Opinião

Freud, a mulher e o clitóris

Redação DM

Publicado em 29 de janeiro de 2017 às 00:40 | Atualizado há 8 anos

A minha querida editora, a pacienciosa Meyrithania, puxa a minha orelha sobre os títulos dos meus artigos, considerados por muitos como apelativos, mas, como já afirmei inúmeras vezes, não sou um escritor, sou apenas um escrevinhador que depende das coisas que ocorrem no cotidiano e, além disso, creio que nada, absolutamente nada, acontece por acaso. Eu nunca havia assistido, sequer um segundo, do programa “Amor e Sexo”; entretanto, na última quinta-feira, não me contive quando, ao passar pelo canal da Globo, vi uma artista com um vestido estampado com um enorme clitóris – como mencionei nos artigos “Sobre o clitóris” e “Sobre o clitóris, novamente”, publicados aqui, neste matutino vanguardista, em 2016, as duas formas são corretas – então, o clitóris – prefiro com o acento agudo, parece-me soar mais charmoso, ou melhor, charmosa – com suas mais de 8 mil ramificações nervosas foi estampado como raios dourados e, mais, ela cantava uma música ridicularizando um dos fundamentos dos conceitos psicanalíticos do “criador da psicanálise”, Sigmund Freud, os complexos idiossicrasicos, especificamente a “inveja do pênis”. A artista salientou, na tal musiqueta, que a mulher é dotada de um órgão cujo propósito exclusivo é proporcionar-lhes prazer. Vigi Maria! Se alguém tivesse que ter inveja, a chamada “inveja verde” seriamos nós, os homens! Mas, acontece que Freud estava falando de outra coisa, senão, vejamos no próximo parágrafo. Ei-lo:

Sigmund Freud, ou melhor, suas teorias, suas descobertas, revolucionaram o mundo e os meus conceitos sobre a vida e até Deus quando eu era um moleque, 15 anos! Apaixonei-me de tal forma pela Psicanálise que aos 20 anos já tinha lido tudo de Ronald Laing e Jean Paul Sartre que, por sinal, prefaciou um dos livros mais pequenos e difíceis do Laing com o Cooper, intitulado: “Razão e Violência”, aonde Sartre adverte, no longo prefácio, que embora o livro seja pequenino, será muito difícil de ser lido e compreendido. Realmente, a “grossura” do livro não passa do dedo mínimo. Bem, vou colocar as lentes intraoculares daqui a pouco. Se a minha visão for restabelecida comprometo-me escrever uma série sobre o tema.

O misericordioso leitor sabe muito bem o quanto detesto ditados populares que, na verdade, não são sínteses da sabedoria divina. Um deles afirma que por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher. Ora, qualquer pessoa mediana pode interpretar mal tal posicionamento. A tal mulher não deveria estar ao lado do homem? É… para quem sabe ler, realmente, um pingo não é uma letra, é apenas um sinal, por sinal, um sinal desnecessário. Até.

 

(Henrique Dias é jornalista)

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