“Fraternidade e superação da violência”
Diário da Manhã
Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 21:27 | Atualizado há 7 anosO tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2018 será “Fraternidade e superação da violência”, tendo como lema Em Cristo somos todos irmãos (Mt 23,8), é um tema oportuno para que possamos refletir, tendo em vista o alto grau de complexidade que o tema sugere. A violência perpassa por vários caminhos, cujos leques desastrosos remetem-se às especificidades no contexto humano, com prejuízos para fauna, flora, enfim para a vida. São aspectos que convergem para um mundo violento, onde as pessoas não têm mais liberdade, estão enclausuradas dentro de seus lares. Assim, pode-se refletir o tema da Campanha da Fraternidade nos três 3 eixos: histórico-antropológicos, sócioestruturais e as manifestações da Violência na sociedade.
A violência na convivência humana – é constatada pela cultura da negação do outro, dos individualismos, ausência de oportunidades no trabalho, nas escolas, no meio sociocultural etc.; A violência nas estruturas sociais são oriundas da economia/mercado, da acumulação do capital, do consumo, da desigualdade e da violação dos direitos fundamentais; A Violência manifestada na sociedade – Aqui são enumerados os mais variados tipos de violências que assustam o mundo. É revestido de dor, do descontrole social, que promove a desordem contagiante no mundo das drogas; da criminalização; da discriminação do pobre, do negro; dos povos indígenas, das mulheres vítimas de violência doméstica; do feminicídio; da exploração sexual e tráfico humano, para o trabalho; Violência no contexto urbano (conflito pela terra); Intolerância de raça, gênero e religião; violência verbal; violência no trânsito.
Neste contexto, coloco a mulher no universo dos mais variados tipos de violência. Quando se fala em violência contra a mulher é importante salientar que essa violência existe em vários níveis, presentes não só em textos legais, mas também em textos de mídia de um modo geral. Paralelamente a historia da humanidade, escreve as historias de lutas das mulheres; história obscurecida e também construída por mulheres que estão situadas no pólo subalterno das relações de poder. Assim, na dicotomia “masculino-feminino” a primazia é dada ao homem e a mulher passa a ser julgada, vitimizada, por ocupar um espaço que ainda nem tem e que é sinônimo de fragilidade.
Vejo que este tema da Campanha da fraternidade é o chamado que todos nós precisamos ouvir. O chamado que somado a tantos outros, tende a ser ouvido. O fenômeno da violência contra a mulher ocorre nas sociedades há milhares de anos, entretanto, demorou-se a tornar conhecido pelo fato de que, em sua maioria, acontece principalmente no âmbito privado. Abre-se então um leque de reflexões sobre esta questão, dentre elas: porque será que quando consegue denunciar a violência da qual foi vítima, a mulher muitas vezes desiste, solicita a retirada da queixa? A Secretaria de Políticas para as Mulheres está solidária à Campanha da Fraternidade para somar voz, para dizer que todas as situações mediadas pelas graças de Deus, tendem a encontrar o caminho da paz. Como cristãos precisamos rever nossos conceitos de forma constante e abraçar as causas de mudanças que promovam um mundo melhor e mais fraterno.
(Célia Valadão. Secretária Municipal de Políticas para as Mulheres, Cantora, Bacharel em Direito)