ca­li­za­da em uma das par­tes no­bres da ci­da­de, a fei­ri­nha tem um cli­ma fa­mi­liar e agra­dá­vel. Foi cri­a­da em 1º de abril de 1990. Na fei­ra do Sol po­de­mos en­con­trar rou­pas, aces­só­rios, cal­ça­dos, co­mi­da pa­ra to­dos os gos­tos e até ca­chor­ri­nhos.

Pa­ra quem gos­ta de uma fei­ra du­ran­te o dia a Fei­ra do Sol acon­te­ce aos do­min­gos e é o lo­cal per­fei­to pa­ra quem gos­ta de co­mi­das di­fe­ren­tes, com bar­ra­cas de co­mi­da e va­ri­e­da­de in­crí­vel co­mo yakis­so­ba, bur­ri­tos, san­du­ba de per­nil e ou­tros, além de pas­tel, chur­ras­qui­nho e do­ces.

A Fei­ra do Sol sur­giu de uma ideia ino­va­do­ra: um gru­po de pin­to­res e ar­te­sã­os pre­ten­dia mos­trar à po­pu­la­ção co­mo eram pro­du­zi­das as pe­ças ar­te­sa­nais e as pin­tu­ras em te­la ao ar li­vre. Des­se en­con­tro se­ma­nal de ar­tis­tas na Pra­ça do Sol sur­giu a fei­ra que le­va o mes­mo no­me. Por lá, os vi­si­tan­tes en­con­tram bar­ra­qui­nhas de ali­men­tos, ves­tu­á­rio, bi­ju­te­rias, an­ti­gui­da­des, flo­res e ar­te­sa­na­to. A co­mer­cia­li­za­ção de pro­du­tos in­dus­tri­a­li­za­dos é pro­i­bi­da. Ou­tra atra­ção da fei­ra que cha­ma bas­tan­te a aten­ção da cri­an­ça­da é a co­mer­cia­li­za­ção de fi­lho­tes de cã­es.

Es­tas du­as fei­ras são, por­tan­to, im­por­tan­tes pa­ra a ci­da­de. Te­nho ou­vi­do a opi­ni­ão de mui­tos mo­ra­do­res do Se­tor Oes­te so­bre pro­ble­mas de ocu­pa­ção, de­gra­da­ção e trân­si­to na pra­ça do Sol, o que me fez pro­por ações, as qua­is jul­go co­e­ren­tes.

A Pra­ça Ta­man­da­ré ofe­re­ce me­lho­res con­di­ções de es­pa­ço e mo­bi­li­da­de ur­ba­na, além de es­tar a cer­ta dis­tân­cia da vi­zi­nhan­ça re­si­den­ci­al, já a Fei­ra do Sol es­tá fi­can­do pe­que­na pa­ra seu pú­bli­co, além de ge­rar gran­de im­pac­to de trân­si­to e vi­zi­nhan­ça.

O que pro­po­nho e apre­sen­to ao de­ba­te da co­mu­ni­da­de se­ria a pro­pos­ta da trans­fe­rên­cia da Fei­ra do Sol pa­ra a Pra­ça Ta­man­da­ré, con­ti­nu­an­do a fun­cio­nar no do­min­go mes­mo. Me­lho­ra­ria as con­di­ções de es­pa­ço; apro­vei­ta­ria a in­fra­es­tru­tu­ra que a Pre­fei­tu­ra po­de­ria ofe­re­cer, tais co­mo ba­nhei­ros pú­bli­cos, de­co­ra­ção na­ta­li­na, en­tre ou­tras, além, é cla­ro, de ofe­re­cer con­di­ções mais fa­vo­rá­veis de tran­spor­te e aces­si­bi­li­da­de.

Além dis­so, pro­po­mos a re­vi­ta­li­za­ção da Pra­ça do Sol, pa­ra que re­as­su­ma o sen­ti­do de “Pra­ça” de la­zer da co­mu­ni­da­de, com pon­tos es­tru­tu­ra­dos de lan­ches, cul­tu­ra e es­por­te, co­mo con­vém a to­das as pra­ças.

Apre­sen­to as su­ges­tões pa­ra o de­ba­te.

 

(Ga­ri­bal­di Riz­zo, ar­qui­te­to e ur­ba­nis­ta, pre­si­den­te do Sin­di­ca­to dos Ar­qui­te­tos e Ur­ba­nis­tas de Go­i­ás, con­se­lhei­ro ti­tu­lar do CAU-GO)

 

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